DEPOIS DA ESPERA

Clara parou diante do portão de madeira: “O mesmo de quase dez anos” pensou. A arvore desfolhada, lembrou as muitas travessuras. Sorriu ao lembrar do tombo que provocou a fratura do braço direito quando tinha doze anos. “Fratura” termo rebuscado, antes “Quebrado”. “Meu Deus, dez anos sem vê-lo”. Desde a morte da mãe, quando decidiu ir embora “daquele lugar” devido as constantes discussões com “ele”. Depois o tempo e a distância foram as desculpas.

Mas o dia chegou e a menina voltou mulher: Doutora Clara, ao invés de Clarinha. Sentiu um frio estranho. “Como será que ele está?”. Foi quando ouviu: “Quem está aí?”. Viu quando um rosto familiar surgiu na pequena varanda. Os cabelos bem mais brancos; os passos mais lentos; o olhar, ainda firme, que encontrou o seu olhar. Clara viu quando o rosto de feições duras desenhou um sorriso. “Clarinha” ouviu; “Sim pai, sou eu” Respondeu indo ao encontro do abraço que selou o reencontro de duas vidas que, simplesmente, se completavam.