O "VELHO" PROFESSOR

Um professor, já aposentado, ao revirar suas coisas encontrou uma fotografia, já amarelada do dia em que se formou. Em preto e branco, reviu o momento em que recebia o diploma: “Quantos sonhos, vontade de lecionar, orgulho por ser professor”.

Lembrou-se das primeiras turmas, das muitas maçãs, dos abraços dos pais agradecidos, das muitas aulas extras com objetivo de “reforçar” os alunos que não conseguiam acompanhar o ritmo diário: “Quantas vitórias e abraços dos que conseguiam; Quantas conversas em particular, com palavras de incentivo com os que não conseguiam”.

Lembrou-se ainda, da falta de condições para o trabalho. Das muitas vezes que precisou “Tirar do próprio bolso” o giz, o caderno e livros; e de quantas vezes visitou os alunos que se ausentavam da escola. Sentiu outra lágrima ao lembrar dos que se perderam no caminho.

Até que seu rosto ficou sério. Engoliu um seco ao rever em pensamentos, as cenas dos últimos anos. Instintivamente, pôs uma das mãos no rosto; do mesmo lado em que sentiu o soco de um dos alunos, que insistia falar ao celular durante a aula. Balançou a cabeça negativamente ao lembrar como foi tratado pelos pais do menino. Pôde ouvir, de novo, os gritos de “Velho babaca!”.

Até que voltou a sorrir. É que na verdade, ainda hoje ao reencontrar os antigos alunos, ouve palavras de agradecimento e recebe abraços e carinhos. Decidido, olha mais uma vez para a fotografia e diz em voz alta: “Graças a Deus, sou um professor”.

Nota do autor: Este conto é dedicado aos professores, a quem agradeço pelo tempo, amor e dedicação. Em especial: Professor Ronilson, Nina Costa e Schneider.