Apenas mais um conto

O sol encontrava o firmamento. E ele andava de pés descalços sobre a areia. Ouvindo os sons da quase noite, saboreando um fim de dia, imerso em pensamentos, calmo como as águas que lhe faziam companhia. Ele caminha, olhando o céu que tem um tom alaranjado. Pensando “como a vida é engraçada, com seus caminhos” “nos faz ir em direções que não queremos, que se tornam nosso desejo e direções que seguimos com avidez e acabam em decepções” “essa vida, parece nos dar tudo, e tirar logo em seguida para que quando nos achemos perdidos, ela nos dê um norte novamente. Nos dê uma nova chance.”

Já sentado, afastado de todo o barulho, de toda gente, olha para cima e nota que as estrelas já começam a brindar-lhe com sua presença. Aos poucos os pensamentos da vida tomam o espaço que lhe sobra, e ele se vê envolto em nuvens densas, ansioso... Tudo agora parece estar calmo a sua volta, mas embaralhado em sua mente.

Ele parece esperar algo. Uma resposta, um caminho, um alento. Mas o turbilhão apenas cresce em contraste com o seu exterior. Tudo a sua volta é paz, calma e tranqüilidade. O mudo aqui fora parece não pertencer a sua realidade... Ele então se concentra. Fecha os olhos, ouve o mar. Sente os grãos aos seus pés. Lembra-se do porque estar ali. Respira uma, duas, três vezes. Pensa que o melhor lugar para se estar, é junto ao mar, perto de tudo, longe do mundo. E ali, naquele espaço, ele lembra que ninguém pode julgá-lo, não há cobranças, nem medos e nem aparências. Ele lembra que pode deixar a tristeza fluir. Lembra-se que há muito ele não tem esse espaço. Espaço para ser livre, espaço para ser quem ele quiser, para ser ele mesmo. Se lembra da parte boa disso tudo. Agora ele tem tempo para pôr tudo em ordem, arrumar a casa, se livrar de seus pesares.

Novamente ele fita o horizonte. Seus olhos percorrem o caminho que o levou até ali. Algo interrompe o passeio de seus olhos. Uma visão turva, que caminha na sua direção. Ele acompanha a silhueta que se aproxima cada vez mais, refazendo seus passos. Afinal sua caminhada chegava ao fim. O rosto lhe sorri e ele aparentemente descontente retribui, contrariado. Finalmente o mundo o encontrou novamente. Ela senta ao seu lado e ele nota que o sol já se despediu. Não há mais o som dos pássaros, só ele, ela, o mar e a lua. Eles se entreolham. Nenhuma palavra, somente o barulho do mar. Ela parece entender sua mente, ler seus pensamentos. Ele sabe disso, e os afasta. Ela sorri e ele apenas fita o chão. Ela acaricia seus cabelos. Ele a olha. Ela se deita na areia, e ele a acompanha. De mãos dadas olham as estrelas e conversam por horas.

Depois de tudo, ele acaricia seu rosto e lhe oferece um sorriso. Já sentados, seus lábios se tocam e o mundo dele parece desaparecer. Ela sorri, ele agora retribui. Eles se olham. Ela o abraça. Ele deita em seu colo. Ela o acaricia. Ele fecha os olhos. Ele então acorda em seu quarto, com uma sensação boa. Ele olha a sua volta, procurando algo, talvez ela. Seria tudo perfeito, não fosse TUDO apenas um sonho....

Luiz S Santos
Enviado por Luiz S Santos em 04/05/2013
Código do texto: T4273142
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