gaiola

Gaiola

Outro dia de outra semana de um mês qualquer me atentei para algo advindo de experiência ímpar. Ao sair de um lugar voltei lá para encontrar-te, pois aquele local da cidade era nosso ponto de encontro comum. Com esperanças em vê-la entrei naquela multidão e a procurei ao querer reencontrá-la em meio aos vendedores de rua, veículos, bichas em terminal rodoviário, cheiro de enxofre, gás carbônico, mendigos (as) menores abandonados, drogados e olfato de frituras. Nada! Você não estava lá, e toda minha busca desesperada entre idas e vindas repetitivas naquele microcosmo foi-se em vão. E triste, deprimido, veio-me à mente o pensamento em forma de sentimento desesperador/esclarecedor: O amor é livre. O que fiz ao procurar-te, então? Estático, sisudo, aliviado e com aspecto de pessoa morta em pé caí em mim. Percebi, ao pensar tal coisa, que não te amo mais, pois quis reencontrá-la para aprisioná-la, enfim. E tolo apercebi-me com o mesmo sentimento possessivo que tu tinhas diante de mim, que me corroía e maltratava-me. Ao sentir-me livre dos meus/teus sentimentos confusos, perturbados e perturbadores, coloquei as mãos no bolso a sair pelas calçadas a assobiar, feliz. É muita boa a sensação do homem liberto. Ainda lembro-me das tuas palavras: Quem ama tem ciúmes, cuida e protege. E protegido fui embora sem o peso nas costas de ter ignorado por quase um ano alguém que hoje, livre, não me amou.

Aetatis Kyon Bozó Paçókos
Enviado por afroditevil em 14/10/2013
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