Codinome Beija-flor - cap. 17

Os dias passaram rápido, com o tempo as coisas foram ficando mais tranquilas. Kaio continuava em coma, e seu estado se mantinha estável. Ramiro ficara doente, devido ao estresse e quase não sai do quarto.

Pablo e Marcos estavam juntos e felizes, apesar do medo do que Petála poderia fazer a eles, além da ameaça constante de Murilo. Pablo decidiu não se separar de Bianca, enquanto Kaio estivesse em coma. Ele ficou a frente da presidência da empresa, e tentava colocar tudo em ordens.

Pablo estava terminando de avaliar oalguns contrato, quando o telefone tocou:

- Senhor Pablo, é a senhorita Dora, posso deixa-la entrar? - anunciou a secretária.

- Pode sim.

Mal colocou o telefone no gancho, a porta foi aberta, Dora entrou sorridente.

- Sabia que você fica ótimo de 'poderoso chefão'?

- Obrigado. - Pablo deu um sorisso amarelo. Dora sempre vinha com gracinha, mas, naquele dia ele não estava com nenhuma paciência. - Olha, Dora, não querendo ser rude, mas eu estou cheio de trabalhos hoje...

- Calma, eu não vou tomar muito seu tempo.

- O que você deseja? - disse Pablo tentando ser simpático.

- Vim dizer que foi trabalhar aqui com você!

Pablo engasgou e quase caiu da cadeira. Dora não tinha talento nenhum para os negócios, e não sabia nada de arquitetura. O que ela pretende fazer na empresa?

- Espera um pouco, Dora, o que você vai fazer aqui?

- Te ajudar, oras.

Pablo relaxou a gravata, e falou calmamente:

- Dora, não me leve a mal, mas você não sabe nada dos nossos negócios.

- Eu quero aprender, e você pode me ensinar.

Dora estava irredutível, Pablo respirou fundo. Mas aquela agora, ter que aturar Dora no escritório, sabia que ela ia ficar o assediando o tempo todo, e só de pensar já ficará irritado.

- Por que você quer tanto trabalhar aqui comigo?

- Porque não quero que a empresa da minha família fique na mão de um estranho. Como o Kaio está em coma, papai está doente, e a Bia não tem cérebro, sobrou pra mim!

- O seu Ramiro me colocou na presidência, não tem do que você se preocupar. Vou me casar com sua irmã, logo serei da família, então seu medo é infundado.

Dora deu uma risada e se revirou na cadeira. Pablo a encarou irritado.

- Desculpa, mas eu não confio em você. Ainda não sei o porquê você está se casando com a Bia, se não ama ela.

- Isso não é da sua conta. - disse Pablo irritado - Olha, faz o que você quiser. Você tem o direito de trabalhar aqui, mas quero deixar claro que não vou aceitar nenhum tipo assédio da sua parte.

Ela apenas sorriu, e se levantou.

- Vou tentar não te assediar.

Ela saiu, deixando Pablo sozinho e irritado.

- Queria falar comigo, Melissa?

- Entre. - Marcos entrou e se sentou. Melissa o encarou séria - Bem, Marcos, sei que você está passando por um momento difícil, mesmo sendo amigos, você não me conta o que está havendo. Mas, não ligo pra isso.

- Melissa, sinto muito, mas é um assunto delicado e envolve muitas pessoas...

- Tá, Tá. Não é pra isso que eu te chamei. Marcos, mesmo sendo solidária com você, preciso também pensar na minha empresa.

- Eu sei que tenho faltado muito, e que não tenho dado tudo de mim...

- Marcos, você é o meu melhor funcionário, mas está difícil essa situação. Os clientes já estão reclamando de seus atrasos e ausências.

Marcos nada disse, apenas abaixou a cabeça. Ela tinha razão, nas últimas semanas ele tem vivido em função do Pablo e dos problemas dele. Fora o medo de andar na rua sozinho, o silêncio de Murilo e de Pétala, só aumentava a paranóia de Marcos, que só saia acompanhado na rua. Isso estava atrapalhando seu desempenho no trabalho, com certeza. Não conseguia se concentrar no seu ofício.

- Desculpa, Melissa, vou me esforçar mais.

- Acho bom mesmo.

- E agora vou ter que aturar aquela garota no escritório.

- Talvez nem seja tão mal assim, meu amor.

Pablo e Marcos conversavam durante o jantar. Pablo ainda estava irritado pela novidade de Dora, e não parava de resmungar. Marcos escutava tudo calado, dando respostas cortadas vez ou outra, ele não estava nem um pouco interessado naquela história. Pablo reparou que Marcos estava indiferente.

- O que foi?

- Melissa chamou minha atenção hoje, disse que não estou dando conta do meu trabalho.

