CINQUENTA ANOS DEPOIS
Lucia sorriu para o dia que começava. O coração batia mais acelerado. A noite, mal dormida, demorou a passar. Fruto da ansiedade. Afinal, não via a hora de rever aqueles olhos negros.
O amor de um dia, mas nunca esquecido, agora encontrado nas redes sociais, depois de dois casamentos e cinqüenta anos de separação.
Na hora marcada, conferiu a aparência, marcada pelo tempo, mas ainda bela. Olhou pela janela e viu quando um carro preto surgiu nos jardins. Esperou mais um pouco até que viu quando um jovem saiu do veículo. Rapidamente foi para a varanda e aguardou. O tal jovem abriu a porta traseira de onde surgiu o corpo alto de um homem com cabelos grisalhos vestido num terno de linho azul.
A distancia dificultava ver os detalhes do rosto, mas teve a certeza: “É ele”. O homem se locomovia com lentidão, mas com charme. Ela sentiu o coração acelerar mais. Até que ele parou próximo a escada.
Cinqüenta anos e agora somente uma escada.
Cinqüenta anos, viúva duas vezes e agora, uma escada.
Cinqüenta anos.
Já próximo, ele tirou os óculos escuros. Em silencio olhou com atenção para Lucia. Sorriu. Ela também. Em silencio, se aproximaram e, depois de uma troca de sorrisos, se abraçaram.
Todos que estavam no jardim daquela clinica de repouso, aplaudiram o momento. Afinal, o amor, venceu o tempo.