Tentação ( parte ( LXXIV )
 
                                    ( continuação do capítulo anterior )
 
 
Quando Moacir chegou, Ubiratan estava dando instruções à Jerônimo,  de onde colocar o material que estava chegando do porto; eram lotes de arames farpados e arames simples que estavam sendo transportados de dez carroças.
Ele acabou de passar as instruções a Jerônimo, cumprimentou Moacir e foram para o escritório onde Ubiratan fechou a porta.
- Meu irmão, quero lhe falar uma coisa muito grave e desagradável. Sei que todos nós primamos pela honestidade, essa foi a pedra fundamental de tudo o que a Condessa nos ensinou e em nenhum momento eu duvidei da sua honestidade, porque sei com quem estou lidando, mas nossas contas não estão batendo...
- Como assim?
- Há uma diferença entre os valores das notas e o que você me entregou...
- Eu gostaria de conferir esses valores e notas porque tenho guardados os dados das somas e dos recebimentos.
- Está tudo à sua disposição, alguém além de você teve acesso a esses valores?
- Só se Gioconda mexeu em minha bolsa enquanto estava tomando banho, mas não posso afirmar nem acusar...
Os dois debruçaram-se sobre as contas e Moacir visivelmente constrangido teve que aceitar as evidências de que por duas vezes seguidas, as suas prestações de contas não estavam de acordo com as notas fiscais apresentadas e que ele teria que procurar onde estava a causa do problema.
 
Silveira andava cabisbaixo e visivelmente preocupado com a saúde de Ana Luiza, embora soubesse muito bem que o médico era competente e honesto. Num encontro que teve com o doutor Darci, ele ouviu do médico, de que tudo dependia da evolução da gravidez, que em algumas das situações o quadro da doença regredia com os controles e procedimentos que eram prescritos, mas que nem sempre era assim, às vezes havia uma evolução da doença e nesses casos a medicina não tinha muito o que fazer, somente buscava se preservar a vida do bebê, o que também era incerto.
Ele procurava o que fazer para se manter distraído e longe das preocupações, sabia muito bem, que o que estava se fazendo, era o melhor para ela.
 
Maria Rosa percebendo a situação de Silveira, procurava ficar exclusivamente à disposição das crianças, brincava, contava estórias, dançava, ensinava as letras e algumas palavras.
Naquela tarde ela foi para a beira do rio, de onde se ouvia o barulho da corredeira, e no remanso mostrava para Manoel e Antonio João os peixinhos coloridos, que ariscos, passavam entre os seus dedos.
Manoel tentou pegar uma borboleta que ziguezagueava junto a ele, sem se deixar ser apanhada, foi quando apareceu Silveira.
Ele estava com a barba por ser aparada,com as pontas do bigode em desalinho, demonstrando que não se cuidava.
Maria Rosa sentou-se ao seu lado, sem deixar de observar o que faziam as crianças.
- Está precisando que alguém apare sua barba, patrãozinho?
- Não, Maria Rosa, o que precisava era que alguém me dissesse o que seria necessário fazer, e você já o fez...
- Bem, todos nós estamos preocupados, mas temos que deixar nas mãos de Deus...
Enquanto dizia isso, segurou suas mãos, e assim ficaram por algum tempo, até que Manoel correu em direção à trilha e ela se levantou para chamá-lo. 
- Manoel, fica perto de mim!
- Silveira pensou:
- ( Ela realmente é o anjo protetor deles)...
                                                                              ( continua no próximo capítulo )
elzio
Enviado por elzio em 07/05/2013
Reeditado em 23/05/2013
Código do texto: T4278200
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