Aloha - cap. 6

- Pronto, já chegamos em casa, seu chato.

- Chato, Eu?

- Claro, você só sabe reclamar, Dominick.

- Não é você que passou o dia inteiro num hospital, fazendo uma bateria de exames.

- Ah tá, desculpa maninho. Vem, te ajudo a entrar.

- Não precisa, eu ainda posso andar sozinho.

Dominick saiu do carro, logo que colocou os pés no chão, suas pernas falharam. Ester correu pra amparar o irmão, que reclamou, mas não tendo outro jeito, aceitou a ajuda dela.

Os dois adentraram em casa. Úrsula e Mark estavam a espera, deles. Úrsula se apressou até Dominick, e o abraçou forte.

- E ai, como foi lá? - perguntou Mark

- Os exames correram perfeitamente, amanhã saberemos o resultado. Ai, o médico poderá marcar o início do tratamento. - respondeu Ester.

- Tomara que comece logo esse tratamento...

- Sim, não vejo a hora de começar a sentir as dores, as naúseas e tudo mais... Estou muito ansioso. - resmungou Dominick.

- Nick! Já falei pra você parar com isso. Esse pessimismo não leva a nada.

- Esse otimismo de vocês também não.

- Chega. Venha, vou te levar pro quarto, você precisa dormir pra melhorar esse humor.

- Eu vou ligar para a mamãe, ela pediu pra dar notícias.

- Hum, ela quer só notícias... Ela devia está aqui.

- Nick, nosso pais tem compromisso importantes em Nova York, eles já dizeram que voltaram o mais rápido possível. - Mark defedeu os pais.

- Um filho doente devia ser a coisa mais importante.

- Vamos subi, essa discursão nunca acaba bem. - disse Ester. Sempre que os três discurtiam a ausência dos pais acabava em briga, Mark sempre foi o filho favorito e defende os pais com unhas e dentes, enquantos os outros dois eram contra tudo que os pais faziam. - Úrsula, você poderia fazer uma sopa pro Dominick e depois levar no quarto?

- Claro. Vou fazer do jeitinho que meu 'Dodo' merece. - Úrsula saiu pra cozinha.

Ester levou Dominick para o quarto, o ajudou a se ajeitar na cama. Ela se sentou na beirada da cama, e encarou o irmão caçula, e o afagando seu seus cabelos. Naquele momento ela se sentiu levada para um passado não muito distante, se lembrou de Dominick quando criança, uma criança frágil e carente de afeto, ele não tinha nem 4 anos direito e seus pais começaram com essa história de viagens, deixando-os ao cuidado da governata. Úrsula desde então se tornou o referencial de mãe para os três, sempre boa e amorosa. Ester, a mais velha do trio, tomou pra si trabalho de proteger o caçula, era ela que o colocava pra dormir, lhe contando história até altas horas da noite. Quando Dominick ficava doente, era ela que cuidava com afinco do menor. E isso não tinha mudado, estaria ao lado do irmão até ele está curado.

- Ester, eu vou ficar feio careca? - Dominick a despertou de suas lembranças. - Eu não posso ficar feio...

- Do que você está falando? Você é lindo de qualquer jeito. - disse ela, sorrindo. - Por que dessa preocupação boba?

- Eu estou com alguém... - Dominick falou baixinho, como se tivesse confessando um segredo. - Estou apaixonado, e ele gosta de mim também...

- "Ele"? - ela se espantou, com aquele confissão, feita tão espontânea. Nunca pensara que o irmão fosse gay.

- Sim, mana. O nome dele é Ariel, ele ainda está descobrindo a sexualidade dele, sabe?

- Sim. É você, desde quanto soube que era gay? E por que não veio conversar comigo?

- O Ariel é o primeiro cara que me atrai, eu não demorei a descobrir que o amava. Mas, ele ainda tem muito medo e dúvida, por isso estamos namorando escondido.

- Entendo. Espero que dei tudo certo pra vocês dois... E você trate de leva-lo na minha casa, quero conhecer quem roubou o coração do meu anjinho.

- Pode deixar, eu levo.

- Ótimo, agora durma um pouco. Daqui a pouco a Úrsula vem trazer sua sopa.

Ester deu um beijo na testa de Dominick, ajeitou a coberta. Já ia saindo, Dominick a chamou.

- Você acha que o Ariel vai gostar de me ver careca?

- Ele vai gostar de você de qualquer jeito.

- Ele dormiu?

- Sim.

