Reflexões sobre a amizade como testemunho de nossas vidas

A morte é a única certeza que temos em vida e, mesmo assim, nunca estamos preparados para processar as nossas perdas que são dolorosas para a alma, nos fazem chorar, nos obrigam a parar para refletir sobre a vida.

"Quereis conhecer o segredo da morte. Mas como podereis descobri-lo se não o procurardes no coração da vida?", começa Gibran Khalil Gibran no livro O Profeta, quando interrogado a respeito da morte.

Célia, amiga querida, quase irmã, foi embora deste mundo sem se despedir, deixando todos que a amavam, filhos e família, amigos um vazio profundo. Célia tinha um sorriso iluminado e franco e este jeito era a sua marca. Quando falava sobre problemas, sabia dar aquele toque espirituoso ao episódio que transformava o assunto em algo hilário.

Amiga....Quero que saiba que não me deu tempo para te agradecer pelo convívio alegre que tivemos e que deixou mais colorida a minha adolescência e juventude. Compartilhamos tantas dúvidas, tantas buscas, inseguranças. Acompanhamos o desenrolar da vida de uma e da outra, crescimento, casamento e filhos.

E agora que faço eu?..... Fiquei sem a mais importante testemunha de uma parte importante de minha vida, de um tempo singelo.

Quem vai reforçar minha história quando eu contar que somente nós duas, meninas ainda, fazíamos experiências mediúnicas com o copo, isso porque nos diziam que poderíamos contatar com espíritos de outro mundo. Com pouco conhecimento de causa e com muita força energética conseguíamos fazer com que ele girasse, girasse, sem colocar a mão em cima. Era tudo feito às escondidas na salinha dos fundos da casa da tua avó, entre risadinhas e excitação.

"Não é bom fazer este tipo de coisa sem conhecimento", alertavam os adultos.

Mas quem segurava duas adolescentes ansiosas em saber do futuro.... saber quem iam namorar, se iam casar e ter filhos. Este era nosso foco dos 14 aos 18. Depois a universidade e os casamentos e a filharada, e seguimos juntas até a nossa maturidade.

"Você tem um anjo da guarda forte", dizia ela para mim. "Se não estivesse junto não ia acreditar no que aconteceu", contava para o nosso grupo, o dos 9 no dia do nascimento. Número cabalístico!

Na verdade, a história era devido um exame de dependência na disciplina de Sociologia que eu precisava fazer para concluir meu curso de Comunicação, na Universidade. Célia sempre lembrava deste episódio porque foi ela quem me convidou para acompanhá-la na ida à universidade verificar qual era o dia do exame que ela precisava fazer para cumprir o seu ano letivo.

Eu, refestelada em minha casa, certa de que meu exame seria em fevereiro e somente em final de janeiro faria empenho para saber mais definições sobre o assunto, como dia, hora e local da prova, decidi acompanhá-la e caso desse tempo passaria pela coordenação do meu curso e daria uma olhada nos avisos expostos em edital.

Um detalhe, era meados de janeiro e acreditem, para minha surpresa tive a sorte de ir à universidade no dia em que seria realizado o exame.

A cena na minha mente, até hoje, parece um filme em câmera lenta. Devagar, sem pressa, fui buscando o curso, o ano e a disciplina, naqueles papéis impressos A4 expostos nas imensas molduras de madeira e vidro para exposição de avisos para os alunos.

Célia ao meu lado, me ajudando a buscar a informação. Em voz alta fui lendo Sociologia, dia 17 de janeiro, às 10 horas, sala 2, terceiro andar. Terminei a leitura e olhei para Célia perguntando:

- Que dia é hoje? Ela me respondeu 17.

- Que horas são?, perguntei de novo.

As duas olharam para o relógio pendurado no meio corredor (muita coisa funcionava há mais de 30 anos na Universidade Federal do Paraná, especialmente os relógios pendurados nos largos e gigantescos corredores, que hoje não funcionam e estão às traças), e os ponteiros marcavam cinco para às 10.

Juro que aconteceu isto!

Tive cinco minutos para achar uma caneta e a sala.A caneta emprestei de um professor que encontrei pelo caminho e fiz uma boa prova. Resumindo a história, obtive uma nota boa, consegui me livrar da dependência e concluir meu curso.

Sem dúvida, aquele dia o meu anjo da guarda foi demais! A sorte estava do meu lado.

Mas quem vai acreditar nisto agora?

Assim, algumas destas histórias de coincidências se repetiram em minha vida e também de Célia, que era professora de profissão, das melhores, amava o que fazia como pesquisadora dedicada, mestre em sua área, pois já seguia a tradição da família, na qual, mãe, tias e irmãos foram e são bons profissionais do magistério.

Agora, o grupo dos 9 - minha amiga tinha nascido em 18 de junho que significa 1+8=9, eu em 18 de março, Sueli em 18 de setembro, Rose em 18 de dezembro e Cleuza em 9 de outubro - está sem a integrante que mais brincava e ria nos encontros, cujo o tema principal, além de fatos comuns do cotidiano, era sobre a espiritualidade.

Portanto, amiga querida, se em quase todos os momentos de nossas vidas fomos tão leves e positivas, e também tentamos entender os desafios, as tristezas, as perdas, e a eternidade da alma, não será esta tua saída de cena de nossa paisagem terrena que me deixará inconsolável, assim como para todo o nosso grupo, pois os contatos sempre existirão e agora com a certeza, que, muito além da matéria poderá também realizar a tua tarefa rumo a evolução, mais perto das energia de divina. Que Deus te ilumine e que encontre a paz!

a única certeza que temos em vida e, mesmo assim, nunca estamos preparados para processar as nossas perdas que são dolorosas para a alma, nos fazem chorar, nos obrigam a parar para refletir sobre a vida.

