Kaíque tem 14 anos, esse é seu primeiro conto de amor.
Uma historia de amor, medo e saudades
Aos dez anos, a filha do fazendeiro Emanuel Silveira, viu chegar à fazenda de seu pai, várias famílias do Rio Grande do Sul. Vieram trabalhar em terras mineiras. Dentre aquelas pessoas de pele clara, avistou um rapazinho de cabelos castanhos e olhos azuis.
A partir desse dia, todas as tardes Mariazinha se debruçava na varanda para ver chegada do gado no curral e durante cinco anos a menina mineira trocou olhares com o jovem gaúcho e assim se apaixonou pelo peão de nome Pedro. Ela desejava ao menos ouvir a voz de seu amado, mas temendo a rejeição e com medo do pai não admitir um romance entre eles. Nunca se declarou.
Aos quinze anos, Mariazinha encontrou em sua janela um envelope, e dentro um bilhete com a assinatura de Pedro. Foi tomada por extrema alegria e em seguida por profunda tristeza. O medo a impediu de ler as palavras do rapaz. Guardou o bilhete num pequeno baú.
Naquela tarde, como de costume, foi ver a boiada chegar, e da varanda viu Pedro acenar-lhe com um sorriso nos lábios e sumir em meio à poeira da estrada. Mal sabia ela, ser era última vez que mirava os olhos que lhe tomaram o coração. Pedro voltou ao Sul, sua terra natal.
Mariazinha foi criada obedecendo ao pai. Um ano depois se casou com um homem muito mais velho. Este não demonstrava nada além de ambição. O tempo passou, ela teve doze filhos que lhes deram muitos netos e alguns bisnetos.
Viúva e morando na cidade, numa das idas à fazenda, já contava com setenta e cinco anos. Maria se deparou com seu velho baú e o bilhete de Pedro. Sem mais nada a temer abriu o antigo pedaço de papel que dizia
“Minha doce Maria, não sei o que sentes por mim, mas saibas que te amo desde o primeiro dia que a vi na varanda de sua casa”. Volto hoje ao Rio grande do Sul, se me amas também, encontre-me a beira do riacho e venha ser feliz ao meu lado. Do teu amor eterno. Pedro.
Ao ler aquelas palavras deixou-se cair na cadeira de balanço. Não adiantaria procurar no horizonte da imensidão de sua fazenda. Estava sessenta anos atrasada...
Kaíque Bernardes