Aloha - cap. 5
"Estou muito estressado, Eddie.
Aquele garoto idiota! Espero nunca mais vê-lo na minha frente. Imagina só, ele nem me conhece e já vem falando da minha intimidade. Quem ele acha que é, pra ficar julgando os outros?
Tá certo, que ele não disse nenhuma mentira. Mas, e se alguém chegasse naquela hora, meu amigo? E se meu pai ouvisse que o filho dele é gay? Aquele garoto foi um babaca. O pior é saber que ele vai abrir uma livraria na mesma rua que a loja do meu pai. Certamente voltarei a vê-lo, infelismente.
Quer saber, vamos deixar aquele ser de lado.
Hoje fiquei com o Dominick, Eddie. Foi gostoso, sabe. O Nick é muito carinhoso, e seu beijo me deixa em êxtase.
Sabe, Eddie, estou começando a pensar que ser gay não é um pecado tão grave assim... Talvez, a bíblia não tenha razão nesse sentido. Talvez, amar outro cara não seja um erro assim tão grave. Amar não é pecado..."
Bruno entrou no quarto. Ele estava estranho, muito agitado. Foi até o guarda-roupa, e guardou algo no fundo da gaveta de meias. Pegou roupas limpas, e foi para o banheiro.
Ariel nada disse, apenas observou o irmão, enquanto fingia está escrevendo. Depois que o irmão saiu, se levantou da cama, e guardou o diário, perdera a vontade de escrever. Ligou o computador, para dar uma olhada no seu facebook. Samuka estava online, chamou ele no chat e contou tudo que aconteceu na loja com aquele garoto.
Bruno voltou para o quarto e deitou. Mesmo com o calor que estava fazendo, ele pegou uma coberta. Ariel reparou que ele estava tremendo e com os olhos vermelhos.
- O que você tem? - perguntou Ariel, preocupado - Você está estranho.
- Não tenho nada, só estou cansado. - ele respondeu ofegante.
- Tá o maior calor, e você está todo enrolado na coberta.
- Não enche, me deixa dormir. - Bruno cobriu a cabeça com a coberta.
Ariel deixou pra lá, voltou sua atenção para a tela do computador.
Ariel e Samuka chegaram cedo no colégio, então se sentaram num dos bancos da praça, para conversar.
- Estou louco pra ver minha primeira matéria publicada. - disse Samuka - Tá certo que é só um jornal de bairro, mas eu estou me sentindo um jornalista da Times.
Os dois riram.
- Mas, até agora você não disse sobre o que é sua matéria.
- É segredo...
- Samuka, precisamos falar com você.
Julian parou na frente dos dois amigos, ela estava acompanhada de Emílio, um nerd, que sempre usa uns óculos rendondos e grandes, e umas roupas que parecia ter tirado do baú da avó. Já Julian, era uma nipônica baixinha e bem vestida, tinha um rosto bonito, com seus cabelos castanhos na altura dos ombros, era meio gordinha, mas com um certo charme. O que mais impressionava nela era o ar de autoridade, todos no colégio evitava caçar briga com ela, afinal, ela sempre vencia as brigas que entrava, e tê-la como inimiga não era nada bom.
- Algum problema? - perguntou Samuka, assustado com o tom da voz da garota - Já sei, você não gostou da minha matéria.
- Pelo contrário, sua matéria é ótima! - ela falou, dando um leve sorriso.
- Sério?! - os olhos de Samuka brilharam de tanta alegria.
- Claro que sim. Você escreve bem, e o tema é bem atual.
- Obrigado. - Samuka sorria feito uma criança.
- Julian, fala com ele. - disse Emílio.
- Tá tá... Samuka, o campeonato regional vai começa, e o Emílio deu a ideia do nosso jornal cobrir o evento. Ai, pensamos que você poderia fazer a cobertura, o que acha?
- Eu ia adorar dá uma de repórter esportivo. - respondeu Samuka todo sorridente.
- Então está bem... Tchau.
Julian e Emílio já foram indo embora.