Mark estava deitado sobre o carpete da sala, Ester se sentou ao seu lado. Ele apoiou a cabeça sobre as pernas da irmã.

Os dois sempre brigavam muito como todos bons irmãos, mas também se amavam incondicionalmente. Quando Ester se assumiu homossexual, Mark ficou dos lado dos pais, e por muito tempo os dois ficaram sem se falar. O tempo passou, e as brigas e acusações também se foram. Hoje os dois se respeitam e se adoram.

- Maquiável, o Dominick vai precisar muito de nós pra sair dessa.

- É Mark, porra.

- Mark... Que nome mais gay. - Ester deu uma risada.

- Eu gosto dele. - Mark não riu.

- Tá certo. Mark, o Dominick vai precisar da nossa total atenção nesse período de tratamento.

- Eu sei.

- Ouça, quero que você fique de olho nele no colégio.

- Tá bom, vou tentar não tirar os olhos dele.

- Você sabia que o Dominick tem um caso com um garoto?

- O que? O Dominick não é gay! - Mark se levantou e encarou a irmã, perplexo. - Ele até veio uma vez me pedi dicas pra conquistar uma garota.

- Ele acabou de me contar que está apaixonado por um tal de Ariel, conhece?

- Ariel... Ariel... Assim, é o amigo meio nerd do Nick, metido a fotográfo. - Mark fez uma careta. - Esse garoto dormiu aqui outro dia. Será que eles... Não quero nem pensar.

- Deixa de ser preconceituoso, Maquiavel. Se tiverem feito, ótimo. O Nick tá apaixonado, e não vou deixar você e nem ninguém atrapalhar esse amor, ouvi?

- Sim, mana. Não farei nada pra prejudicar meu irmão, mesmo sendo contra. Eu aprendi a respeitar o próximo com você. - disse Mark, sorrindo. Deitou novamente a cabeça nas pernas de Ester. - Mas tem o papai e a mamãe...

- O que têm eles? Eles estão a milhas de distância.

- Eles estão voltando...

- Droga, teremos tempos difícieis pela frente, então.

- Na família Fitcher é sempre tempos difícieis.

\O/

Ariel já estava acabando de ajeitar a gravata. Ódiava ter que usar gravata, mas sua mãe o obrigava a usá-la pra ir no culto.

- Já está pronto filho, só falta você.

- Só falta dá o nó nessa merda de gravata...

- Deixa eu te ajudar. Faz isso a anos, e ainda não aprendeu.

- Acho que nunca vou aprender.

S. Rubens deu o nó na gravata em questão de segundos. "Com certeza, eu nunca terei toda essa prática", Ariel pensou.

- Ariel, hoje um rapazinho foi te procurar na loja...

- Quem era?

- Ele não disse o nome, apenas entrou perguntou se você estava, quando disse que não, ele saiu.

- Como ele era?

- Ah, uma figura deprimente, uma bixinha afeminava. Não sabia que você andava com esse tipo de gente.

- Eu não ando. - respondeu Ariel, tentando não mostrar o espanto. - É que ontem ele foi na loja quando fiquei sozinho, e comprou uma chaleira comigo... Não sei porque ele voltou. - disse Ariel, na defesiva.

- Acho bom mesmo, esse tipo de companhia não serve pra você, filho... Bem, vamos descer.

Na sala, dona Elis passava um sermão no Bruno. Por causa da briga com o Benício, ele foi suspenso do colégio, é minha mãe teria que ir conversar com o diretor.

Na família Aguiar as coisas eram meio investidas, d. Elis é o braço forte, a mão de ferro, quem dar a última palavra. Enquanto Rubens é o lado mais calmo, mais compreensivo e amigo dos filhos. Por incrível que pareça, esse inversão de papéis dar muito certo.

\O/

Ariel esperava encontra Pilar no culto, mas ela não estava lá. Ele estranho a ausência dela, chegou perto do Miguel para pergunta-lo sobre ela. O rapaz estava teclando pelo celular, e quando Ariel encostou no ombro dele, ele se assustou. Encarou Ariel com um misto de raiva e susto.

- Desculpa, Miguel, onde está a Pilar?

- Ela não vem hoje. Tava passando mal.

- Ah tá.

Ariel se afastou de Miguel, e foi se sentar perto da sua família. Seu celular tocou, pensou ser o Dominick, afinal ele estava sumido o dia inteiro, não foi aula e nem deu satisfação.

Ariel foi pra fora do salão, para poder conversar melhor. O número não era conhecido, "quem será?", pensou. Atendeu, seu coração gelou ao ouvi a voz do outro lado.

