O Filho dos Girassóis III

Após todas as lágrimas vertidas por aqueles olhinhos rasgados de Chan ao encontrar-se outra vez com Chuy, o chinesinho filho das terras do Mandarim, Van-Chan-Chuy, ficaram estáticos, parados durante um bom tempo se entreolhando. A emoção rasgavam-lhes mais ainda os olhos sem saber que todos os invernos por eles vividos retornara ali naquele instante.

Logo que Chan adentrou pelo portal da casa de Chuy para entregar aquela cesta de flores o rapaz ficou atônito e sentiu a mesma sensação vivida naquele primeiro encontro nas terras do Mandarim.

Aos poucos Chuy foi retornando e recuperando os sentidos.

Segurando a bicicleta de Chan alertou para o cuidado que precisava ter em andar tão carregada de flores. Um tombo seria fatal para todas, incluindo a tulipa.

Chuy, convidou Chan a entrar no enorme solar e depositando a cesta sobre uma pequenina mesa no canto a esquerda do grande salão, notou que descia pela grande escadaria seu velho pai já de cabelo e barba brancos.

O Ancião solícito num pequeno gesto de olhar, convidou o jovem casal a sentarem-se junto a grande mesa redonda no centro da sala de chás do solar.

Após acomodarem-se uma senhora finamente trajada adentra à sala e atendendo ao convite do marido anfitrião, acomoda-se também numa fina almofada de seda adornada de finas flores.

Ali estavam agora outra vez reunidos, esperando o chá que prontamente seria servido.

Os olhares transmitiam a sensação sublime de um afeto que permanecia por longo inverno. Mas naquela primavera em que as flores exuberavam o desejo de florir : Chan novamente como uma autêntica tulipa enfeitava com seu negro cabelo a paisagem solene do costumeiro chá.

Num quase que ritual olhar, ao término do chá despedem-se e Chan retira-se do solar acompanhada por Chuy que a conduz até a bicicleta.

Ao cruzar o portal de saída do solar Chan enverga a cabeça para trás e no tilintar da campainha da bicicleta, oscula Chuy com um leve sorriso.

Leiam os Contos: O filho dos girassóis I e II