Brincando de sonhar

Acordei com um cheiro fresquinho de pão quebrando meus olhos. Meio desorientada, abri meus sentidos e ele estava lá. Parado em frente a cama. Olhando-me por quanto: uma, duas, três horas?

- Hora do café. Coloca uma roupa. Disse em meio a um sorriso que me destrói como uma escrava pedindo alforria.

- Ok. Afirmei sem negar absolutamente nada.

As escadas pareciam não ter mais fim. Um vai e vem de hóspedes misturando-se com funcionários atordoados, tentando preencher mais um dia, e eu engolindo tudo.

Chegamos ao salão. Uma mesa enorme com os mais variados pratos matinais delineava em nossa frente. De repente percebi estar faminta. Sorri ao lembrar do prazer de alimentar-se, já que tivera doses excessivas de sexo ontem à noite...ou era de se esperar o acontecimento.

Sentávamos à mesa, degustando cada parte de nós dois. Ele encarava meus azuis com tanta força; eu retribuía, não deixando nem um segundo de observá-lo.

A fumaça do café "cortava" nossa conexão, formando belos desenhos que, para confessar, distraiam-me de você. Todo meu filme voltou com uma rapidez... meu coração disparou: todos os momentos trouxeram-me até aqui, até agora. Era como se meus sonhos mais utópicos tivessem virado realidade, talvez uma fantasia fantasiada de real. O mais belo sendo pintado.

Ele deu mais um gole no café. Escutei o barulho da xícara batendo no prato quando repousou este.

- Escuta... ele afirmou.

Meus olhos apenas percorriam seu lindo rosto.

Tirou uma pequena caixa do bolso, colocando-a sob a mesa.

Seus castanhos fitavam meus azuis com tanta esperança.

- Camile... você aceita casar comigo?

Meu coração saltou. As palavras secaram. Encontro-me agora no deserto, sem forças, tentando recapitular o acontecido. Apenas o sol cega-me. Eu que não sei de mais nada. Então fecho os olhos, absorvendo todo calor em meu corpo: acordei assustada. Fora real? Poderia encostar em seus pontos. Estou suando, desorientada. Estou realmente aqui? O que aconteceu? Minhas teorias de colocar em prática minhas atitudes falharam.

E o que me resta? Acender um cigarro e rezar, rezar para que sonhos ( ou pesadelos) não voltem mais a atormentar meu eu.

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 03/06/2013
Código do texto: T4323293
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