A bolsa verde
Era seu primeiro encontro.
Vestira-se com esmero, queria impressioná-lo. Já havia se olhado no espelho uma centena de vezes. Passou a escova em seus cabelos encaracolados uma última vez, pegou sua bolsa e, rapidamente, saiu. Já estava atrasada.
Dentro do ônibus, olhou longamente para a bolsa em suas mãos. Verde! Um verde oliva intenso, com uma leve tonalidade amarelada em alguns pontos, um verde intenso e lindo. Comprara-a para aquela ocasião. Não sabia a razão de ter escolhido tal cor, talvez para combinar com o brilho de seus olhos, ou para tê-la como símbolo da esperança, como tantas vezes havia escutado em sua casa... O certo é que estava ali, em suas mãos.
O ônibus finalmente a deixara no centro. Seus pés apressados correram para o encontro, que tantas vezes, mentalmente, já havia experimentado.
Lá estava ele! Na porta do cinema, como haviam combinado.
Sentaram-se no fundo da sala escura. A projeção já se iniciara. Ela, nervosa, mexia na alça da bolsa, freneticamente, como se quisesse destruí-la. Ele tomou suas mãos, antes que ela tivesse tempo de resistir. Chegou-se mais perto e tocou seus lábios com sua boca quente.
A bolsa verde ficou totalmente esquecida em seu colo.