Mundo Cão - cap. 32
Aquela segunda-feira amanheceu ensolarada, o céu estava limpo sem nenhuma nuvem. O despertador tocou duas vezes, mas meu corpo se recusava a levantar. Bruno me cutucou, dizendo que estava atrasado e que o Lipe já tinha saído. Saltei da cama, corri desengonçado para o banheiro.
Depois de tomar meu banho e de fazer minha higiene matinal, coloquei uma roupa e desci pra cozinha. Sentado à mesa estavam o Bruno, o Marcelo e o Lipe.
Me sentei entre o Bruno e o Marcelo.
- Bruno, seu miserável, eu não estava atrasado. - resmuguei ainda sonolento - Droga, você fez eu correr atoa.
- Foi mal... - disse ele entre risos.
- Você chegou tarde ontem, hein Denis... E ai o que você andou aprontando, menino? - Lipe falou como um pai.
- Que isso? Está dando uma de paizão agora?
- Agora tenho que ser um homem sério, afinal serei pai aqui alguns meses.
- Ah sim, e está treinado comigo? - perguntei rindo - Nem vem, hein. Sair de casa pra não ter um pai me enchendo.
- Já era, Lipe. O Denis já não é mais aquele menino meigo que chegou aqui. - se intromenteu Bruno na conversa.
- Pudera neh... Já passei por tantas coisas, tive que amadurecer em questão de meses. - respondi.
- Verdade. Todos nos passamos por muitas mudanças em tão curto tempo... Quem imaginaria que eu seria pai?!?!
Todos concordaram com um aceno de cabeça e risos.
- Mas, diz aí, Denis, o que aconteceu ontem? - perguntou Bruno, me encarando.
- Só posso dizer que foi um dia incrível. Um dia inesquecível...
- Hummmm - exclamou os dois, depois cairam na gargalhada.
Continuamos o desjejum animados, os dois tentavam arrancar confissões de minha pessoa, eu me fazia de bobo e desconversava. Do meu lado Marcelo estava calado e indiferente a conversa da gente, eu reparei que ele estava diferente, tenso e triste.
- Celo, o que foi? - perguntei, o encarando. - Aconteceu alguma coisa?
- Nada, só estou com alguns problemas aí...
- Se eu puder ajudar...
- Eu tenho que resolver isso sozinho. - ele disse isso e se levantou - Com licença.
Marcelo saiu da cozinha e subiu para os quartos. Eu e os outros ficamos um tempo em silêncio, tentando entender o quê estava acontecendo com Marcelo.
- Nunca vi o Celo tão sério assim. - Bruno soltou o primeiro comentário.
- Verdade... - falou Lipe, completou: - Ele é um homem sério, acho que vou pedir umas dicas pra ele...
- Lipe! - censurei ele - O problema deve ser grave.
- Foi mal... Bem, temos que ir pra academia Denis. - Lipe desconversou ao ver que tinha falado merda. - Fica tranquilo, seja o que for, o Celo saberá resolver...
- O Celo sempre sabe o que é o certo a fazer! - completou Bruno.
- É, vocês tem razão.
Nos três saímos para o trabalho. Eu ainda estava curioso e preocupado com o que estava acontecendo com o Marcelo. Resolvi que a noite conversaria com ele, e daria o meu total apoio como ele sempre faz com todos...
Marcelo entrou no quarto de Yago, reparou que ele não tinha dormido em casa. "Melhor assim...", pensou alto. Agachou e tirou de debaixo cama uma mala grande.
Foi até o guarda-roupa de Yago, e começou a retirar as coisas dele de lá. E foi arrumando tudo cuidadosamente dentro da mala.
Silas já estava de saída para o trabalho, mas antes foi ao quarto da mãe. Ela estava dormindo. Silas a fitou por algum tempo, dona Carmem perecia a olhos vivos, o coração do filho doía ao constatar isso.
Silas se aproximou e deu um beijo na testa da senhora. Ela abriu os olhos com certa dificuldade. Ela sorriu ao avistar o rosto do filho, ele devolveu o sorriso.
- Bença, mãe. - disse ele, tomando a mão de Carmem entre as suas e beijando-a respeitosamente.
- Bença, meu filho... - ela respondeu com a voz fraca - Você está tão bonito hoje, parece mais vivo.
- Oras mãe, eu estou normal.
- Ontem você ficou fora o dia inteiro. E só voltou tarde da noite.
- Não se preocupa. Eu estava bem acompanhado... - foi a melhor resposta que Silas conseguiu dá.
- É aquele rapazinho, não é? - perguntou Carmem, dando um leve sorriso cansado - Aquele menino educado que você trouxe outro dia pra me fazer uma visita. Naquele dia você disse que ele é 'apenas' seu amigo.
- O Denis? Sim, ele é meu amigo...
