A HISTORIA DE OLHOS QUE ME VEEM
Capitulo 07
Ao passo que o automóvel se dirigia para o centro da cidade as construções iam, ficando cada vez mais modernas, até estacionarem a frente de um enorme edifico moderníssimo e de extremo bom gosto.
Era o centro medico onde, o noivo de Isolda trabalhava, se era moderno pro fora tinha que ver por dentro, ambiente amplo, iluminado por enormes telhas de vidro e uma clara boia enorme no meio do salão por onde entrava o sol da manhã de inicio de inverno.
Na entrada do salão encontraram com Josef, o medico indicado por Isolda que os tratou como da família, encaminhou-os para a sala de consultas e fez as perguntas iniciais:
- mostre-me os exames que você já fez. Posso me basear neles para fazer outros.
- outros?
- sim para um diagnostico preciso tenho que fazer exames.
Examinou com cuidado os papeis e falou:
- mais exames pode ser feito aqui mesmo temos o melhor centro de analises clinicas e medicas de toda a Europa.
Ainda receoso Quim segurou forte a mão de Sonia e foi com Josef.
Os poucos minutos pareciam anos de espera até que eles voltaram, nas mãos de Josef vinham o futuro de Quim.
- pode falar doutor não tenho medo da morte.
- não seja tão extremistas Quim, pode ser que tudo dê certo, que sua vida se transforme que case com Sonia...
- fala de uma vez amor ele pode fazer a cirurgia?
- é só ele querer.
- como assim? O medico em Londres falou que se eu fizesse a cirurgia, perderia minha memória, se eu não fizer eu morro.
- mas eu lhe dou uma terceira opção. Viver e lembrar de tudo de tudo que já fez e pode fazer.
- eu tenho medo de esquecer da Sonia.
- sabe Quim, o amor não está no cérebro está no coração. Olha isso é cientifico.
- faz a cirurgia. – falou Sonia com a voz tremula- faz meu amor eu sei que mesmo que não lembre de nada eu vou te fazer me amar de novo.
Aquelas palavras doíam funda na alma dos dois, mas era necessário.
- eu faço. Quando será?
- amanhã. Fica internado hoje e amanhã cedo faremos a cirurgia.
Sonia sorria mas notava em seu olhar algo diferente, triste sofrido. Distante.
A noite caia e eles estavam no hospital, Quim ficara em um quarto na ala superior de onde se podia ver os campos verdejantes, a auto estrada e parte da cidade.
- tem certeza que vai ficar bem? Posso ficar a noite aqui com você!
- tenho pode ir. Acho que preciso ficar sozinho.
- e a sua família? Seu irmão? Liguei pra ele ontem a noite do avião e contei tudo. Ele estará aqui na quarta.
- hoje é segunda. Então... ai eu to com medo.. muito medo.
- nada vai dar errado. Eu não sei como as eu sei que mesmo que eu não saiba nem quem eu sou, eu vou saber que te amo. Sonia confia em mim. Eu vou ficar bem.
Olhando Josef na porta do quarto pediu:
- promete só levar ele pra sala de cirurgia quando e chegar?
- prometo Sonia. Vocês merecem se ver antes da cirurgia.
Sonia abraçou forte, tão forte como ela nunca pensou em abraçar alguém. Beijou, e saiu.
No corredor foi inevitável ela chorou muito, descontroladamente, sabia que aquela poderia ser a penúltima vez que ia vê-lo. Tinha medo de perde-lo mas sabia que ele não fizesse a cirurgia ele morreria.
- te garanto Sonia ele não vai perder a memória.
- e a vida? Ele vai continuar vivo?
- vai sim. Garanto essa não é a primeira cirurgia que faço desse tipo.
A noite parecia não passar, era inevitável não pensar mas Sonia podia fazer algo para passar o tempo, pegou o velho caderninho que a acompanhava desde a vinda para Inglaterra e começou a ler:
“OLHOS QUE ME OLHAM
NÃO SEI ONDE ESTÃO
NÃO SEI QUE CORES SÃO
NEM A FORMA QUE TEM
SÃO APENAS OLHOS DE AQUÁRIO
QUE ME CERCAM SEM ME VER
QUE EU VEJO SEM CERCAR
OUVIDOS QUE ME OUVEM
SEM ME VER FALAR
SÃO AQUELES LÁBIOS QUE JÁ BEIJEI
SEM OS TOCAR.
MÃOS QUE NÃO VEJO MAS QUE AMO
SÓ EM LEMBRAR
SÃO PALAVRAS DITAS ALEM DA VOZ
SÃO SORRISOS MANDADOS ALEM DO TEMPO
ALEM DO ESPAÇO.
É UM AMOR SEM MEDO DE SER
SIMPLESMENTE AMOR.
A QUEM VIVA NO DESERTO
SONHANDO EM ENCONTRAR
A QUEM AME NO ESPAÇO
SONHANDO EM OLHAR
A QUE ESPERO EM DEUS
UM DIA TE ENCONTRAR
OLHOS QUE ME OUVEM
E PALAVRAS QUE ME VEEM.”
Era a poesia que escrevera no dia em que conhecerá Quim. Resolveu reescrevê-la e entregar a ele.
Pegou papel e caneta e seu perfume preferido, escreveu no papel a poesia e borrifou o perfume. Deitou-se na cama e ficou lembrando daquele dia sem saber nada de inglês, sem entender uma palavra e Quim a ajudou.
O sou já nascia por trás dos prédios da cidade quando Sonia levantou andou até o banheiro se vestiu tomou um pouco de café puro e saiu com a amiga. O caminho parecia mais longo que no outro dia.
Ao chegar Sonia saiu apressada do carro quase correndo e entrou chegou no quarto e encontrou Quim sentado na cama olhando o paisagem da janela.
- Quim?
- Sonia?! Você veio?!
- vim sim! Isso é pra você.
Ele pegou o papel, sentiu o perfume e falou:
- mesmo que daqui a 1000 anos eu vou lembrar da menina que me pediu ajuda na estação de trem que usava esse perfume. Eu te amo Sonia. Me espera.
- eu juro que espero.
O medico e chegou, a enfermeira e outro ajudante. Quim trocou sua roupa, e olhou para ela, sentou na cadeira de rodas e saiu. Sonia a seu lado. Quando chegou na porta do centro cirúrgico a enfermeira lhe avisou que deveria voltar ela parou Quim olhou para trás e acenou.
Ela não conseguiu conter as lagrimas era impossível não chorar.