NAS ESTRELAS
O sol se despedia em mais uma tarde e a noite, cada vez mais fria, descortinava seu véu sobre a vida. Em silêncio, Ana acompanhava a transformação do dia em noite, recordando o sorriso, o beijo e o grito: “Mãe!”.
Impossível esquecer, o rosto fino com feições doce; os cabelos longos e lisos; e a pele clara e sedosa de Juliete. “Filha” disse quebrando o silencio. “Filha, por que foi embora tão cedo?” questionou. O tempo atenuava a saudade, mas longe de apagar as lembranças da “caçula”.
Porém, de súbito lembrou-se que prometera não mais chorar; ao invés disso agradeceria o privilegio por ser mãe de uma figura tão especial com quem conviveu por vinte anos.
Uma flor, arrancada do jardim da vida pelas mãos de um intruso que surgiu na história pelas vias do amor. Um invasor que conquistou o coração de Juliete para depois mostrar a face dura da morte, deixando sofrido um coração de mãe, que agora vê a noite se impor, para, quem sabe, rever numa daquelas estrelas, o rosto da sua menina.