- Julian! - Samuka a chamou, ela se virou e o encarou - Vocês tem fotógrafo?
- Não. - Emílio se adiantou a responder - Quando se precisa de fotos eu mesmo tiro elas.
- Por que está perguntando isso? - perguntou Julian.
- O Ariel pode tirar as fotos do evento. Ele é ótimo como fotógrafo.
- Que? - Ariel que até então só ouvia a conversa, se assustou com a proposta de Samuka. Julian também ficou surpresa.
- Sim, Ariel, você é bom. E uma boa cobertura de campeonato tem que ter belas imagens. - Samuka falou com segurança.
- Querido, é só um campeonato amador. - disse Julian, com indiferença.
- Mas, isso vai dar mais credibilidade e público para o jornal.
- Não sei, não...
- Acho que ele tem razão. Boas imagens podem fazer diferença. - falou Emílio.
- Você acha mesmo? - Emílio fez que sim com a cabeça - Tá, vamos conversar com a Celina, se ela aceitar, o Ariel pode entrar na equipe.
Julian não esperou resposta, saiu andando, acompanhada de Emílio. Samuka ficou vendo ela indo embora, com uma cara de apaixonado.
- Você é louco, nem me perguntou se eu quero fazer isso. - Ariel estava bravo com o amigo - E só pra deixar claro, eu não quero!
- Nem vem... Você vai me ajudar sim.
O sinal tocou, e os dois amigos entraram no colégio. Samuka ia tentando convencer Ariel a ajuda-lo.
Eles continuavam a discute, quando a Suzanna, professora de português, entrou na sala. Ela é jovem, loira e bonita, e também muito rigida.
- Todos sentando, por favor. - disse ela, colocando os livros sobre a mesa - Abram o livro no capítulo 10.
- Com licença, professora. - o diretor Aurélio apareceu na porta, e entrou na sala - Pode entrar. - fez sinal para alguém entrar.
Ariel gelou ao ver quem entrara na sala. Não podia acreditar, aquilo era uma piada do destino, só podia ser.
- Bem, alunos, esse é o Benício, ele acabou de chegar na cidade e no colégio. Espero que o trate bem.
Benício! Então era assim que ele se chamava. Ele estava vestido com uma calça jeans apertada e com a camisa de uniforme do colégio, o cabelo e as pulseiras estavam iguais ao dia anterior.
- Pode se sentar, Benício. - disse Suzanna - Vamos continuar a aula.
Ariel não conseguia desviar o olhos de Benício, o garoto passou por ele e o lançou um sorriso. Ariel ficou hiper desconfortável, olhou pra trás e Benício o estava encarando, todo sorridente. Ele queria sair correndo da sala, mas em vez disso, apenas se virou para frente e tentou prestar atenção na aula, em vão.
O sino do intervalo tocou. Ariel saiu quase correndo da sala, Samuka o alcançou. Os dois se sentaram no refeitório, Ariel estava agitado e confuso.
- O que está acontecendo? Você está pálido.
- Samuka, o novato é o garoto da loja. - disse Ariel, ainda nervoso pela surpresa. - Caramba, não acredito que vamos estudar na mesma sala.
- Que azar, amigo. Agora, você vai ter atura-lo.
- Droga, ele tá vindo pra cá...
Ariel fez uma cara de bravo, tentando mostrar que não queria conversa. Benício, por outro lado, vinha todo sorridente.
Benício andava como se tivesse desfilando, todos estavam olhando pra ele, que nem ligava para os olhares. Ele continua sorrindo, sem olhar pros lados, seus olhos estavam fixos em Ariel, que tremia de nervoso e vergonha.
Ele se sentou na frente de Ariel. Os dois não desviaram os olhos. Samuka foi o primeiro que quebrou o silêncio.
- Prazer, eu sou o Samuka. - disse ele, estendendo a mão.
- Prazer! - respondeu Benício, apertando a mão de Samuka, e se dirigindo a Ariel:
- E você é o gatinho da Zaigon! - disse ele, citando o nome da loja do pai do Ariel.
