Há Quarenta Anos.
"Se passaram quarenta anos desde a última vez que nos vimos, e, para mim, parece que foi ontem. É como se eu pudesse ver você subindo naquele ônibus rumo à cidade grande, apenas procurando uma vida digna. A pior coisa que já fiz em minha vida, foi deixa-la partir. Você aparentava tão crente de todos os seus desejos. Será que você conseguiu realizar todos os seus sonhos? Talvez agora você seja uma mulher bem sucedida e muito bem de vida e a única coisa que queira lembrar seja de um antigo amor como o nosso.
Quarenta anos desde o último toque de mãos. Talvez sua pele já não esteja tão radiante quanto da última vez. Talvez seus cabelos já não estejam escuros como eram. Ainda sinto cada fio em minhas mãos.
Lembro-me das tardes do verão do ensino médio em que íamos para o riacho próximo à escola. Aqueles momentos foram inesquecíveis para mim, assim como nosso amor adolescente.
Talvez você já esteja casada, com seus filhos já crescidos. Eu não me importo e não quero saber. Quero te sentir novamente, como naquelas tardes de verão em que o sol batia radiante em nossa juventude. Nossos pés roçavam a água que ia renovando com a correnteza.
Me dê apenas um motivo para que eu posso esquecer este amor. Este motivo não existe, pois eu sei que ainda me ama. Eu sei que ainda podemos viver um romance jovem, mesmo velhos."
Dizia a carta do meu primeiro amor, o Roberto. Eu, por incrível que pareça, ainda lembro de tudo isso, e daria tudo para que vivêssemos tudo novamente. Mas eu não poderia, tenho uma vida muito fixa em meu trabalho e não posso me envolver em nada agora. Futuro? Para mim tem outro nome: Morte. Quem sabe não nos vemos no céu? Em outra vida? Ele foi meu primeiro amor e eu o queria de volta para cumprir o que disse: "Ficarei com você até a morte". Eu disse isso quando subi naquele ônibus. Não importa o quão longe estamos, estaremos sempre juntos. Como na primeira vez.