A indescontrutibilidade do amar
Nunca diga sinceramente que não quer ‘amor’. Como poderia? Em cada letra há um ar de engano. Um erro essencial que nos deixa cada vez mais a parte do que realmente se passa no mundo. No tão aclamado sentido da vida. Não um utópico, mas um real, um que talvez seja a sina mais infame e carnal de nossa alma, arraigada na nossa existência mais intrínseca. Um amor que cai no chão e quebra. Não volta, não dura a atemporalidade. Um impuro, imperfeitos e por isso perfeito para o homem. Talvez procurando alguma bondade em sua origem, o homem deturpou seu significado e tomou para si a ideia e a purificou, revestiu de infalibilidade, pervertendo-a, portanto. Conto-te agora e endereço-me a você leitor: No início tudo era amor e o amor o corrompeu, corroeu, criou a morte, o poder. Ora, o ponto alto de quem ama é morrer por um amor que não pode jamais viver. Quantos devoradores ceifaram dessa terrível pena de amar? Como se nós próprios nos projetássemos à massiva embriaguez do irreal indesconstruível. De uma bala ferida e embebecida esperando apenas por mais alguma derrota no vício louco de arranjar um caminho para estancar a solidão. Mas estamos sozinhos aqui e esse é o apanágio da condição humana. Caso não tenha notado, basta olhar a redor. Somos nós, nós mesmo e mais ninguém, tendo que viver uns com os outros, lá e cá. Não me soa tão mau compartilhar um pouco de amor.