A volta
Aproximou-se da estação caminhando lentamente pela plataforma. Queria que o trem tivesse a velocidade do vento e não do tempo que parecia estacionado em algum lugar no meio do caminho. Jogou o jornal na lixeira, e olho de novo as horas. Atraso de novo. Sentiu o estômago dialogar com a fome e a lembrança da casa vazia passou diante de seus olhos. Não haveria a mesa posta, a cama arrumada e o perfume dela espalhado na sala quando chegasse em casa. O chão tremeu anunciando a vinda. Voltou de suas lembranças e embarcou no meio da multidão que se apertava no vagão com medo de ficar. De repente, queria que a viagem tivesse o destino inverso, e já não queria mais voltar. Mas era tarde. Ao longe avistou o começo da rua que o levaria para a sua solidão. E ao virar a esquina, o coração disparou ao ver a luz acesa atravessando a janela de vidro. Abriu a porta devagar e sorriu ao sentir de novo o perfume suave que há tempos não sentia...