- Filho, eu sei que ele não é só seu amigo. Eu reparei os olhares que vocês trocavam. - ela falou isso calmamente. Não havia rancor na sua fala, era amável. Mesmo assim Silas estremeceu e suou frio. Isso era o que ele mais temia, tinha medo do que sua mãe ia falar, afinal ela sempre dizia que era um pecado.
- Sabe o que é bom quando sentimos que estamos no fim da vida? - Ela continuou. Silas nada disse, apenas ficou ali encarando a mãe. - Começamos a ver o mundo com uma outra ótica... Silas, meu amado filho, sei que você escondeu isso de mim por medo. O que é totalmente aceitavel, durante toda minha vida fui uma fiel cristã, e na crença cristã isso é um pecado abominável...
- Mamãe... - Silas tentou articular uma resposta, mas Carmem fez sinal para que ele se calasse.
- Eu mudei, filho. Pode parecer loucura, mas quando vi você e o Denis se olharem, juro que senti que é forte o sentimento que uni vocês. E eu entendi naquele momento que o amor é uma coisa muito maior do que qualquer norma ou lei humana, e até divina. Esse sentimento deve ser louvado e não criticado.
- Eu amo o Denis! - a frase fugiu da boca de Silas, que estava com lágrimas nos olhos. - Eu me sinto completo e forte quando estou com ele. No começo eu não queria, mas foi inútil fugir. O que sentimos um pelo outro é muito forte.
- Fico feliz em ouvi isso... Agora posso ir embora em paz, pois sei que você terá força pra cuidar de tudo quando me for.
- Você é a melhor mãe que alguém poderia ter... - Silas deixou as lágrimas correrem pelo rosto.
Abraçou a mãe, ela afagou os cabelos dele.
- Cadê a Camila? - perguntou Agatha ao entrar na cozinha. Denise estava sentada sozinha.
- Está acabando de se arrumar. Hoje vamos comprar as últimas peças pra casa nova. - disse Denise com empolgação.
- Legal. - Agatha deu um sorriso amarelo.
- Você bem que podia vim com a gente, amiga. Você é tão boa com decoração.
- Desculpa, mas hoje eu já tinha prometido ajudar a Paula na loja... E falando na Paula...
- Estou pronta! - gritou Camila do quarto.
As duas foram para a sala, Camila veio se encontrar com elas. Estava vestida com um vestido florido bem largo, que deixava sua barriga ainda maior.
- Nossa, Mila, você está linda de grávida. - elogiou Denise.
- Eu sei, sou sempre linda!
- Convencida...
- Vambora, sua chata.
- Em espere um pouco... - disse Agatha, antes que as amigas saíssem. - Preciso falar com vocês. Bem, preciso pedi uma coisa.
- Oras, pode pedi. - disse Camila sorridente.
- Se for de nosso alcance nós te ajudaremos. - falou Denise também com um sorriso no rosto.
- Bem, a Mônica está internada, ninguém sabe por quanto tempo. A Camila, agora vai se mudar, e só vai sobrar eu e você, Denise...
- Tá... E o que tem? - perguntou Denise.
- É... A Paula está brigando muito com a família dela, e eu de impulso a convidei para vim morar aqui... - Agatha estava vermelha de vergonha. Tinha quebrado uma regra da república, na qual só poderia aceitar uma nova inquilina com o aval de todas as outras. - Desculpa por ter feito isso sem consultar vocês. Se vocês forem contra, eu vou entender...
- Que dia ela vem pra cá? - perguntou Denise, com um tom de indiferença.
- Oh, peça ela pra não fazer a mudança no mesmo dia que eu. Quero exclusividade! - brincou Camila.
- Sério que vocês não se importam? - Agatha abriu um largo sorriso.
- Claro, amiga! - Camila foi até a colega e a braçou.
- Sabemos como isso é importante pra ti... E se é importante pra ti, é pra nos também. - disse Denise, se juntando ao abraço.
- Vocês são demais!
Yago estava com o corpo todo dolorido com a noite que passara em claro, sentado no banco de praça. A forma séria com que o Marcelo falou e o olhar de ódio ainda o pertubava. Não queria perder seu único amigo, por isso passou a noite inteira procurando uma forma de se desculpar com o Marcelo. Mas não encontrou nenhuma forma de explicar ao amigo os motivo de ter feito isso.
Já era quase nove da manhã, todos já tinham saído para o trabalho, ele previu. Entrou na república seguro que não havia ninguém em casa, e ele poderia dormir em paz.
Mal acabara fechar a porta, constatou que não estava sozinho. Marcelo estava parado próximo a escada, ao seu lado estava repousada uma mala. Yago reparou que aquela mala era sua, e advinhou o que isso significava, mas preferiu se fazer de desentedido.
- Oie... - disse ele timidamente. - Pensei que estaria trabalhando... Vai viajar? - perguntou com tom de ingenuidade, apontando para a mala.