- Ei, quer parar de ficar me enchendo. Já pedi pra você me deixar em paz. - respondeu Ariel, falando por entre os dentes, nervoso com aquela situação.
- Ah sim, me desculpe. Tinha me esquecido que você ainda está no closet. - Benício falou baixinho.
Samuka não aguentou e começou a rir. Benício também começou a rir, deixando Ariel ainda mais nervoso.
- O que tá rolando aqui?
Pilar chegou de repente perto deles. Ariel levou um susto ao ouvi a voz dela. Samuka e Benício continuaram rindo, sem se importar com Pilar. Ela se sentou ao lado de Ariel, sem entender nada.
- Alguém pode me dizer o que foi? - perguntou Pilar, séria.
- Nada demais, o Benício contou uma piada. - Ariel mentiu.
- Uma piada ótima, por sinal. - disse Samuka, entre risos.
- Eu não achei...
- E quem é esse aí? - Pilar apontou para Benício.
- Ah sim, deixa eu me apresentar. Me chamo Benício, acabei de mudar para a cidade e comecei hoje no colégio. - disse ele, estendendo a mão para Pilar.
- Hum... - Pilar mediu o garoto de cima a baixo, e virou a cara. Deixando Benício no vácuo, com a mão estendida.
- Bem, e quem é você? - perguntou Benício, com o mesmo tom seboso.
- Sou a namorada do Ariel!
Benício engoliu a seco aquela informação. Encarou Ariel, que estava de cabeça baixa, vermelho de vergonha. Pilar sorriu com ar de soberba, já tinha sacado os olhares de Benício sobre Ariel.
- Namorada? - a pergunta saiu triste, Benício nem sabia o porquê disso - Você tem uma namorada?
Ariel nada falou, naquele momento queria ser engolido por um burraco, e sumi dali.
- Por que do espanto? O Ariel não pode ter uma namorada? - Pilar já estava começando a ficar agressiva.
- Claro que pode, afinal, ele é um rapaz bonito. - disse Benício, com um sorriso no rosto.
- Benício, vamos ali na cantina comprar um salgado. - disse Samuka, prevendo que aquela conversa não ia terminar bem.
- Eu sei que ele é bonito. Ele é MEU namorado! - exclamou Pilar.
- Uma pena... - Benício, não perdia a pose segura, e muito menos a ironia.
- "Uma pena"??? O que você está querendo disse, sua bixinha? - Pilar estava quase gritando.
- Que o Ariel merece coisa bem melhor do que você, coisinha insignificante.
Pilar se levantou, tentando acertar um tapa em Benício, mas ele desviou. Ariel segurou Pilar, enquanto Samuka puxava Benício pra longe da mesa.
- Eu vou quebrar a cara daquela bixinha atrevida. - resmungou ela, furiosa.
- Calma, Pilar. Ele não merece esse estresse todo. - Ariel tentou acalma-la.
- Ariel, eu quero que você fique longe desse viado, ouviu?
- É o que eu também quero...
- Aquela garota é maluca. - resmungou Benício, quando já estavam na cantina - O Ariel deve sofrer na mão dela, tadinho.
- É sim, o Ariel não tem paz.
De onde eles estavam dava pra ver o Ariel e a Pilar, os dois estavam brigando. Samuka reparou que Benício não tirava os olho de Ariel.
- Benício, posso te pedi um favor?
- Claro, se for do meu alcance.
- Deixa o Ariel em paz. - disse Samuka - Ele está passando por um momento delicado, e você com esse jeito extravagante o assusta.
- Ele está tendo problemas pra se aceitar, né?
- A família dele é evangélica, aí você sabe, né. Eles nunca vão aceitar. E isso tá deixando ele triste, e morrendo de medo dos pais descubrirem.
- Entendo. Sinto muito por ele está passando por isso. - Benício, ficara triste por saber que Ariel estava passando por aquilo - Acho que eu posso ajuda-lo.
- Como? - Samuka o olhava espantado.
- Eu trab...
Um grupo de garotos estava furando a fila pra comprar salgado. Um deles passou e deu uma ombrada em Benício, que quase caiu.
