O resgate de uma vida

Não foi pretensão, no início do caminho apontado pela minha alma, era o que parecia ser, o resgate de um ser aprisionado, vivendo em uma cela, comendo dos próprios detritos, tendo como vigia um carcereiro, em um destes presídios, onde um prisioneiro não conhece o outro, um lugar com pouca ventilação, onde o ar é putrefeito e a luz não penetra pela ausência de janelas, quem via de fora, tinha a impressão de tratar-se de um castelo medieval.

Este que narra a história era aquele que tinha a possibilidade de resgatar aquele ser de libertá-lo, não havia escolha, quando forças além de nós comanda, dá a ordem, pressupostamente oriunda de níveis espirituais, a pressão exercida é tão esmagadora, que se traça uma trajetória de vida, exclusivamente focada naquela libertação, onde dia a dia vai se conhecendo vários detalhes, sobre a trajetória daquele ser, que se encontra de forma tão massacrante privado de sua liberdade.

A de se deixar claro que acreditávamos piamente naquilo que víamos pois, focávamos a nossa intenção em mudanças dos padrões de vida que levávamos naquele momento, acreditávamos que aquele resgate, era a oportunidade que o nosso espírito estava tendo como forma de auxiliar a sua parte material, que se encontrava a fazer seus aprendizados na terra, a ter clareza de propósito e se qualificar a frequentar conscientemente dimensões de vida muito mais luminosas, víamos este resgate como uma prioridade e não havia dúvida ou questionamento, sobre este detalhe em particular.

Dúvidas, questionamentos eram muitos, mas existia a certeza de que a missão de resgate era verdadeira, então impulsionado por tudo que via e percebia, coloquei me de prontidão de corpo e alma para executar aquele resgate, que até o presente momento não se completou, foram várias lutas e batalhas travadas, em vários locais, tanto na dimensão terra, quanto fora dela, sendo que o reconhecimento da situação do "preso, foi apenas uma ponta insignificante de um "iceberg".

A princípio o prisioneiro estava também acorrentado de forma a não conseguir ficar ereto, ficava sempre sentado ou agachado e havia muita palha no chão que se misturava aos excrementos do mesmo, que se encontrava em uma condição sub-humana.

A primeira tarefa que nos foi apresentada foi nos aproximar dele, sem sermos percebidos pelo carcereiro e ganhar a sua confiança, o que não foi nada fácil, pois o mesmo me tinha como a um fantasma e gritava, se contorcionando em delirante temor, semanas foram gastas para que o prisioneiro se acostumasse com a minha presença.

Depois veio a segunda tarefa que era estabelecer contato verbal com o mesmo para que houvesse comunicação, esta parte é a mais difícil e complicada, pois o mesmo havia ficado tanto tempo aprisionado, que não se dava conta de sua situação e chegava mesmo a amar o carcereiro, pelo simples fato, dele lhe dar comida, água e trocar a palha, que lhe servia para praticamente tudo.

Hoje olhando para o início de tudo, percebo como é impossível de fato, comunicar-se com alguém que não tem a possibilidade de reconhecer o ambiente que o circunda e a sua real situação, esta história será contada em capítulos, pois são a trajetória de uma alma.