Voo

Ela nasceu diferente das outras meninas: seus olhos não enxergavam o que os outros olhos enxergavam, percebia outras coisas, aquilo que a maioria não via... Às vezes ouvia palavras e frases com as quais construía imagens no vento... Andou pelo mundo errando e acertando, fabricando fantasias, inventando planos, reinventando sonhos... Até que um dia encontrou um cúmplice, um parceiro, um namorado, companheiro de verdade, que a olhou nos olhos e disse:

- De todas as companheiras que eu já tive, tu és a mais doida!

Ela sorriu, envaidecida. Nunca na vida havia recebido um elogio tão bonito, tão profundo, tão puro, tão forte, que lhe traduzisse tanto, que retratasse aquilo que ela tinha de tão dela...

Agora ela sabia que ao lado dele voaria pelo mundo todo, por todo o universo, por toda a vida, até o fim da linha...