RONDAS DE UM FANTASMA
(CONTO ESTÁTICO SOB A FORMA DE TROVA)
NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 17 DE OUTUBRO DE 2013
Ofereço a Tânia Meneses,amiga querida do Recanto das Letras
Um fantasma de si mesmo
triste fantasma encarnado
em fria tarde, a esmo,
lembrava do próprio rosto
que perdera há tanto tempo
e se olhava, descarnado,
nas águas do fundo lago
no centro do bosque em torno.
Em verdade, não havia
nem bosque nem lago fundo.
Havia só pensamento
e o coração perplexo
de um fantasma encarnado
que perdeu o próprio rosto
no espelho de outro rosto
e agora jaz, descarnado
de si mesmo, há tanto tempo,
no centro do bosque em torno
imagem no fundo lago
que se esvai, só pensamento
de um fantasma que não olha
que não vê, que não deseja
bosque, lago, rosto, espelho,
que de mais nada se lembra
que do Amor não mais se lembra
triste fantasma perdido
dos rostos que tenha tido
na sina de Amor, medonha
mais medonha que se tenha,
pobre fantasma sem rosto
no centro da noite erma
de Lua, estrelas, conforto
pobre fantasma sem rosto
sem inveja de algum outro
que alguma vez tenha tido
pobre fantasma tão morto.
Fantasma, como te entendo
essas rondas, esse círculo.
Também se move, assim lenta,
esta morte em que me vivo
esta morte que me move
a mim, diversa de ti,
assim Memória que sofre
só Memória que não morre.
Tudo é Presença e morte
na vida que já não vivo
no presente que não vive.
Fantasma, como te entendo!
Entendo porque te sou
fantasma, mas, não te sendo:
Memória e Presença vou
vou também esquecimento
mas, nunca Esquecimento
que o rosto do meu Amor
luz e sombra, lume, Dor,
na vida erma, O Lamento.
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19/10/2013 12:15 - Nathalicio
Triste trova!
Triste lamento!
Mas a vida se renova.
São apenas tristes momentos.
A vida é uma criança.
Não podes deixar apagar
a chama da esperança.
Boa sorte vou te deixar!
Uma bela tarde, amiga! Carinhoso abraço meu!
Para o áudio: RONDAS DE UM FANTASMA - ZULEIKA DOS REIS (A15811678)
Obrigada, caríssimo Nathalício.
Meu abraço grande,
Zuleika.