- Pensei que não ia me atender. - A voz arranhada e fina de Benício era inconfundível.

- Quem te deu meu número? E por que você está me perseguindo?

- Poderia dizer o que você quer ouvi...

- Ah é, e o que eu quero ouvi? - Ariel entrou no joguinho do outro.

- Que eu estou louco por você...

- Hahahaha... - Ariel deu uma risada seca. - Nem que você fosse a última pessoa do mundo eu ia querer nada com você.

- Eu sei que te atraio, mas não é disso que quero falar. Afinal não tenho taleto pra ser amante. - Benício depochou.

- Então fala logo, o culto vai começar...

- Culto? Bixa crente não faz sentido nenhum. É o mesmo que jantar com seus carrascos.

- Vai te foder!

- Não dá, estou só, quer fazer a caridade? - Benício se divertia com a raiva que estava fazendo em Ariel.

- Vou desligar!

- Espera... Desculpa, as brincadeiras. Eu sei que é duro ser enrustido, eu posso te ajudar.

- Não quero ajuda! - Ariel estava burfando de raiva.

- Calma, estou falando sério. Vamos conversar.

- Não.

- Amanhã, na minha livraria.

- Eu disse não, droga.

- Estarei te esperando, a livraria fecha à sete, sete e meia está bom?

- Eu não vou, seu idiota.

- Ótimo! Também gosto de ti, beijo.

Ele desligou. Ariel ficou encarando o telefone, sem ação, até que a Raquel veio chama-lo.

Não conseguiu prestar atenção no sermão do pastor. Sua mente transitava entre a preocupação com Dominick, que não dava sinal de vida. E Benício, aquele garoto estava se tornando uma pedra no sapato dele, e Ariel queria se livrar dele o quanto antes.

\O/

"Eddie, quase infartei ao ver aquele garoto entrando na minha sala. Benício, esse é nome daquele petulante, ele é a pessoa mais esnobe e estúpida que eu já conheci. Você acredita que ele agrediu o Bruno, todos ficaram supresos com isso, um garoto de aparência tão frágil bater num cara fortão igual o Bruno.

Acrdeita que agora ele está me perseguindo, Eddie. Hoje a tarde foi me procurar na loja, meu pai achou estranho um garoto como ele me procurando. Fora isso, não sei onde ele conseguiu meu número, me ligou hoje a noite, e ainda marcou um encontro, mesmo contra minha vontade. Foda-se, ele vai ficar esperando, eu não vou!

Você tinha que ver a petulância do sujeito, eu me negando a ir e ele fazendo de desentendido. Mas sabe, amigo, dar vontade ir lá e dizer umas boas verdades na cara daquele garoto..."

O celular tocou.

- Droga, deve ser aquele viadinho de novo... O quê você quer? - Ariel atendeu sem olhar quem era.

- Nossa, que agressividade é essa? - a voz de Dominick saiu assustada.

- Nick, é você. Me desculpa, eu pensei que era outra pessoa.

- Quem você pensou que era?

- Isso não importa... O que aconteceu pra você sumir hoje?

- Não estava passando bem, então a Ester me levou no médico. Fiquei umas horas no soro. - mentiu ele.

- Por que não ligou? Eu estava morrendo de preocupação.

- Que fofo. - Dominick deu uma risada, seguindo uma torce seca. - Bom saber que você se importa comigo.

- Claro que me importo, você é importante pra mim.

- Você me ama?

- Você sabe que sim.

- Preciso ouvi...

- Eu te amo. - Ariel ficou vermelho. Era incrível como as coisas estavam acontecendo rápido, em apenas alguns dias Ariel estava totalmente encantado por Dominick. Ouviu uma torce do outro lado. - Você está bem?

- Mais ou menos. Queria você aqui. - Dominick fez uma voz triste. - Você podia vim me ver.

- Nick, já é quase meia-noite, minha mãe não deixaria eu sair de casa de jeito nenhum.

- Minha sogra é osso duro, hein.

Os dois riram. Bruno entrou no quarto, com cara de poucos amigos, se deitou.

- Ah, tenho que desligar. - disse Ariel

- Já, queria ouvi mais sua voz. Ela me acalma.

- Amanhã nos vemos no colégio, bjos...

Ariel desligou. Se ajeitou na cama, desligou a luz do abaju. Tenho dormir, mas não coseguiu, sua mente estava a mil.

Petrus Agnus
Enviado por Petrus Agnus em 24/06/2013
Código do texto: T4356394
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.