Tuta

Tuta

A moça estava sozinha. Triste fez um pedido a Deus: “Estou tão sozinha na minha vida, será que poderia dar-me de presente uma cachorrinha, com certeza, ela iria levar pra longe a minha solidão, e eu não posso ficar sem sorrir, devido a minha profissão e aos meus Pais, me ajude!...”.

Passado um tempo, ela estava sentada na varanda com seus Pais combinando sobre a reforma que iria ser feita na casa e eis que chega sua irmã com sua linda e meiga sobrinha, todos ficaram discutindo a reforma que começaria na próxima semana... A moça pensava... Se eu tivesse uma cachorrinha com certeza iria suportar a reforma, profissão, cuidar do Papai e da mamãe, com mais alegria.

A irmã pediu que a sobrinha fosse pegar uma coisa no carro e quando essa voltou, estava com uma cachorrinha pequenina, linda e pretinha no colo e falou: - Mãe olha que achei, eu ouvi chorar e a Senhora acredita que a colocaram na roda do nosso carro, se nós saíssemos, com certeza iríamos matá-la e continuou falando... Mãe posso ficar com ela?... A vó, mais do que depressa pegou a cachorrinha e falou:- Vou cuidar dela e depois vou ver de quem é, pode ser de alguma criança. A sobrinha inconformada passou a mão na cachorrinha saiu na rua e foi perguntando para a vizinhança de quem era.

Ao voltar, entregou para a avó e disse não ser de nenhum vizinho ou criança.

Ficou na varanda a moça e a cachorrinha, tão pequenina e indefesa, não conseguia nem andar direito, caía... Era linda, sua cor era preta, com as patinhas, ponta do rabinho e o peito em branco e a carinha, misturado com o preto e marrom dourado, em cima do pescoço, uns pelinhos brancos sobrepostos aos pretos, num formato de leque. Depois de curtir aquele momento mágico, a moça alimentou a bichinha com leite, colocando na boca e arrumou uma caminha pra ela bem quentinha no quartinho da casa.

Antes de dormir a moça agradeceu pela graça alcançada, já se sentia bem mais alegre e falou pra si sorrindo: “A cachorrinha veio do céu, ela é minha, foi me dada de presente, e chamar-se-á Tuta”,

No outro dia, ela e a irmã deram um banho morno na cachorrinha e tiraram os carrapatos, deram mais leite. A tarde foi levada para o Veterinário que disse ter apenas duas semanas de vida, disse também ser Fox paulistinha e pediu que não dessem à cachorrinha, pois esta iria ajudar e ser companheira para os velhos.

E aí começou a vida da Tutinha, sempre aprontando e com sua alegria e o rabinho de “bandeira da paz” que a mãe falava, ia ela toda imponente e garbosa, abanando o rabo, pois era agora a dona da casa, só não gostava do barulho de fogos de artifícios, de chuvas e tempestades, tinha muito medo e tremia feita uma geléia.

E a moça aguentou toda reforma sua profissão e ainda cuidar dos Pais e com muita alegria por causa da Tuta. Quando acabou a reforma e estava tudo arrumado e limpinho, a Tuta ganhou um novo espaço dentro da casa mais aconchegante. A Mãe caiu e quebrou a perna e teve que operar, o médico disse que seria muito difícil ela voltar a andar.

E a Tuta com suas estripulias levava muita alegria para a Mãe e a moça acreditava que a cachorrinha que veio do céu iria dar um jeito, com certeza ela voltaria a andar... Passado um tempo, a mãe voltou a andar e a Tuta continuou com suas peripécias.

A Tuta, às vezes, ficava horas olhando para sua família com as orelhas em pé e virando a cabeça de um lado para outro, como se estivesse falando, gesticulando e, jamais podiasse brigar, discutir, falar alto, pois aí, ela saía correndo e se escondia em baixo dos móveis, a Tuta só gostava de paz, amor, serenidade, bondade... Ela veio do céu para uma casa de muitas alegrias, era feliz.

A Mãe comprou uma bolinha e amarrou um cordão de pano e, ensinou a Tuta a correr com bola e jogar para cima. Era lindo de ver, ela tinha outras bolinhas, mas gostava da que tinha o cordão, para todos que iam fazer uma visita, a Tuta corria se apresentar.

E a moça junto com a Mãe ensinou muitas coisas para a Tuta, era uma alegria só com a cachorrinha que veio do céu, e ela foi ficando cada vez mais esperta e humaninha.

Como na vida nem tudo é um mar de rosa e sim um aprendizado para nossa evolução espiritual. O Pai da moça caiu e também quebrou a perna e aconteceu à mesma coisa, o médico falou que a probabilidade do Pai voltar a andar seria remota, só um milagre... E a Tuta e moça entrou em ação com toda aquela alegria contagiante com muita fé o Pai voltou a andar. Na altura dos fatos, os médicos não falavam mais nada... Falar o que?... Simplesmente acreditar.

E continuava a vida da Tutinha, com sua alegria, ia abanando o rabinho de bandeira da paz, com seu charme, garbosa, imponente, troteando, pois era a dona do pedaço, tomando conta da casa, não deixava as pessoas chatas adentrarem, rosnava para os desagradáveis, pulava no colo dos jovens para pedir agrado, assistia televisão, ouvia música, acordava sua doninha de manhã para ir trabalhar, pedia comida puxando o braço dos da família, latia, avisava quando tinha alguma coisa errada na casa, era uma caçadora de gatos, com seu latido alto atendia ao portão, cuidava dos passarinhos, brincava sozinha, jogava bola... E muito mais.

O tempo passou e a Mãe e o Pai, teve que partir para outro mundo, a cachorrinha ficou triste, choramingou pelos cantos, mas não podia ficar mais triste, tinha que lutar, pois ainda lhe restava duas doninhas.

A moça apesar de tudo continuou firme, pois sua cachorrinha estava sempre do seu lado lhe dando alegria, carinho, fortaleza. E hoje, o mais emocionante é quando fica triste, lá vem ela faceira a correr com a bolinha pela casa e se chorar, ela chora também e quer lamber as suas lágrimas até ela começar a sorrir.

E a moça continua a sorrir, sua Tutinha ainda está lá para protegê-la e levar-lhe felicidade... A cachorrinha que veio do céu.

Do meu livro: Pedaços de Uma Vida

Minha Obra de Arte: Tuta

Sonia Maria Marques
Enviado por Sonia Maria Marques em 09/05/2013
Reeditado em 21/10/2013
Código do texto: T4282441
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