- Ei, seu ogro, não olha por anda não? - falou Benício, irritado.
- Que foi, viadinho? Vai encarar? - era o Bruno, o rapaz que esbarrou em Benício, e agora o encarava que nem um cão de briga.
Benício não se intimidou, pelo contrário, encarou Bruno.
- Você acha que eu tenho medo de você? - falou com deboche.
- Olha só, a gazela é bravinha. - disse Zach, um dos amigos do Bruno.
- Vai deixar o viadinho te intimar assim, Brunão? - disse Willam, outro amigo do Bruno.
- Não tem medo de morrer não? - falou Bruno, tentando intimidar o garoto.
Benício deu uma gargalhada, e os três rapazes o olharam perplexo. Samuka estava tremendo de pavor, sabia que aqueles três eram perigosos.
- Benício, vamos vazar. Esses caras vão quebrar sua cara, e a minha também.
- Esses três animais? Haha, eles não são de nada. Só latem.
- Acho que ele tá ofendendo a gente... - resmugou Zach, como sempre o mais lento de raciocinio.
- Quebra a cara dessa bixa logo, Bruno! - mandou Willam.
- Pode vim... Não tenho medo.
Bruno investiu um soco contra Benício, mas o garoto foi mais rápido e desviou. Sem dar tempo para Bruno, ele já voltou com uma voadora, que acertou a barriga do outro, que se curvou de dor. Benício já ia dar outro chute, mas ouviu os gritos do diretor, abrindo caminho em meio o tumulto.
Zach e Willam sairam correndo antes do diretor chegar. Bruno se levantou, se apoiando numa cadeira. Estava sentindo uma forte dor aonde o chute pegou.
- O que está acontecendo aqui? - perguntou Aurélio.
- Esse ogro tentou me agredi, e eu só me defendi. - disse Benício com a maior calma.
- Você vai pra minha sala... - disse o diretor para Benício - Vou levar o outro até a enfermaria, e já vou conversar com você.
- Tá certo.
Benício saiu andando em direção a sala do diretor, sem reclamar. Samuka que até então estava paralizado de medo e espanto, saiu correndo atrás do seu novo amigo.
- Cara, você é foda. Nunca imaginei que você soubesse lutar. - Samuka falava com entusiamo.
- É, eu sei... Meu pai me obrigou a aprender a lutar, para eu me defender desses idiotas homofóbicos. - disse Benício, já com o sorriso no rosto novamente - Fiz um pouco de capoeira, judô, e agora estou praticando karatê.
- Que massa! Você tem que me ensinar alguns golpes depois.
- Tudo bem, mas quero algo em troca.
- O que você quer em troca?
- O número do Ariel!
Benício pegou um ônibus em frente o colégio, se sentou lá no fundo do ônibus. Colocou seus fones de ouvido, e começou a ouvi Chico Buarque. Adorava ouvi Chico quando estava cansado, com medo, com dúvida, ou triste. Naquele dia sentia tudo aquilo.
Cansado, por causa do colégio, logo no primeiro dia já tinha brigado duas vezes, um recorde! Com medo, pelos inimigos que essas brigas trouxeram, não estava tão preocupado com Bruno e seus amigos, mas sim, com Pilar. Aquela garota tem uma energia estranha. A dúvida, era em relação a Ariel. Amor a primeira vista, ele nunca acreditara. Mas, ele tinha ficado mexido com Ariel desde do episódio na loja, e hoje seu sentimento se confirmara. Tristeza, por saber que tinha causado uma má impressão a Ariel, deixando a aproximação mais difícil. Pelo menos, poderia contar com Samuka, para desfazer aquela má impressão.
Desceu do ônibus, e foi andando distraído pela rua. Aquela rua era bem tranquila, quase não passava carro e nem pessoas. Virou uma esquina e parou em frente um casarão.
O casarão parecia antigo, mas bem conservado. A cima da porta de entrada, tinha uma placa:
"Aloha!
Centro de apoio a jovens homossexuais"
Benício entrou no casarão.
- Cheguei, amorre!
