Amor à primeira vista

Fabiana sobe a escadaria do prédio, segue por um longo corredor e entra na porta ao lado. Apressada, quase que correndo, já dentro da biblioteca, esbarra num senhor já grisalho e de suas mãos caem alguns livros. Ela mais que depressa se dobra para o chão e junta os livros ali esparramados, entregando-os e ao mesmo tempo se desculpando pelo seu descuido. Ao para aquele homem olhar, de imediato uma sensação estranha invade todo seu corpo. Aquele homem, que em nada se alterou pelo leve acidente de percurso da moça, para ela olha e lhe sorri, dando a entender que não foi nada de grave.

Naquela noite Fabiana não consegue dormir, a sorridente e charmosa imagem daquele homem não lhe sai do pensamento. Quem será ele, pensa ela com seus botões.

Passam-se os dias e eis que Fabiana retorna à biblioteca para devolver os livros, na esperança de rever outra vez aquele leitor.

Ao entrar, logo o vê sentado numa mesa num canto jogando xadrez, provavelmente seu oponente deve ser um seu amigo, imagina.

Após haver feito a devolução, por ele passa e vai direto para a prateleira desejada. Dali retira um romance e outro livro de contos. Ao fazer menção de voltar-se e circular um pouco mais por ali, para ver outros títulos, pasmem! é ela outra vez que esbarra nele, é ele outra vez que atravessa seu caminho. Ela está ali incrédula, mas desta vez ele está sem livros nas mãos e portanto, nada a lhe cair. Ele para ela olha, um olhar profundo, compenetrado e diz: parece que o destino existe...após alguns instantes ela ainda meio atordoada, murmura alguma coisa e dali sai. Nesse momento, não sabe ela como reagir, mas ele a segue e pergunta: Qual seu nome? Fabiana, diz. O meu é Jorge, prazer, podemos conversar um pouco? Com o coração acelerado ela responde, sim. E assim seguem os dois conversando animadamente parecendo amigos de longa data. Imagino, que o assunto primeiro deva ser sobre literatura...será que o encontro casual dos dois foi mesmo o destino que lhes proporcionou? Amor à primeira vista?