A HISTORIA DE OLHOS QUE ME VEEM

CAPITULO 08

A seu lado a amiga de faculdade lhe fez as vezes de mãe, irmã de tudo.

Dentro do centro cirúrgico Quim sentiu-se como em um filme de ficção cientifica, todos aqueles aparelhos computadores, aquelas pequenas peças de fio, os bisturis sob a bancada e as luzes no teto, era frio, o ar doía nos pulmões, mas Quim tinha certeza que lá fora Sonia o esperava cheia de amor e calor humano, era incrível, como podia ser tão pessimista é claro que tudo vai dar certo, veja todo esse aparato, tudo isso é pra me dar segurança. Mas por outro lado... e seu me esquecer dela? Do seu nome, se eu me esquecer da minha Sonia?

Mas era um risco a se correr, sabia que mesmo que não soubesse seu nome seu coração reconheceria sua alma.

Capitulo 09

Passaram 4 horas desde a entrada de Quim no centro cirúrgico, ninguém dava noticias, era quase impossível não ficar preocupada, mas ela sabia que o medico era de confiança e que se algo estivesse errado poderia confiar nele. 6 horas depois a porta se abre e Josef , sai de lá de dentro com um sorriso estampado nos lábios, tudo havia corrido ele estava bem, dormindo mas bem, agora era esperar ele acordar:

- que hora passará o efeito do sedativo?

- não podemos dizer como foi feito um reparo no cérebro temos que esperar. Ele regenerar a irrigação sanguínea, e se adaptar a nova condição.

Sonia sentou-se no banco devagar:

- ele pode demorar quanto tempo? Dois dias? Uma semana?

- não sabemos Sonia ele ira se recuperar aos poucos e acho que em no maximo, 15 dias ele acorde, nunca demorou mais que isso!

15 dias era tempo demais, para esperar que Quim acordasse, o que fazer enquanto ele não acordava?

- quero vê-lo!

- através do vidro da UTI, ele está inconsciente mas suas funções vitais estão bem regulares!

- está bem pouco importa se é pelo vidro ou pelo buraco da fechadura, eu quero ver ter certeza de que é ele mesmo que está lá!

Ela seguiu o medico pelo corredor até a chegar na enorme janela de onde podia ver Quim, todos aqueles fios, equipamentos eletrônicos tudo aquilo sobre ele, mas era ele mesmo ela tinha certeza ele estava vivo, e isso era o que bastava, ficaria ali pelo resto do dia ate que ele acordasse.

Passaram-se 15 dias, um mês, 2 messes, 3 messes, e ele não acordava, já havia sido levado para o quarto se alimentava por sonda, a muitos dias mas todos os dias como que por religiosidade Sonia ia ao hospital e ficava ali sentada na cadeira ao lado da cama contava-lhe como estava a cidade, de como os campos no inverno ficavam tristes quase mortos, de como estava frio, de como sentia sua falta. Recitava todos os dias o seu poema:

“OLHOS QUE ME OLHAM

NÃO SEI ONDE ESTÃO

NÃO SEI QUE CORES SÃO

NEM A FORMA QUE TEM

SÃO APENAS OLHOS DE AQUÁRIO

QUE ME CERCAM SEM ME VER

QUE EU VEJO SEM CERCAR

OUVIDOS QUE ME OUVEM

SEM ME VER FALAR

SÃO AQUELES LÁBIOS QUE JÁ BEIJEI

SEM OS TOCAR.

MÃOS QUE NÃO VEJO MAS QUE AMO

SÓ EM LEMBRAR

SÃO PALAVRAS DITAS ALEM DA VOZ

SÃO SORRISOS MANDADOS ALEM DO TEMPO

ALEM DO ESPAÇO.

É UM AMOR SEM MEDO DE SER

SIMPLESMENTE AMOR.