"Quereis conhecer o segredo da morte. Mas como podereis descobri-lo se não o procurardes no coração da vida?", começa Gibran Khalil Gibran no livro O Profeta, quando interrogado a respeito da morte.

Célia, amiga querida, quase irmã, foi embora deste mundo sem se despedir, deixando todos que a amavam, filhos e família, amigos um vazio profundo. Célia tinha um sorriso iluminado e franco e este jeito era a sua marca. Quando falava sobre problemas, sabia dar aquele toque espirituoso ao episódio que transformava o assunto em algo hilário.

Amiga....Quero que saiba que não me deu tempo para te agradecer pelo convívio alegre que tivemos e que deixou mais colorida a minha adolescência e juventude. Compartilhamos tantas dúvidas, tantas buscas, inseguranças. Acompanhamos o desenrolar da vida de uma e da outra, crescimento, casamento e filhos.

E agora que faço eu?..... Fiquei sem a mais importante testemunha de uma parte importante de minha vida, de um tempo singelo.

Quem vai reforçar minha história quando eu contar que somente nós duas, meninas ainda, fazíamos experiências mediúnicas com o copo, isso porque nos diziam que poderíamos contatar com espíritos de outro mundo. Com pouco conhecimento de causa e com muita força energética conseguíamos fazer com que ele girasse, girasse, sem colocar a mão em cima. Era tudo feito às escondidas na salinha dos fundos da casa da tua avó, entre risadinhas e excitação.

"Não é bom fazer este tipo de coisa sem conhecimento", alertavam os adultos.

Mas quem segurava duas adolescentes ansiosas em saber do futuro.... saber quem iam namorar, se iam casar e ter filhos. Este era nosso foco dos 14 aos 18. Depois a universidade e os casamentos e a filharada, e seguimos juntas até a nossa maturidade.

"Você tem um anjo da guarda forte", dizia ela para mim. "Se não estivesse junto não ia acreditar no que aconteceu", contava para o nosso grupo, o dos 9 no dia do nascimento. Número cabalístico!

Na verdade, a história era devido um exame de dependência na disciplina de Sociologia que eu precisava fazer para concluir meu curso de Comunicação, na Universidade. Célia sempre lembrava deste episódio porque foi ela quem me convidou para acompanhá-la na ida à universidade verificar qual era o dia do exame que ela precisava fazer para cumprir o seu ano letivo.

Eu, refestelada em minha casa, certa de que meu exame seria em fevereiro e somente em final de janeiro faria empenho para saber mais definições sobre o assunto, como dia, hora e local da prova, decidi acompanhá-la e caso desse tempo passaria pela coordenação do meu curso e daria uma olhada nos avisos expostos em edital.

Um detalhe, era meados de janeiro e acreditem, para minha surpresa tive a sorte de ir à universidade no dia em que seria realizado o exame.

A cena na minha mente, até hoje, parece um filme em câmera lenta. Devagar, sem pressa, fui buscando o curso, o ano e a disciplina, naqueles papéis impressos A4 expostos nas imensas molduras de madeira e vidro para exposição de avisos para os alunos.

Célia ao meu lado, me ajudando a buscar a informação. Em voz alta fui lendo Sociologia, dia 17 de janeiro, às 10 horas, sala 2, terceiro andar. Terminei a leitura e olhei para Célia perguntando:

- Que dia é hoje? Ela me respondeu 17.

- Que horas são?, perguntei de novo.

As duas olharam para o relógio pendurado no meio corredor (muita coisa funcionava há mais de 30 anos na Universidade Federal do Paraná, especialmente os relógios pendurados nos largos e gigantescos corredores, que hoje não funcionam e estão às traças), e os ponteiros marcavam cinco para às 10.

Juro que aconteceu isto!

Tive cinco minutos para achar uma caneta e a sala.A caneta emprestei de um professor que encontrei pelo caminho e fiz uma boa prova. Resumindo a história, obtive uma nota boa, consegui me livrar da dependência e concluir meu curso.

Sem dúvida, aquele dia o meu anjo da guarda foi demais! A sorte estava do meu lado.

Mas quem vai acreditar nisto agora?

Assim, algumas destas histórias de coincidências se repetiram em minha vida e também de Célia, que era professora de profissão, das melhores, amava o que fazia como pesquisadora dedicada, mestre em sua área, pois já seguia a tradição da família, na qual, mãe, tias e irmãos foram e são bons profissionais do magistério.

Agora, o grupo dos 9 - minha amiga tinha nascido em 18 de junho que significa 1+8=9, eu em 18 de março, Sueli em 18 de setembro, Rose em 18 de dezembro e Cleuza em 9 de outubro - está sem a integrante que mais brincava e ria nos encontros, cujo o tema principal, além de fatos comuns do cotidiano, era sobre a espiritualidade.

Portanto, amiga querida, se em quase todos os momentos de nossas vidas fomos tão leves e positivas, e também tentamos entender os desafios, as tristezas, as perdas, e a eternidade da alma, não será esta tua saída de cena de nossa paisagem terrena que me deixará inconsolável, assim como para todo o nosso grupo, pois os contatos sempre existirão e agora com a certeza, que, muito além da matéria poderá também realizar a tua tarefa rumo a evolução, mais perto das energia de divina. Que Deus te ilumine e que encontre a paz!

Mari Weigert
Enviado por Mari Weigert em 19/07/2013
Código do texto: T4395216
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