Em uma bela manhã de sol, um pássaro pairou sobre a  roseira que Ana* cultiva em seu quintal; ela se aproximou devagar para não afugentá-lo e percebeu que estava ferido.
Ela então o apanhou delicadamente, para não machucá-lo ainda mais e, como se aquele fosse o maior de seus sonhos, decidiu que o faria voar novamente, tratou seus ferimentos, o alimentou e até conversava com ele (como se fosse possível que a entendesse) sobre a importância daquele vôo que ele ainda teria que alçar.
Passado algum tempo, o pássaro estava pronto e, na cabeça de Ana, ficou gravado aquele canto que, para ela representava não apenas a gratidão, mas o amor e o carinho que ele, naquele momento quis demonstrar, ela conta que entendeu nas entrelinhas daquela bela melodia, que todos os dias ele viria vê-la todos os dias, sempre trazendo uma bela canção para alegrar o seu dia.
E Ana entendeu direitinho, ele veio mesmo; durante algum tempo, Lolo* (nome que Ana deu a ele) vinha com sua cantoria e seu colorido iluminar suas manhãs.
Até que um dia aquele colorido desapareceu, a cantoria cessou e Ana, agora já tão habituada ao amor e carinho que Lolo lhe ofertava, correu por bosques e florestas à sua procura.
Após muitos dias, a busca teve fim, Ana finalmente o encontrou. 
Eles já tinham uma espécie de código para se comunicarem e então Lolo disse a ela que de novo havia se ferido, mas que desta vez, os curativos que lhe fizeram e a comida que lhe serviram eram melhores, que os quintais por onde hoje ele canta são mais floridos...
Ana, desapontada, pôs-se a chorar, enquanto Lolo comovido, voltou a prometer que jamais a deixaria, que levaria sua cantoria, seu carinho e seu colorido a ela todas as manhãs.
Mas... 
Veio uma manhã e depois outra e mais outra e Lolo nada de aparecer.
Mesmo hoje, passado muito tempo, Ana o observa de longe, apenas e tão somente para ter a certeza de que ele está bem e que não precisa de seus cuidados.



*Nomes fictícios.

Reedição.


Sirlene Rosa
Enviado por Sirlene Rosa em 25/04/2013
Código do texto: T4258945
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