AQUELA MÚSICA.
AQUELA MÚSICA.
Os raios suaves do Sol se misturavam ás folhas verdes da árvore dando-lhe um tom dourado inesquecível.
Deitada na rede eu saboreava aquele momento mil vezes visto mas que me parecia - sempre - único. Gostava daquele entardecer silencioso. Meu encontro com a natureza partilhado somente com a saudade.
Saudade de um jovem soldado. O primeiro rapaz que pousara suavemente seus lábios nos meus e, com uma delicadeza ímpar, puxara meu corpo contra o dele despertando as primeiras sensações de um corpo de menina virando mulher.
O ano era 1965.Bryan e eu estudávamos na mesma classe e íamos juntos para o Colégio Saint James, nos arredores de Nova Jersey.
Éramos jovens cheios de sonhos, felizes e despreocupados.
Mal sabíamos que tudo estava perto do começo do fim.
Bryan se alistara no Exército e seria mandado para combater no Vietnã.
Ele não queria ir, era um jovem pacifista, odiava a violência mas não teve jeito e naquela tarde , sob a " nossa árvore" Bryan - ao som de Love me tender - confessara o que eu já sabia- ele me amava.
Eu também, Sophie, o amava intensamente.
Estava de partida para o front e somente Deus sabia quando voltaríamos a nos ver.
Anos se passaram e recebi três cartas de Bryan contando os horrores daquela guerra onde milhares de jovens morriam sem entenderem o porquê daquilo.
Até que numa noite bateu à nossa porta os pais de Bryan. Não precisaram palavras, seus olhares diziam tudo - Ele se fora.
Quarenta e seis anos se passaram e toda vez que ouço Elvis Presley cantando Love me tender, choro de saudade do meu amor da juventude. O meu Bryan!