UMA ESTÓRIA DE NÓS UM...

Um rapaz de boa índole, que se enamorou cedo, pois estava na idade dos amigos e aventuras. Conheceu uma criatura que o deixou sem jeito. A filha de uns amigos dos seus pais, engraçada e metida à madura, mas que trazia em seus olhos a candura que não conseguiu esconder do rapaz. No princípio, ele mais encantado por ela do que ela por ele, mesmo ele sabendo desse fato, fingia que não havia outro enredo. Fazia de tudo e adorava os encontros que geralmente aconteciam na casa dela, com os pais se confraternizando entre jogos e brincadeiras, ele, lá estava com ela em outro universo, embora paralelos, tinham uma enorme distância. Tanto em pensamento quanto forma e desejos. Ela querendo experiências, ele querendo saber dos desejos.

Entre carícias, descobertas e escondidas artimanhas, a dor do rapaz era tamanha, por saber que algumas pessoas não lhe entendiam, posto que sua forma de ver e sentir os mundos fosse incompreendida. Tão divergente, ouvindo e sentindo daquela gente a lhe ter como tolo, louco, apaixonado...Bobo. Até mesmo, de vez em quando, pela própria menina, que das trocas de carícias passava para troca de palavras, em diferente sintonia das que lhe eram desejadas, pois ele de sua boca não ouvia os desafetos ou reclamações que, por certo, ela lhe dizia, ele apenas observava os movimentos dos seus lábios, qual um beija flor alucinado, tão acelerado, mas que aos olhos de alguém leigo, igual aos dela, parecia que ele estava parado.

Muitas vezes ele sentiu dela um olhar diferente, traduzindo de repente, o que ele já sabia. Um fim anunciado, ele a se sentir não apenas desarmado, mas desamado, qual estivesse só desde o início, ou mesmo não tivesse nada havido, criando a ideia da existência de um par de “um”, um paralelo estranho, sua voz na garganta arranhando, ao se despedir, ou melhor, sendo dispensado. Na foz dela, um sentimento diferente, que ele não pôde ou não quis traduzir, posto que dessa vez ele, dela, ouvia o coração falando, com uma sinceridade fria, ocultando dele o que ela já sabia. O coração do coitado lhe dizendo: “Quem tanto de ti escondeu, e agora te roga a credibilidade, diz um pouco da verdade, enquanto esconde outro tanto de mentira”. A mente reproduzia de forma insistente aquelas palavras, enquanto ela partia, ele ficou naquele lugar tanto tempo, sem saber se por tanto lamentava, ou se ali mesmo morreria.

Com o passar dos anos, ele enfim se recobrou das noites vazias, das madrugadas ganhas e dos sonos perdidos. Já respirava um ar de liberdade, onde o sentimento que mais gostava era o da verdade das coisas, que de toda sua estória apenas guardava as lembranças de si mesmo, não por ser egoísta, mais por sê-las a mais pura verdade.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 07/05/2013
Código do texto: T4278552
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.