Córrego

Estranha sensação de não estar sozinha. Era assim que eu sentia quando ia para casa da minha tia passar as férias. Ela morava num loteamento novo, portanto havia poucas casas. As ruas eram de barro vermelho, na parte de baixo do condomínio corria um riozinho que na época de chuva enchia tanto que transbordava. Na verdade era um córrego cheio de taboas, capim navalha, sapo, rãs e cobra d’água. Eu tinha um medo danado, mas ou mesmo tempo ficava fascinada com aquele meio habitat. Observava as libélulas em seus voos, girinos se nadando, os sapos coachando, as abelhas do mato zumbindo, maria-sem-vergonha ladeando o córrego colorindo  tudo, rolinhas,formigas, borboletas, joaninhas. Sigilosamente eram minhas companheiras, cúmplices do meu despertar para o primeiro amor.
O coração batia  descompassadamente só de lembrar do rosto dele, o filho da vizinha de minha avó.  
Lu Ribeiro
Enviado por Lu Ribeiro em 20/05/2013
Reeditado em 17/06/2013
Código do texto: T4300516
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