Um amor não vivido

Em uma tarde fria e ensolarada de junho, onde o vento soprava calmo e gélido e o céu era de um azul perfeito e sem nuvens; uma senhora estava sentada num banco de praça a pensar. Clarisse era seu nome, era bonita ainda, mas com um olhar triste, cabelos longos, brancos com alguns fios castanhos, como mechas, preso em um frouxo coque. Seu corpo havia envelhecido, mas sua alma não, e muito menos sua memória.

Ainda se lembrava de um grande amor que nunca tinha vivido, já tinham se passado cinqüenta anos, mas ela ainda gostaria de saber se teriam sido felizes ou não, se teria dado certo. Um amor como aquele ela nunca sentira de novo, claro que tinha amado novamente, até muitas vezes, mas nunca como aquele.

Foram separados no auge da adolescência e da paixão, uma paixão tão forte como a morte, que não conseguiu dissolver com o tempo nem com a ausência, ainda hoje uma música, uma fragrância, um sentimento a fazia lembrar-se dele. Não sabia se era recíproco, se esse amor ainda estava gravado nele, provavelmente não e de qualquer forma nunca saberia, não queria tocar naquele assunto mais, não queria abrir feridas ainda não cicatrizadas.

Ainda sentada na praça a pensar e lembrar, o sol esquenta sua pele e lhe dá uma sensação de contentamento, os pássaros cantam numa árvore próxima, crianças correm e idosos conversam. Ela olha para rua em frente e o vê passando lentamente, ele olha para ela e dá um sorriso triste e um pequeno aceno de mão, ela nada responde, de seus olhos uma grossa lágrima rola, por tudo o que poderia ter sido, quem sabe.

Dedico a uma amiga.

Priscila Pereira
Enviado por Priscila Pereira em 26/04/2013
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