- Sinto muito, meu amor. Sei que está sendo duro pra você tambêm, mas logo tudo vai voltar ao normal.

- Espero que seja logo. Não estou aguentando mais essa situação, ando com muito medo, não consigo sair na rua nem pra comprar um pão. - Marcos segurou as lágrimas. - Esse sumiço do Murilo e da sua mãe está me deixando enlouquecido.

- Te entendo, Marcos. Também estou morrendo de medo, mas temos que ser forte.

- Até quando teremos que ser forte, hein? Eu não sei se vou aguentar por muito tempo...

As lágrimas se soltaram, começaram a correr o rosto de Marcos. Pablo de impulso abraçou o namorado. Ficaram um tempo abraçados, até o que Marcos se acalmasse.

O interfone tocou, os dois se separam. Pablo foi atender.

- Seu amigo, Alisson, está subindo. - avisou Pablo.

- Ai, que bom. Ele sempre alegra o ambiente. - Marcos sorriu.

Minutos depois a campanhia tocou. Marcos correu pra atender.

Um desesperado Alisson entrou no apartamento, ele chorava muito. Marcos pedia uma explicação para aquele pranto, mas o outro só chorava, ele abraçou o amigo, tentando acalma-lo. Pablo olhava aquela cena sem entender nada do estava acontecendo.

- Alisson, por favor, nos explica o que está acontecendo. - Pablo tentava manter a calma.

Marcos sentou Alisson no sofá. Ele tentava controlar o choro, mas não conseguia parar. Tirou um papel amassado do bolso, e o entregou a Pablo.

Pablo olhou para o papel sem entender o significado dele. Desdobrou-o, era um exame. Ele arregalou os olhos de espanto. Marcos confuso, olhava do Alisson para Pablo, rogando uma explicação.

- O que tem nesse exame, Pablo? - perguntou Marcos. - Alisson, o que você tem?

Pablo balbuciou alguns sons inaudíveis. Marcos pedia explicação, já estava temendo o que seria o problema.

- O exame está dizendo que o Alisson é soro positivo...

- O quê???

Marcos levou um choque, aquela notícia o pegou de surpresa. Seu melhor amigo estava infectado com o vírus da HIV, e ele não sabia como agir.

- Eu estou com aids, Marcos... Eu vou morrer... - choramigou Alisson, entre prantos. - Eu vou definhar até vira um esqueleto feio e pálido...

- Calma, Alisson, as coisa não são bem assim. - disse Pablo, tentando manter a razão naquele momento. - Hoje a aids não é uma senteça de morte.

- É fácil falar isso quando não é com você. - ele aumentou o tom de voz, e também a intensidade do choro.

- Alisson, o Pablo está certo. O pior já está feito...

- Droga, eu não quero morrer feio... Por que comigo, meu deus? - a cada frase ele falava mais alto. - Eu não quero morrer feio...

- Calma! Para de gritar... - Marcos também estava nervoso, e falava alto e balançava Alisson feito um boneco, e o outro continuava a gritar.

Pablo correu na cozinha pra pegar um copo d'água. Com certeza os vizinhos estavam ouvindo os gritos de Alisson, e a qualquer hora viriam ver o que estava acontecendo. Ao voltar pra sala, as coisas estavam na mesma, Alisson gritando e chorando feito um louco, e Marcos sem saber o que fazer. Pablo entregou o copo de água para Alisson, obrigando-o a tomar tudo.

- Eu não quero morrer feio... - continuou falando Alisson. Ele cambaleou um pouco, sentindo uma tontura. Marcos o sentou novamente. - Eu não quero mor... Nossa, estou ficando sonolento. - ele apagou nos braços de Marcos.

- O que você fez? - perguntou Marcos espantado.

Pablo mostrou um vidro de comprimidos:

- Calmantes. - deu um sorriso amarelo.

- Ótima ideia, meu amor... Agora vamos leva-lo para o quarto de hospedes.

Os dois acabaram de ajeitar Alisson na cama, e foram pra cozinha.

- Café? - perguntou Marcos, Pablo fez que sim com a cabeça. - Que loucura isso, né... Estou totalmente sem chão.

- Loucura mesmo. Coitado, ele vai passar por tempos difíceis...

- Ai, mais essa... Acho que nunca vou ter paz. - Marcos colocou café na xícara de Pablo e na sua, e se sentou. - O Alisson vai precisar de todo nosso apoio, Pablo, ele não tem mais ninguém nessa vida.

- Como assim? Ele não tem família?

- Não. Ele foi expluso de casa quando se assumiu, desde então ele vive sozinho. E eu como melhor amigo tenho que ajuda-lo. Não vou abandona-lo.

- Ele tem sorte de ter um amigo tão bacana como você. E pode contar comigo também, estamos junto nessa.

