Nosso Amor Mudou De Cor
Certo dia eu estava no colégio conversando com uns amigos, meus amigos de sempre. Falando dos assuntos de sempre, com as risadas de sempre. Com toda aquela felicidade da rotina de sempre. Eis que de repente, para mudar toda a rotina dos nossos ‘Sempre’, apareceu você. Baixinha, rosto de uma criança, apesar de ser marcado por algumas espinhas, comum para a sua idade. Falava com a meiguice e a inocência de uma criança também – apesar da sua voz ser mais grave do que as das garotas da sua idade. A pele era branca, assim como uma folha de papel, e os olhos negros como grafite. Acima de seus olhos de grafite, sobrancelhas totalmente expressivas e acentuadas que davam ao seu rosto de criança um ar mais maduro, e mais acima seus cabelos também negros e longos, fazendo uma combinação perfeita com suas sobrancelhas expressivas e seus olhos grafite. O que mais havia me chamado atenção em sua fisionomia era seu queixo. Não era nenhum segredo para meus amigos e colegas que queixos daquele tipo – acentuado e com uma covinha no meio que dava um grande charme a qualquer um – me atraiam mais que o normal. Encontra-la naquele local de sempre foi uma grande surpresa, afinal eu nunca tinha reparado em sua existência.
Por diversas vezes peguei-me pensando como não notara a existência de uma menina tão diferente e tão bonita assim naquele local. Tudo bem que passara várias pessoas diferentes dentro daquele colégio, mas meninas como você sempre eram destaques. E depois daquele dia você tornou-se o maior destaque para mim.
Lembro-me que um dos meus amigos de sempre mantinha contato com uma colega da sua turma. Devido a esse contato – que futuramente tornou-se uma tragédia de amor – que nós nos conhecemos. Estávamos lá, sentados num dos bancos onde sempre havia pessoas. Eu, dois amigos de sempre, Você e algumas colegas. Certo amigo meu brincava com você insinuando que você estaria apaixonada por alguém. Eu via em seus olhos que as palavras dele, apesar de serem todas de brincadeira, mexiam com você e decidi entrar na brincadeira com o intuito de aproximar-me de você. Eu queria fazer parte da sua vida de alguma forma, então resolvi usar a maneira mais cômoda para mim: Música!
Aproveitando uma distração e um momento de fraqueza seu, pus uma música que eu achava que combinara com a situação – eu tenho esse dom de encaixar uma música específica para cada ferida da vida. A música era “Decode” da banda “Paramore” e a sua reação ao ouvir as notas iniciais da música foi a que eu esperava: Um desespero tremendo para não ouvir e entrar na música, pois sabia que ia chorar. Seguido de um sorriso acolhedor e um brilho nos olhos que diziam que eu havia conseguido entrar na sua vida.
Depois daquele dia vieram conversas no MSN. Vieram também mensagens de texto no celular, e de vez em quando, ligações. As conversas viraram conversas de sempre, as mensagens viraram as mensagens que eu sempre queria ter, pois sem elas meu dia era vazio.
Logo após algum tempo de conversas, amizades, olhares e sorrisos compartilhados, eu comecei a ter a confirmação do que já sabia. E era algo que você fazia questão de falar… Era o amor. Outra vez esse tal desse amor aparecendo pra me arruinar! Mas o nosso amor era diferente, era correspondido… Colorido!
Cada segundo que eu perdia sem falar com você, me corroía. Eu queria te ter pra mim, mas não era uma paixão. Era só um grande afeto que me completava, e eu sentia que completava você. Você me fazia bem, eu fazia bem pra você… Até que chegou o dia em que eu, como de costume, estraguei tudo. Resolvi por mim mesmo que esse amor colorido era uma paixão vermelha, apesar de no fundo saber que não era isso. E certo dia, depois das conversas de sempre e das risadas de sempre eu fui me declarar. Nós já discutimos diversas vezes antes por erros que eram mais meus do que seus. Nós já paramos de nos falar por eu ter revelado ao mundo um segredo sombrio seu e mesmo depois disso tudo a gente continuava ali, com todas essas cores e sentimentos. Era justo eu me declarar e receber ao menos um sinal positivo para não me sentir mal, não era? Errado! Eu todo sem jeito, tentando explicar os meus sentimentos e você dizendo para eu tirar isso da cabeça, que era loucura e que você não era boa pessoa para mim. Que desculpa mais esfarrapada, hein?!
De repente o nosso amor que era colorido estava perdendo a cor… Acontecera como na música que eu te mandei algumas vezes: Estava tudo acabado, como um vestido estampado que não cabia mais em você, e você tinha dado a outro alguém. A gente não tinha mais vontade de se ver, e de uma hora pra outra um ia deixando de existir para o outro. Diversas vezes eu perguntava a mim mesmo onde estaria aquele amor colorido que eu te dava, mas eu sabia que ele tinha mudado de cor e ficado desbotado.
Hoje em dia, nosso amor é cinza e cinzas do que já foi um dia. Por varias vezes você me procurou tentando reatar as relações comigo e eu não dei a mínima. Das mesmas redes sociais em que saiam as maiores conversas de sempre, eu te excluí. Parei de frequentar os lugares que você ia para não te ver e seguir minha vida. Resolvi fazer falta na sua vida para você aprender a viver sem mim e você conseguiu. Hoje você é feliz no seu mundo preto e branco e eu aprendi a ser triste no meu mundo colorido. Dessa história toda a única certeza que eu tenho é que o nosso amor não morreu, ele continua mudando de cor.