Até amanhã não, ADEUS
Seria um dia como outro qualquer, mas encontrá-la mudou a minha vida, estava seguindo para casa após o trabalho quando vi aquela morena, nunca tinha visto alguém assim, não conseguia definir o que ela era pela aparência, nem pelo semblante, esse mistério naquela bela mulher me encantou à primeira vista. Seu rosto passava meiguice e ao mesmo tempo seu olhar era objetivo, seu vestido florido contrastava com a mochila preta meio vazia e tênis pretos com salto escondido, seu cabelo estava solto e o seu perfume era forte, quente e me lembrava vagamente mato, parecia com tequila misturada com rosas... tudo nela me confundia.
Fui até ela, perguntei se sabia dizer qual parada ficaria próxima ao banco deixando claro que não era dali, ela sorriu antes de responder, resumiu a se oferecer para me levar, ela morava perto. De repente estava ali, em pé ao seu lado em meio ao silêncio constrangedor, eu fique surpreso pela sua gentileza e estava sem palavras, além de linda ela era gentil, para a minha surpresa maior ela começou a conversar, demonstrava interesse em mim, no que lhe falava e me elogiava sutilmente, naquele momento senti que de caçador tinha virado caça.
A conversa continuou, seguia morna, ela disse ser designer e se surpreendeu ao saber que eu sou publicitário, perguntou se eu saberia me vender a ela, isso me deixou tímido, ela insistiu dizendo que queria saber se eu era bom, ela disse isso me olhando com uma cara de safada, eu estava perdido, irreconhecível, eu não sou tímido, mas a forma que ela se dirigia a mim me deixava nervoso, estava numa situação inesperada e isto me deixava inseguro. Então lhe perguntei como queria a venda, ela questionou como assim e lhe expliquei que precisava saber o que o público quer antes de anunciar algo, ela disse que não me preocupasse, que mesmo sendo exigente já estava afim, brincamos depois de contar as minhas qualidades, ela disse que esperava que o produto não fosse muito caro, pois adoraria usar, e me elogiou descaradamente, tanto como publicitário quanto como homem, e perguntou se estava num hotel, quando disse que sim ela disse que ia ao seu apartamento, respondi sem graça que adoraria.
Finalmente chegou a parada, já estava com vergonha das pessoas que estava ouvindo tudo naquele metrô, andamos até o banco e então fomos ao prédio dela, enquanto andávamos falamos das nossas vidas, ela tinha saído de um relacionamento a pouco tempo e evitou falar sobre, falei mais que ela, e enquanto falava ficava maravilhado, ela conduzia a conversa de forma quase imperceptível, e era graciosa andando, quando paramos no elevador do prédio e lhe olhei nos olhos ela desviou o olhar e mexeu o cabelo com as mãos, tentava passar um ar de menina, adorei saber que ela tentava me manipular, afinal queríamos a mesma coisa naquele momento e não imaginava o que aconteceria depois, estava tão vislumbrado que nem supôs que ia a querer novamente, tudo tinha sido tão repentino.
Ao entrar percebi como o apartamento era enorme, de cara perguntei por que ela andava de metrô, que me disse que o carro tinha quebrado e não tinha tido tempo para leva-lo à oficina, que seria naquela tarde se não tivesse encontrado algo mais interessante para fazer, então me beijou. Sentia seu corpo, era quente e seu beijo molhado, ela me guiava e dominava a cada segundo, tomava todas as iniciativas, eu apenas correspondia, vimos o pôr-do-sol ali do tapete da sala mesmo após toda a agonia do coito, ela me propiciou prazer como nenhuma outra mulher até então.
Ela cozinhou macarrão para jantarmos, jantei de cueca por sugestão dela, para preservar a minha roupa, após o jantar ela me chamou para o banheiro e me deu uma escova de dentes nova, escovamos os dentes juntos e ao terminarmos ela me levou pelo braço para seu quarto, era muito grande tudo ali, e naquela cama se entregamos um ao outro e ao prazer, dormimos apenas quando exaustos, no outro dia ainda nos amamos antes de tomarmos café e saímos, no metrô nos despedimos, e ao lhe dizer até amanhã ela respondeu adeus. Não entendi e nem pude perguntar o porquê, mas depois vi que ela tinha apagado seu número do meu celular, durante essa semana peguei o metrô várias vezes cada dia, sempre esperando encontrá-la, e nada, no último dia fui ao seu prédio, o porteiro disse que ela havia deixado claro que não queria ser incomodada por mim. Não entendi o que aconteceu, as razões de tudo isto, apenas lembro que foi maravilhoso, ela me fazia se sentir bem, se importava com isso, foi a melhor noite da minha vida. Queria que ela lesse este conto e soubesse que ao menos queria entender o que aconteceu, tenho esperanças que leia pois ela havia me dito que gostava de ler no recanto das letras.