Pablo acordou cedo, na verdade nem tinha dormido direito. Colocou uma roupa e saiu pra comprar pão e outras coisas para o café. A padaria ficava a um quarteirão do prédio, ele foi andando tranquilamente pela rua, com fone no ouvido. Não tinha pressa pra voltar, Marcos e Alisson não acordariam tão cedo, graças ao calmante.

Ele estava tão distraído que não reparava no carro preto que o vinha seguindo de longe. Entrou na padaria, comprou pão, geleias, biscoitos e várias outras coisas. Queria fazer uma surpresa para Marcos e Alisson, pra tentar acalmar os nervosos. Aquele café especial seria apenas uma tentativa de maquiar a tensão que sentiam.

Saiu da padaria, colocou seu fone de novo no ouvido e rumou de volta para o apartamento. Na portaria, o porteiro o perguntara sobre a gritaria na noite passada, Pablo pediu desculpas, disse que o amigo estava com problemas no relacionamento dele, tinha descoberto uma traição, por isso da histeria.

Enquanto conversava com o porteiro, ele reparou no carro preto. Forçando os olhos ele conseguiu enxergar quem era o motorista.

- Seu Zé, você já viu aquele carro preto por aqui?

- Acho que já vi sim... - o porteiro parou um pouco pra pensar. - Com certeza, já vi ele rodando por aqui. Você sabe quem é?

- Acho que sim...

Pablo entrou no elevador. Sua memte estava a mil, o motorista era o mesmo homem que ele vira saindo do prédio de Pétala. Um arrepio correu por toda costela, estavam sendo vigiados esse tempo todo, como ele havia previsto. Sua mãe colocou capangas para vigiar seus passos, os medos de Marcos estavam certos, eles estavam correndo perigo.

Entrou no apartamento ainda pálido, olhou pela janela, o carro não estava mais lá. Resolveu deixar aquilo de lado, pelo menos naquele momento, não contaria nada para Marcos. Foi para a cozinha preparar o café.

Já era dez horas, quando Marcos acordou. Não acreditava que tinha dormido tanto, seu corpo parecia pesado e teve dificuldade pra levantar. Foi até o banheiro, lavou o rosto pra acabar de despertar. Não havia barulho algum na casa, com certeza Pablo já tinha ido para o escritório, era o que Marcos pensava enquanto ia para cozinha. Um aroma maravilhoso de café fresco invadiu sua narina.

- Não acredito no que estou vendo!

Marcos ficou parado na porta da cozinha, observando aquela mesa de café maravilhosa. Pablo estava em pé junto a pia, ele sorriu ao ver o espanto do namorado.

- Foi você que fez isso? - Marcos estava encantado, tanto tempo juntos e Pablo ainda o supreendia.

- Foi. Pensei em fazer algo especial pra hoje.

- Não sei se é uma boa ideia, Pablo. Esse momento é triste...

- Por isso mesmo, vamos ter um café da manhã tranquilo. Assim ficaremos mais calmos pra conversar.

- É, acho que você tem razão. - Marcos sorriu. - Cada dia te amo mais.

Trocaram alguns beijos.

- Ótimo saber que você ainda me ama. - Pablo acariciou o rosto do amado. - Bem, deixa o namoro pra depois. Você poderia ir acordar o Alisson?

- Claro... Obrigado pelo o que você está fazendo.

- Não agradeça. Estou fazendo minha obrigação de amigo.

Se beijaram novamente, e Marcos saiu.

- Ei, acorda. - Marcos balançava Alisson, que só resmungava sem abrir os olhos. - Vamos lá, brother.

- Brother é o caralho... - resmungou ele sonolente. Alisson odiava os chamados "adjetivos de macho". - Ai, estou meio down. Vocês me doparam, né? Espero que não tenham me violentado.

Marcos riu, o amigo estava de volta, com seu jeito sarcástico.

- Fica tranquilo, não usamos do seu corpinho. O Pablo só te deu um calmante pra você se acalmar.

Alisson se levantou, resmungou que estava com dor de cabeça e que precisava de um banho. Marcos o ajudou ir para o banheiro.

- Ai, queria que tudo não passe de um pesadelo, mas não é. - lastimou Alisson. - Estou me sentido um lixo.

- Para com isso, você não tem culpa de nada...

- Acorda, Marcos. Eu vacilei, dei mole e acabei pegando essa maldita doença. - Alisson estava a ponto de chorar novamente.

- Não fica se martilizando... - Marcos pegou Alisson pela mão. - Vem, vamos tomar nosso café tranquilamente, depois conversamos.

Os dois foram para cozinha. Alisson fez uma cara de espanto ao ver a mesa toda arrumada.

- Nossa, isso tudo é pra mim?

- Foi o Pablo que fez. - disse Marcos rindo.

Alisson correu até o Pablo e o abraçou.