- Ai, que ótimo... Tava só te esperando pra ir almoçar. - disse Guh, já se levantando e pegando sua bolsa.
Guh é um belo rapaz, com seus cabelos castanhos todo arrepitado e sempre brilhantes, graças a montanha de gel que ele usa. Ele tem o corpo todo defenido de academia. Resumindo, ele é um gato. E era, sem dúvida, o melhor amigo do Benício.
- Pode ir, gatão. - disse Benício.
- Fui...
Guh saiu apressado. Benício jogou a mochila no sofá e foi até a sala do júlio.
Júlio é um cara de 30 anos, formado em psicologia. E dirigia com muita paixão, o Aloha. Projeto que idealizou, e que agora com a ajuda dos amigos estava conseguindo fazer o sonho se tornar realidade.
- Oie, chefinho. - disse Benício. Entrou na sala e se sentou na cadeira de frente a Júlio - Preciso de um favorzinho seu.
- Fez merda, né!? - Júlio já conhecia o amigo de outros carnavais - O que você aprontou agora.
- Nada demais. Só preciso que você vá na escola amanhã, conversar com o diretor. Não posso contar pro meu pai.
- O que você já aprontou no primeiro dia de aula?
- Bati num garoto metido badboy.
- Benício, você tem que se controlar. Quer ser expluso de outro colégio? - Júlio sempre fala calmamente, mesmo quando está chamando a atenção.
- Não quero ser expluso. Mas, eu não consigo ser ofendido e ficar calado.
- Meu amigo, eu te entendo. Mas, violência nunca ajuda em nada.
- Tá certo, eu vou me controlar da proxima vez. - ele se levantou e já ia saindo - Amanhã as oitos, no colégio, tá?
- Tá bom dessa vez eu vou. Mas, se repetir vou contar pro seu pai.
- Não vai se repetir.
Benício se sentou na sua mesa, ele é responsável pela recepção, e passa a tarde inteira atendendo telefone e rebendo pessoas que chegam no centro.
Estava distraído com suas tarefas, quando a porta da sala de Zaira se abriu. Zaira é psicologa, e foi quem mais ajudou Júlio a idealizar o Aloha.
Ela saiu da sala, acompanha de um rapaz.
Benício conhecia bem aquele rapaz.
- Lúcio!? O que você está fazendo aqui? - perguntou Benício. Estava espantado de ver o seu ex-namorado ali.
- Resolvi segui seu conselho. Vou enfrentar meus medos e me assumi... E a doutora Zaira vai me ajudar.
- Pode contar comigo! - disse a doutora - Bem, tenho que resolver algumas coisas. Volte na sexta, Lúcio, pra gente conversar mais.
- Pode deixa, eu vou voltar.
Zaira voltou para sua sala. Benício e Lúcio ficaram a sós na recepção.
- Fico feliz que você tenha decidido se assumi...
- Eu fiz isso por você, Benício. - Lúcio disse sem rodeio. Benício ficou vermelho e sem saber o que falar - Eu fui um idiota com você.
Realmente ele tinha sido um idiota. Mas, Benício não guardou mágoa, entendia que Lúcio tinha seus motivo. Afinal, deve ser difícil se descobrir gay ao 25 anos.
- Isso não importa, Lúcio. Já passou. - disse Benício, ensaiando um sorriso.
- É... Eu posso ter esperança de uma nova chance com você? - Lúcio realmente não sabia esconder ou dissimular. Com ele é tudo sem rodeios.
- Talvez... Quem sabe um dia?
- Vou ficar rezando pra que esse dia chegue logo.
- Bem... - Benício não queria dar esperanças, e nem dar o fora nele, seu coração ainda batia forte por ele - De qualquer forma, espero que você encontre uma pessoa bacana...
- Eu já encontrei, e a perdi. - disse ele, todo tristonho - Tenho que ir... Tchau.
- Tchau.
Benício ficou um tempo pensando na vida, perdido em seus novos conflitos emocionais. Ligou o computador e colocou uma música do Chico buarque, e se deixou levar pela batida melancólica.