“ Só vou se for com ele.
Eu tenho medo de avião.
Se eu fico longe dele,
Eu perco o norte e o chão
Só quero saber dele
E nada mais me importa.
Eu vou ficar com ele que ele pega a minha mão
E nunca mais me solta...”
 
(“Youhuhu” de Mallu Magalhães)
 
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Há um ano, eu estava correndo para o hospital. Eram mais ou menos sete da noite, e lá estava eu dentro de um táxi, com uma amiga e minha madrinha, à caminho da maternidade. Minha irmã, com nove meses de gestação, já se encontrava no local, com o parto marcado para as nove. Muita gente se encontrava lá. Amigos, familiares, conhecidos... Todos ansiosos, todos apreensivos. Era o primeiro filho dela, era o caçula da família chegando.
 
E foi então que o enfermeiro veio busca-la. Minha mãe chorava, e meu irmão, todo emotivo, chorou ao vê-la chorando. Algumas lágrimas caíam do rosto da minha irmã. Não sei se de medo, de preocupação, ou simplesmente lágrimas de felicidades. Eu também estava emocionado. Era meu sobrinho chegando. Eu que, no anúncio da gravidez, achei que fosse ser um período problemático (que me induziu a tomar uma das decisões qual mais me arrependo até hoje, mas que não vem ao caso), me surpreendeu por ser um período dos mais brandos na família.
 
Alguns minutos se passaram, e eu, sentado no saguão muito confortável de espera da maternidade, quase dormindo enquanto um Pedro Bial prolixo anunciava mais um eliminado do BBB 12, acordei com a notícia de que o menino havia nascido. Fiquei quieto, esperando que todos fossem vê-lo, babassem dizendo “que lindo!”, “que fofo!”, “ mas é a cara do pai!”. Pois, quando chegasse a minha vez, queria ir tranquilo. E assim foi.
 
Subi de elevador, nervoso. Tão nervoso que não reparei que a porta do elevador abriu atrás de mim, e eu, de frente para uma porta fechada, achando estar preso no cubículo, já ia me preparando para entrar em pânico. Porém, vi que atrás de mim havia a abertura, me acalmei e saí. Fui até o berçário. Todos estavam lá, do lado de fora, observando atentos e curiosos. Aproximei-me de minha mãe, e perguntei qual daquelas criaturas rosas e pequenas eram o Bernardo. Ela apontou para um chorão cor de rosa-quase-roxa, que se esticava dentro da incubadora. Era lindo. Seus olhos ainda inchados e sua boca aberta mostravam sua vivacidade e força. Suas pernas compridas e magras geraram comentários de que, em alguns dias, ele já estaria mais alto do que eu, com meus um metro e... Não interessa. Bernardo havia nascido. Lindo, saudável e surpreendente.
 
E assim foi, o menino veio para casa. Logo revelou seus olhos azuis intensos e apaixonantes. Logo começou a dar aqueles sorrisos lindos que bebês têm. Logo começou a reclamar e ter vontades, a chorar e pedir as coisas. E, o mais gratificante e apaixonante de tudo, logo se mostrou muito, mas muito mesmo, simpatizado com minha pessoa. Não há nada, mas nada mesmo, mas fantástico e acolhedor do que o amor de uma criança. Um amor claro, sem interesses. Ver Bernardo me pedindo colo toda vez que me vê. Chorando todas as vezes que me retiro de algum lugar. De acordar com um sorrisão e estender as mãos, esfregando os dedos, e tentando me pedir um carinho, ou algo mais. É emocionante. É extraordinário!
 
Saber que aquele ser que você viu nascer, hoje meio que te idolatra. Que dentre todos na família, dentre dezenas de primos, de avós e tios, às vezes até os pais, ele quer estar comigo. Sempre com aqueles bracinhos longos e gorduchos na minha direção. Fazendo graça e esperando a minha aprovação. A alegria do dia, e quem tem criança em casa sabe. Chegar estressado da rotina, e ser recebido com um sorriso quase banguela. Ser convidado a se sentar no sofá, e assistir insistente e repetidamente vídeos da Xuxa e da Galinha Pintadinha, que você acaba decorando as letras e um pouco das coreografias. De sentir que ele quer estar contigo. Que pega uma foto sua, a abraça e beija. Que, em certos dias, você tem que sair escondido de casa, pois se te vir saindo, ele chora. “Bernardo, vai ali pegar seu brinquedo!”, ele vai, eu saio de coração partido.
 
A chegada desse meninão, que eu chamo de Babudo (por babar demais quando mais novo), renovou minha vida. Trouxe novas perspectivas, novos pensamentos, mais responsabilidades, mais amor... Alguém para eu pensar quando triste, preocupado, ou com crise de ansiedade. Bernardo, em seu um aninho de vida, trouxe mais alegrias e momentos inesquecíveis que muitas pessoas que passaram pela minha vida por muitos anos mais. E sou grato a Deus, por deixar que esse anjinho de olhos claros pousasse tão perto, e fazer toda a diferença.
 
Temos uma química incrível. Parecemos saber o que um pensa. Parecemos descobrir magias de coisas que para ele são novidades, e que para mim, acabam se tornando mais perceptivas, graças ao olhar dele. Alguns dizem que esse excesso de atenção que dou a ele pode atrapalhar. Que posso estar me sentindo o pai da criança, de que ele pode, um dia me chamar de pai, mesmo sendo tio. Não vejo problema nisso. Sou apaixonado por esse menino, e quero apenas seu bem. Quero apenas saber que durante a longa e saudável jornada da vida dele, eu poderei estar ali, dando as mãos e ajudando-o quando puder. Virando mundos e fundos, para ser uma criança com uma infância inesquecível!
 
Ganhei um sobrinho, um amigo e um fã. E daqui pra frente, por todos os aniversários que ele comemorar, sempre estarei ao lado desse Babudo. Para conferir seus sorrisos, aconchegar quando precisar, e fazer o que faço melhor, contar histórias.

 
Para meu sobrinho Bernardo Velloso Baltar.
 
 
FIM
 
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ELA VAI TER UM BEBÊ!”.
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Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 09/04/2013
Reeditado em 09/04/2013
Código do texto: T4232639
Classificação de conteúdo: seguro
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