- Sei que você quer se redimir por ter me dopado, mas não precisava de tanto.

- Estou vendo que você está melhor.

- Mais ou menos. Estou é com fome!

Todos riram, e se sentaram a mesa. Nenhum dos três comentaram sobre o assunto da doença durante o café. Depois do café eles foram pra sala, era hora de conversarem. Tanto Pablo quanto Marcos tiram o dia pra ficar com Alisson.

Pablo sentou na poltrona, enquanto Marcos e Alisson sentaram no sofá. Pousando as mãos sobre as de Alisson, Marcos deu ínicio aquela conversa:

- Alisson, primeiramente quero que você saiba que não está sozinho, eu e o Pablo não vamos te abandonar. Pode ter certeza que estaremos sempre do seu lado.

- Obrigado, vocês são as melhores coisas da minha vidinha de merda...

Alisson e Marcos davam sinais que iam começar a chorar, Pablo tomou a palavra:

- Por favor, nada de choro. Vamos enfrentar essa situação como homens...

- Mas eu não sou homem! - exclamou Alisson, enxugando as lágrimas.

Os três riram.

- Faz de conta que você é, então. - Pablo tentou ficar sério.

- Tá, vou tentar. Mas vai ser difícil...

Pablo admirou o jeito que Alisson estava enfrentando aquela situação, agora mais calma, conseguia até fazer piada. O pior já tinha passado, a descoberta, depois disso tudo seria um pouco menos traumático. Pablo sabia que Alisson estava destruido por dentro, mas lutaria bravamente pra vencer essa situação.

- Como isso foi acontecer? - era a pergunta que estava martelando na cabeça de Marcos. - Você sempre se cuidou.

- Eu vacilei, benzinho. As vezes fazemos coisas estúpidas...

- Você sabe com quem você pegou isso? - perguntou Pablo.

- Só pode ter sido com o Pedrão, só tava dando pra ele nos últimos tempos. Aquele maldito, sem vergonha.

- O Pedrão??? - Marcos ficou espantado. - Nunca imaginaria que ele tivesse aids.

- Nem eu... E acho que nem ele. - Alisson ficou tristonho. - Bem, ele foi o único com quem transei sem camisinha... Droga, eu estava apaixonado por aquele piru bonito.

- Ele precisa saber que está doente. - disse Marcos, pensando no perigo que Pedrão e seus parceiros sexuais estavam correndo. - Ele pode passar essa doença pra outras pessoas.

- Que se dane, aquele negrão filha da puta. Ele sumiu sem me dar satisfação. - Alisson segurou o choro. - Eu estava gostando dele, sabe, de verdade... E ele foi embora sem nem se despedir. - soltou o choro.

Marcos abraçou o amigo.

- Desculpa, Pablo, eu não consigo ser homem por muito tempo. - disse ele entre soluços.

- Não se desculpe, meu amigo. Você tem o direito de chorar o quanto quiser, só você sabe o tamanho da sua dor. - disse Pablo, que também estava com os olhos cheios de lágrimas. - Mas de qualquer forma, o Marcos tem razão, temos que encontrar e contar para esse sujeito que ele está doente e colocando a vida dos outros em risco.

- Tudo bem, vou tentar encontra-lo, e vou mata-lo para que não estrague a vida de mais ninguém.

- Não precisa ser tão severo. - disse Marcos.

Os três ficaram em silêncio, esperando as lágrimas cessarem. Vendo que todos estavam mais calmos, Pablo voltou a conversa:

- Como você descobriu? Digo, não fazemos teste de HIV sempre.

- Faço exame de sangue uma vez por ano, um hábito que tenho a muito tempo. Esse mês fiz o exame, meu médico ao examinar o laudo, me pediu pra fazer outro exame pra ter certeza de uma suspeita. A principio, ele não me contou que era um exame de HIV. Só ontem ele me contou... E como você viram, eu fiquei desesperado.

- E o que seu médico falou?

- Não sei, Marcos. Fiquei tão abalado, que não ouvi uma única palavra depois das palavras "soro positivo", sair correndo do consultório aos prantos... Você foi a primeira pessoa que me veio a cabeça, e vim pra cá.

- Você fez bem, nós vamos cuidar de você, não é Pablo?

- Com certeza... Vamos fazer de tudo pra você ficar bem.

- Ai, meu deus, vocês são uns amores. - Alisson agarrou Marcos num abraço. - Vem você também. - chamou Pablo para o abraço.

Eles ficaram abraçados, dando apoio um ao outro.

- Vocês serão a razão pela qual irei lutar pela vida... Vocês são tudo que eu tenho de mais valioso. - disse Alisson, dando um beijo no rosto de cada um dos amigos.

Petrus Agnus
Enviado por Petrus Agnus em 16/07/2013
Código do texto: T4390528
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