A QUEM VIVA NO DESERTO

SONHANDO EM ENCONTRAR

A QUEM AME NO ESPAÇO

SONHANDO EM OLHAR

A QUE ESPERO EM DEUS

UM DIA TE ENCONTRAR

OLHOS QUE ME OUVEM

E PALAVRAS QUE ME VEEM.”

- abre os olhos Quim!!! Abre meu amor!!!

Todos os dias até que um dia quase 4 meses e meio eis que o milagre aconteceu, os olhos de Quim se abriram como se pela primeira vez em toda a sua vida ele acordou, apenas olhou Sonia que ainda descrente chamava a enfermeira as pressas na porta. A mulher chegou olhos aflitos voltou para buscar Josef que estava no consultório. Eles examinaram Quim e voltaram:

- então como ele está?

- está bem!pediu que eu te chamasse. Ele quer saber de quem é a voz que ele ouviu todos esses dias!

Sonia sentiu pesar muito em seu coração imaginar que ele não reconhecerá sua voz ela jamais esqueceria a voz dele. Entrou no quarto a enfermeira retirava os últimos cateteres que ainda lhe serviam de sonda alimentar, ela saiu deixando Quim e Sonia sozinhos no quarto.

- oi?

- oi! Tudo bem? – falava Quim ainda meio fraco pelo tempo que passara dormindo.

- sim e você como está? Como se sente?

- melhor pelo menos posso falar! Sabe sua voz é linda! Adoro esse poema sabia?

- é acho que você me falou isso alguma vez!

- falei? Nossa é tudo tão confuso!

- você não se lembra de mim? De nada?

- sabe como um sonho uma dama linda que falava irlandês e sabia historias lindas de tempos passados de um castelo de uma citara tocando ao longe...

- mas de mim?

- sonhos! Fleches de uma lembrança linda de palavras ditas soltas!

Sonia quis chorar era impossível ele ter esquecido de tudo que sentia , ou dizia sentir, seus olhos estavam inundados de lagrimas... e ele nem lembrava dela.

Ele estirou a mão chamou para perto de si e abraçou-a e falou em seu ouvido:

-amor alem da vida muito alem da morte! Nunca iria me esquecer da minha pequena e linda princesa!

Sonia sorriu muito sabia que ele estava apenas brincando com ela:

- então lembra de mim?

- claro você falava todos os dias sua voz era a única coisa que eu ouvi nos últimos dias!

- dias? Você dormiu por quase 5 meses?! Não ouvia antes?

- pra mim é como se eu tivesse dormido uns dois dias eu acho! Nossa dormi tanto que perdi a hora!

- ainda bem que acordou! Ainda bem que está vivo! Estou tão feliz Quim que poderia até escrever um livro a historia de olhos que me veem.

- porque olhos que me veem?

- porque é esse o titulo do poema que li todos esses dias pra você.

- mas porque esse titulo?

- porque na primeira vez que nos encontramos você me via, mas eu não! Seus olhos me viam mas eu não vi os seus!

-agora entendi! E quem te falou que eu sou de aquário?

- aquário por causa do vidro da cabine da agencia de trem era como um aquário! Entende?

- entendi!!!

- mas você é de aquário?

- na verdade sim!!! Princesa! Quero continuar nossa viagem! Veneza! Roma! Cecília, Paris!!! Madri?!

- claro deixa o Josef te dar alta que seguiremos nossa viagem!

- meu irmão nos espera em Veneza, telefonei pra ele antes de vir fazer a cirurgia! E disse que me esperasse lá por quanto tempo fosse preciso. Um mês, um ano...

- tinha tanta certeza assim que iria voltar do coma?

- claro por você! E pra você!

A enfermeira entrou avisando que ele precisava descansar mas Quim tinha medo de dormir de novo e não acordar mais. Sonia lhe garantira que ficaria quieta enquanto ele descansava! E ficou!

Aglae Diniz
Enviado por Aglae Diniz em 18/07/2013
Código do texto: T4393258
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