A mulher da janela

 
Todas as vezes que a mocinha passava diante daquela casa e uma senhora estava à janela, ela percebia que a mulher a olhava de modo intrigado. Incomodada com a situação, um dia comentou com sua mãe. Ficou sabendo que a tal mulher tinha sido namorada de seu pai. Namorada à moda antiga, quer dizer, apenas trocavam olhares. E não passou disso, porque logo depois ela se mudou para a capital. Quando voltou, anos mais tarde, o ‘namorado’ já estava casado, com família constituída. Depois faleceu precocemente. Decerto ela desconfiava que a moça fosse filha dele, por isso a olhava daquele jeito.

A vida continuou e um dia o irmão dessa moça teve que fazer uma operação e foi hospitalizado em São Paulo. Quando se recuperava, numa tarde quente de verão, estando a porta do quarto aberta, eis que passa uma senhora e olha assustada: Você é filho do Fulano? É a cara dele! Confirmada a suspeita, todos os dias o rapaz passou a receber visita daquela senhora, que sempre lhe trazia um pratinho de comida gostosa.

Por coincidência, nesse meio tempo a mulher da janela tinha misteriosamente sumido...