A HISTORIA DE OLHOS QUE ME VÊEM

A HISTOIRA DE OLHOS QUE ME VEEM.

CAPITULO 01

Era final do inverno, e os trens da estação principal de Londres estavam parados na estação a espera de passageiros e alí estava ela Sonia não sabia uma palavra de inglês apenas tentando ir para casa de seu tio em Oxford mas a atendente não entendia nada do que ela falava, era estranho as duas ali paradas uma não sabia o que a outra falava, era incrível como elas não se entendiam. Até que de repente uma voz masculina se aproximou por traz do vidro fumê:

- posso lhe ajudar?

A voz era forte e suave o que deixou Sonia atônita ao ouvi-la ela não conseguia falar nada apenas ouvi-la, mas ela respondeu:

- uma passagem para Oxford por favor.

A voz nada mais falou mas ela via o vulto de homem por traz do vidro ela não viu ninguém mas um vulto de homem as mão que saiu pela pequena fresta no vidro para lhe entregar o bilhete tinha dedos longos quase tocou sua mão, ela tremeu e entregou o dinheiro, olhou de novo e voltou e falou:

- por favor.

a voz masculina lhe respondeu:

- pois não.

- obrigada por tudo pensei que ia morrer aqui sem conseguir sair.

- não devia viajar sozinha se não domina um idioma.

Ela quis se irritar mas pensou melhor ele tem razão. Era perigoso:

- qual o seu nome?

Ela quis saber, mas a voz calou-se ela repetiu a pergunta mas o auto falante anunciava que seu trem ia partir e ela apressou-se para não perder o trem de volta para casa, foi quando pensou em como descobrir. Mas no cantinho do bilhete vinha escrito um nome. "Silva" ele era brasileiro pelo sotaque por tudo, mas qual o nome dele.

O trem partiu, mas ela não conseguia esquecer aquela voz. os dias passavam e ela todos os dias fez o mesmo caminho mas não o encontrava.

Dois meses depois ela volta a empresa e pede o mesmo bilhete suas esperanças já estavam mortas quando ela ouviu aquela voz a mesma voz. E agora o que dizer? O que pensar, ela não exitou:

- Silva? é você se lembra de mim?

a voz disse:

- a brasileira perdida, lembro! seu inglês melhorou, muito...

- qual o seu nome me diz, eu não consigo esquecer sua voz.

Ele então pediu pra ela ir até o outro lado da sala e e esperar que em 10 minutos ele saia e falava com ela. ela obedeceu mas ninguém aparecia foi quando uma mulher de estatura mediana lhe avisou que ele tinha tido um imprevisto e que não iria poder falar com ela naquele momento, ela decidiu não desistir dele muito menos esquecer que ele trabalhava ali então descobriu seu nome ou apelido, "Quim" mas esse nome era vago. seria nome ou apelido por via de duvidas era melhor voltar no outro dia, na tarde seguinte ela voltou foi até o guichê da companhia de trem e chamou pelo nome do funcionário:

- Quim Silva ?

A voz dele ecoou pelo vidro:

- como sabe meu nome?

- sua colega me falou. Então vai me deixar lhe ver ou não?

- vou mas ontem não pude evitar meu irmão ficou doente e tive que leva-lo ao hospital me desculpe pelo transtorno.

Ela disse a ele que esperaria no banco em frente a porta, ele concordou e ela ficou lá sentada de vez em quando o ouvia falar com alguém que se aproximava do guichê da empresa e ela estava disposta a enfrentar chuva e sol para encarar o dono daquela voz.

Quando Quim saiu do guichê da empresa já estava anoitecendo mas ela ficaria ali a sua espera mesmo que ele fosse o ultimo a sair da estação. Sonia mal podia acreditar finalmente veria o rosto do dono daquela voz, linda suave e forte que deixara impressionada, como uma voz poderia ser tão poderosa?

A porta da pequena sala se abriu e ela viu. Ele era alto não muito forte, vestia uma camisa vermelha da companhia de trem na qual trabalhava, e trazia nas mãos um casaco preto, ele ainda estava de costa para ela nesse momento ela teve vontade de sair e não mais voltar ali o que iria dizer? Como falar o que ele devia estar pensando, será que ele era casado? Meus Deus só agora ela se dera conta da loucura que fizera em ir até ali todos aqueles dias e esperar por ele sem nem saber quem era. Mas agora era tarde ele se virava enquanto colocava o casaco preto e de cabeça baixa ela ainda pensava no que iria dizer primeiro talvez um “ me desculpe a inconveniência” ou quem sabe “ oi, Me desculpe se lhe importuno”, mas ele estava na sua frente ele era alto forte moreno claro um sorriso simpático, educado quem sabe...

