Óbvio
Bateu na porta.
De novo.
E de novo.
Quando viu a jovem de porte pequeno, cabelos aloirados, parte pela tinta, parte pelo sol, não se conteve.
- Heey, vai devagar! Desse jeito vou chegar amassada na faculdade, não vê que estou arrumada?! - disse a garota se desvencilhando de um abraço de urso. Com um sorriso meio torto, mas que negava toda a advertência em sua voz, baixou os olhos para ajeitar sua blusa azul, que contrastava com sua pele clara.
- Não sei nem por onde começar...- ele mal podia respirar de tanta euforia que sentia e só queria dividir toda a alegria em seu peito, mas sua língua não poderia acompanhar seu raciocínio. Aquele não era o momento de escolher as palavras, e não com Mariana.
Como num segundo olhou para ela e pôde enxergá-la...mais que vê-la. E lá ela estava, parada na frente dele com aquele olhar de desconfiança, que fazia com que suas sombrancelhas ficassem franzidas e seu lábio apertado. Cruzava os braços de forma desafiadora.
Sua melhor amiga. Desde...sempre.
Desde quando ficavam de risinhos no corredor da escola. Ele chamando ela de magrela e ela o chamando de cara de jacaré. Ele puxando seu cabelo e ela lhe tacando bolinhas de papel no rosto e deixando bem claro que queria acertar no olho.
Sorriu.
- Ô cabeção! Acorda! Vai logo! Tô atrasada.. Que foi?
Dênis percebeu como o tempo passou e como eles tinham crescido. Sentia-se tão feliz por contar primeiro à ela. Nada mais justo...
- Vou ser obrigada a fechar a porta na sua cara...Dênis, falo sério.
Ele pensou em desistir, mas a alegria que estava sentindo era imensa e o fazia querer gargalhar da postura de impaciência que a moça já demonstrava diante de sua alegria.
- Descobri uma coisa hoje...
- O quê Dênis?! Fala logo! Que drama!
- Eu te amo!