CRISE NO PONTO DE ONIBUS

NO PONTO DE ONIBUS

Emengarda vira e mexe barulha a cabeça de seu amado.

Pôr qualquer motivo ou contrariedade enciúma-se e a sua reação tem assinatura própria.

Se o coitado vai sair da garagem, bem vou explicando em frente o portão existe um ponto de ônibus.

Coincidentemente ou não quando ele sai com ela ao lado e se tem passageiras no dito ponto, ela entra em estágio de crise:

- Você está olhando para elas velho safado... E se não tem ninguém ela arremata:

- Mas que ontem você olhou, olhou...

A conclusão da estória e sempre a mesma. Ao voltar para casa corre ao armário do casal pega as roupas deles que acabaram de ser passadas e joga fora.

Primeiro jogava pela primeira janela aberta, mas agora que lá foi inteligentemente colocada uma grade, ela a joga para o lado mais fácil.

Depois de ânimos acalmados, as roupas voltam devagarinho peça pôr peça, todas elas amarrotados, principalmente as camisas de linho puro quando bem passada é uma belezura. As roupas ficam ali guardadas até a próxima crise, três a quatro dias no máximo. Crise é crise e roupa no mato.

Não é que de tanto repetir esse fato que o marido resolve comprar para o uso das roupas dele um guarda-roupa. Imaginem o que aconteceu quando ela percebeu o ocorrido e não tinha mais roupas do amado para serem jogadas foras, ela encheu sacolas com endredons e lençóis mandando-lhe junto um recado:

- Agora é pra valer estamos separados...

Goiânia, 14 de fevereiro de 2011.

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jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 09/11/2013
Código do texto: T4563397
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