- Essa mala não é pra mim. Ela é sua! - Marcelo falou secamente. - Você vai embora dessa casa hoje.
- Espera ai, vamos conversar Marcelo... Eu sei que pisei feio na bola, mas eu tive meus motivos. - argumentou Yago.
- Não importa os motivos, foi abominável o que você fez. O Denis, o Kiko e o Léo não mereciam isso. Você pisou nos sentimentos deles, você usou as chagas do Kiko pra obriga-lo a fazer essa maldade. Você destruiu o relacionamento do seu irmão...
- Ele não é meu irmão! - exclamou Yago categórico, e cheio de rancor.
- Ele é seu irmão, você sabe que ele é. E o Denis? Você pensou na dor dele? Eu pensei que você estivesse gostando dele.
- Eu não sei o que sinto pelo Denis, é uma mistura louca de ódio e desejo... Marcelo, por favor, me perdoa. Eu não me importo com o ódio dos outros, mas eu preciso de você. - os olhos verdes de Yago estavam agora vermelhos e imundados. Marcelo não se abalou, daquela vez não se deixaria levar pela compaixão, Yago errou e tinha que pagar o preço desse erro.
- Yago, eu não posso mais ser seu amigo. Sua maldade me enoja... Por favor, pegue essa mala e vai embora, e deixe todos dessa casa em paz.
- Você nunca vai me perdoar? - a pergunta soou como uma súplica.
- Você feriu meus amigos, e você sabe que as dores dos meus amigos são minhas também. - Marcelo deixou uma lágrima escorrer dos olhos, o carinho que sentia por Yago ainda falava alto, mas seria forte. - Se pelo menos você demostrasse está arrependimento...
Yago se aproximou de Marcelo, que fazia uma força danada pra se manter o mais frio possível. Yago o encarou, naquele momento não era preciso dizer mais nada, os dois sabiam que a amizade, mesmo abalada, ainda existia. Yago via em Marcelo a figura do pai que ele nunca teve, um pai amoroso e rígido, que sabe a hora certa de apoiar e a de censurar. Marcelo mesmo magoado, estava ajudando o amigo, quem sabe Yago não aprenderia algo com tudo aquilo, era o que ele esperava.
Os dois se abraçaram. Não havia mais rancor entre os dois, apenas um sentimento sincero de bem-querer.
Desfeito o abraço. Yago pegou a mala, e sem mais nenhuma palavra, se dirigiu a porta.
-Yago. - chamou Marcelo. - Se cuida.
O outro apenas sorriu e saiu.
Marcelo se jogou no sofá, com as lágrimas brotando aos montes, e o coração nas mãos. Sabia que tinha feito o certo, mas sentia que longe de seus olhos, Yago poderia fazer coisas bem piores. "Seja o que deus quiser...", pensou.
Eu estava cheio de trabalho na academia, desde que o Kiko e a Camila sairam, eu acumulei várias funções adminitrativas ao lado do Lipe, que é péssimo nessa área, acabei ficando incubido a gerência do lugar.
Estava distraído analisando algumas planilhas de gastos, super estressado, pois as contas não estavam batendo. Ouvi a porta abrindo, no certo seria o Lipe vindo me encher.
- O que foi agora? - soltei um resmungo sem tirar os olhos das planilhas.
- Atrapalho? - gelei ao reconhecer aquela voz. Levantei meus olhos e o fitei, depois de dois meses, que pareceram anos, ali estava ele de novo a minha frente. E o mais estranho, não tinha mais raiva ou rancor por dele - Podemos conversar?
- Estou ocupado, podemos conversar mais tarde. - disse secamente. - Pra quem esperou meses pra me procurar, algumas horas não deve ser problema. - completei, deixando claro que ainda estava magoado.
- Vai toda diferença... Denis, não vim me desculpar, pois o que eu fiz não tem perdão.
- E o que você quer então, Kiko? Aquilo tudo passou, eu estou bem agora. E já te risquei da minha vida, você devia fazer o mesmo.
- Precisamos colocar tudo em panos limpos, antes de virar a página.
- Tá, então comece. - tentava ser o mais seco possível. - Não tenho tempo pra perder.
- Vem comigo...
- Eu não posso sair, estou em horário de trabalho.
- Isso pode esperar, Denis. - Kiko estava ficando impaciente com a hostilidade de Denis.
- Eu não vou a lugar nenhum com você! - disse sério.
- Ou você vem por bem ou terei que te arrancar dessa cadeira? - disse Kiko, mostrando que não estava com paciência.
- Onde você quer me levar?
- Essa conversa não é só sobre nós dois...
Kiko saiu da sala, eu me levantei e fui atrás dele. Lipe o abraçou quando o viu, os dois trocaram algumas palavras.
Saímos pela rua, andando lado a lado sem trocar uma só palavra.
