EU NÃO PERDOEI A TRAIÇÃO DO MEU MARIDO.(EC)

Meu nome é Emilya e lhes contarei um pouco da minha história. Tenho 40 anos e aos 23 cursava enfermagem quando conheci João Carlos. Foi amor a primeira vista. Ele tinha 25 anos e estava se formando em Direito. Três anos depois estávamos casados.Tivemos dois filhos - Artur e Gabriel. A vida seguia feliz. Eu trabalhava em um hospital e ele no escritório e conseguimos, além de nossa casa , comprar outra no litoral.

Tínhamos um acordo de que, caso um de nós se interessasse por outra pessoa, conversaríamos, e se fosse o caso, nos separaríamos. O importante era não nos magoarmos. O nosso amor amor não merecia isso.

Minha mãe adoeceu gravemente e meu tempo disponível passou a ser dedicado a ela e já não íamos com tanta frequência para nossa casinha de praia. Ela e João se davam muito bem e se gostavam.

Num final de semana ele me disse que iria até ao litoral pagar o caseiro e comprar material de conservação do jardim. Ele foi na Sexta- feira pela manhã e ao anoitecer minha mãe faleceu.

Fiquei totalmente desnorteada e tentei entrar em contato com ele mas o celular dava caixa postal. A família dele também não tivera notícias, liguei para nosso vizinho e ele também não sabia dizer se ele estivera na casa. Fiquei apreensiva e temi pelo pior.

Deixei meus meminos de 9 e 7 anos com uma amiga e fui juntamente com meu irmão providenciar o sepultamento e só retornei às duas da manhã e nada de notícias de João.

Amanheci o dia sem conseguir sequer cochilar. Fui ao sepultamento parecendo uma sonâmbula. Dor imensa me corroía por dentro. Dor e angústia.

Somente no Domingo a noite é que tive notícias de João. Ele não conseguira cumprir o nosso acordo - passara o final de semana com a amante.

Desmoronei e a depressão aproveitou e fez morada em minha vida. Pedi licença no trabalho e procurei ajuda de um psicoterapeuta e um psiquiatra para conseguir sair daquela triste situação - meus filhos e eu precisávamos ficar bem.

Meses depois a mãe dele também adoeceu e veio a falecer. Fui avisada do horário do enterro e mesmo sabendo que poderia encontrá-lo com a outra resolvi ir e enfrentar com dignidade a situação, afinal ela era a avó dos meus filhos e tinha sido uma pessoa boa em alguns momentos da minha vida.

Chegando lá vi-os sentados juntos, cumprimentei-o e como estava um calor horrível permaneci na capela até a oração. No cemitério a mulher corria entre os túmulos para dar um jeito de ficar perto dele. Mantive-me à distância. Terminada a cerimônia uma cunhada veio falar-me palavras de conforto. A cunhada que menos tinha intimidade. O restante da família dele resolveu ficar do lado dele o que naquele momento não fazia nenhuma diferença.

Meses depois, coração mais apaziguado recebi um e-mail de uma sobrinha dele com fotos dos meus filhos que haviam participado de um almoço na casa dela. Entre as fotos estava uma dele com a amante de mãos dadas. Tive uma recaída. Não consigo mensurar a maldade de uma pessoa porque até aquele momento eu achava que todo mundo era bonzinho e me custava acreditar que, aquela moça tinha mandado a foto por pura maldade.

O tempo amenizou a saudade e, com a ajuda terapeutica e dos amigos, voltei ao trabalho. Ele se separou e me pediu perdão. Se eu o perdoei?

Não! O perdão só existe de verdade quando você esquece por completo e eu não esqueci.

Apesar de ainda amá-lo não existe a mínima possibilidade de um recomeço.

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Maria Luzia Santos
Enviado por Maria Luzia Santos em 02/09/2013
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