O SORRISO DE DEUS

Aconteceu numa manhã de primavera. O cenário, um coletivo que transitava por uma das principais avenidas da cidade Olímpica. Sentada num dos bancos da parte traseira, Sara curtia do filho, Tomas, de seis meses. O destino: consulta de rotina no pediatra. Foi quando o ônibus parou num dos pontos, gente saindo e gente entrando até que um rapaz, sujo, roupas maltrapilhas, com forte odor e olhar perdido, jogou-se literalmente para o interior do carro, caindo próximo de Sara. Um misto de medo e preocupação tomou conta da mãe. O homem parecia estar drogado. Depois de alguns segundos deitado levantou-se com dificuldades e sentou-se num banco próximo de Sara. Alguns se levantaram com as mãos no nariz; outros abriram as janelas. Sara só pensava na segurança do filho.

Até que...

Num repente inusitado, Tomas olhou em direção onde estava o “zumbi humano” e espontaneamente passou a sorrir. Sara tentou conter o bebê, mas Tomas insistia em virar o corpinho para o lado do rapaz e movimentar os bracinhos. Aos poucos a cena chamou a atenção de outros passageiros; o rapaz, antes cabisbaixo, lentamente levantou a cabeça, olhou para a criança e timidamente também sorriu. Tomas respondeu com uma gostosa gargalhada, acompanhada por todos que assistiam a cena, e por um momento esqueceram as diferenças e comungaram a alegria promovida pela criança.

Até que o rapaz, levantou, acionou o sinal e desceu do ônibus, deixando Sara e os passageiros em lágrimas e Tomas com seu sorriso, ou melhor, com o sorriso de Deus que mudou a vida de todos que viveram aquele momento especial.