Kiko parou em frente ao buffet de Diana. Logo entendi o que Kiko queria, e achei sensato, afinal o Léo foi o que mais sofreu com toda aquela mentira.
- Você entra primeiro. - ele disse sério. - Diz pra ele que eu estou aqui pra contar a verdade.
- Por que você não entra?
- O Léo não me daria nem chance de abrir a boca... O seu ex é esquentadinho que nem o irmão.
- O Léo tem irmão? - perguntei.
- Vejo que você ainda não sabe, melhor assim... Vai lá.
Contrariado, entrei no buffet. O léo estava arrumando umas caixas, cheguei perto. O chamei e ele se levantou assustado.
- Denis, o que você está fazendo aqui? - ele perguntou, com um misto de alegria e espanto.
- Eu ainda não sei direito... O Kiko quer nos contar a verdade por trás daquelas fotos.
- Não estou entendendo.
- O Kiko está ali fora. - apontei para a porta onde Kiko esperava. - Ele quer nos contar toda a verdade.
- Isso importa agora? - ele falou com amargura. - Pensei que você estivesse feliz com o outro.
- Isso não vem ao caso, Léo. Eu quero te provar que não te trair...
- Com o Kiko até pode ser...
- Droga, para de acusar, eu fui fiel a você... Vai deixar o Kiko entrar ou não?
- Tudo bem.
Nós três nos sentamos dentro do escritório, a atmosfera na sala era pesado, os três calados, sem saber o que viria pela frente.
- Bem, o que tem a dizer é simples e rápido. - Kiko começou. - Denis, eu nunca quis te magoar, você não sabe como doeu fazer aquilo contigo...
- E por que fez? - não consegui evitar a pergunta.
- Fui obrigado a fazer... O Yago me chantagiou.
- O que??? Mas por que? Por que ele faria isso?
- Raciocina, Denis. - Léo não parecia espantado com a notícia. - O Yago me odeia... Sempre me odiou.
- Por que tanto ódio?
- Também queria saber. - a voz de Léo saiu triste. - O Yago é meu irmão adotivo, fomos adotados pela mesma família. O Yago sempre foi uma pessoa ruim, desde de criança.
- Por que você e nem ele me contaram isso antes?
- Ele me pediu pra não contar...
- Denis, o Yago é um criatura vil. Ele não tem coração, ele te usou pra atingir o Léo.
- E ele conseguiu, desgraçado. - lamentou o Léo.
- Espera, eu acho que tem um outro motivo para o Yago ter feito tudo isso.
- Qual??? - os dois perguntaram juntos.
- Dias antes do ocorrido, o Yago me agarrou e confessou está apaixonado por mim...
- Miserável! - Léo não escondeu a raiva. - Ele sempre quer tomar tudo de mim.
- O Yago apaixonado? Improvável!
- Também achei isso, Kiko. Mas, quando ele me beijou, eu senti que o desejo dele era real. - falei, naquele momento tudo passava a fazer sentido. - Eu desprezei dele, e ele armou tudo pra se vingar.
- Faz sentido... - Kiko ponderou
- Sim. Ele não se vingou de apenas uma pessoa, mas sim de nós três... Eu por ter o depreza-lo. O Léo por está comigo. E o Kiko por ser meu melhor amigo.
- Seu raciocínio tem uma certa lógica...
- É, mas isso já não tem mais importância... Acho melhor deixa isso pra trás, e continuamos nossas vidas. - disse Léo, tentando mostrar indiferença. - Afinal tudo agora está explicado, e a gente nem está mais junto né Denis? - tinha um certo rancor na sua fala.
- Léo, eu já disse que quero ser seu amigo... E agora que sabemos que tudo foi armação do Yago, que eu não te trair, quem sabe possamos voltar a conversar.
- Você ama outro cara, e eu ainda te amo, não vejo como podemos ser amigos.
- Nesse caso não posso fazer nada. Só espero que você fique bem. - aquele era com certeza o fim da minha história com Léo, agora sem mentiras e segredos, mas ainda com uma certa mágoa, natural. - Bem, tenho que voltar para a academia.
- Tchau. - foi tudo que Léo disse.
Me levantei e sair, ele continuou sentado, sem dizer nenhuma palavra, sem um abraçado de despedida. Kiko também se levantou pra ir embora, mas Léo se apressou e parou a sua frente.
- Kiko, me ajuda a me vingar do Yago.
- Não. - Kiko disse sem rodeios, desfiou do Léo e se dirigiu para a porta, e antes de sair, completou: - Léo, você não precisa se vingar, o Yago terá o que merece. E você, meu camarada, trate de ocupar esse coração com algo novo.
Kiko saiu, deixando Léo a sós. Ele estava com muita raiva do Yago, é não conseguiria deixar tudo aquilo de graça, não dessa vez.