- a senhorita queria saber quem sou eu? Pronto cá estou!

- me desculpe é que eu fiquei intrigada com a sua voz, isso nunca me aconteceu. Acho que o fato de estar em um lugar desconhecido ajudou.

-eu entendo, também não consegui esquecer o seu jeito de me olhar pelo vidro.

Ele podia me ver, pensou atônita enquanto sentava novamente no banco, ele sentou-se a seu lado e prossegui:

- eu não sabia que minha voz era tá poderosa fazer alguém esperar para me conhecer?

- eu fiquei... ai que vergonha nunca pensei em fazer uma coisas dessas...

- calma... eu entendo... quando cheguei aqui sofri que com a solidão, e o idioma não ajuda muito...

- mora aqui a muito tempo?

- há uns 3 meses mas ainda sofro um pouco trabalho muito. E você mora aqui? Trabalha?

- eu vim estudar em Oxford mas sem falar inglês ficou difícil, até conseguir me adaptar...

- estuda o que?

- mestrado em administração.

Ele alem de lindo era encantador, aqueles olhos negros reluzindo o sorriso iluminado e um jeito de olhar que parecia saber mais do mundo que anos de leitura poderiam mostrar ela sabia que era impossível ficar ali conversando mas ele a olhava com um jeito diferente ela mal ouvia suas palavras apenas sentia aquele som uma voz única como todas as outras mas a dele não era forte e suave ele falava pausadamente, aqui e ali sorria mostrando os dentes alvos em meio aqueles lábios vermelhos bem torneados pela pele morena ainda com resquícios do sol brasileiro, ele era um brasileiro um lindo brasileiro, ele sabia como fazê-la sentir paz sua voz era como um balsamo em sua vida corrida.

- Londres é linda não acha?

- cinza de mais! Sinto falta das cores do Brasil, da alegria do povo de lá. E você não sente?

- sinto! Mas não deixei nada lá!

- você não tem pai nem mãe?

- tenho. Mas é melhor que eu esteja aqui. Eles não entenderam minha decisão de vir pra cá. Mas mora onde aqui em Londres?

- na casa de meus tios até que...

-que o que? Se não quiser falar...

- meu primo começou a me assediar e eu resolvi sair de lá...

- que cara idiota esse seu primo. Ai! Desculpa de todo jeito ele é seu parente...

- eu também o achei um idiota estúpido e sem caráter na verdade falei na cara dele que ele não valia nada...

Eles começaram a rir e então ela viu que aquele rosto másculo com traços fortes era mais lindo ainda quando sorria, ele parecia ter entre 25 e 28 anos, mas será que teria mais que mais ele poderia ter, quem seria aquele homem tão encantador que a pouco tempo nada mais era que um vulto através de um vidro, ele a encantava, a cada palavra a cada gesto até que a voz dele a acordou do sonho em que se encontrava enquanto admirava aqueles olhos castanhos tão lindos que pareciam duas jabuticabas de tão brilhantes:

- então agora moras em Londres?

- moro, não muito longe daqui num apartamento que mais parece uma caixa de fósforos.

- quer que eu lhe acompanhe até lá?

- por favor é um caminho meio longo para se fazer sozinha depois a essa hora creio que taxis fiquem rareados por aquelas bandas...

Eles se levantaram foi quando ela notou que ele era alto e que tinha um porte magro atlético, aquele jeito simples de falar e de andar demonstravam que ele era sim um homem do Brasil, o sorriso e até a pele ainda bronzeada meio amarelada pelo sol europeu, ele lhe estendeu o braço e saíram, passos lentos sem pressa, dava pra ver que havia poesia naquele olhar, pararam em um café perto de um praça, a luz do sol sumia aos poucos no horizonte, e dava uma sensação de saudade e nostalgia, pediam um café, ficaram olhando como as pessoas passavam umas pelas outras nas ruas num vai e vem frenético, sem reparar na beleza do por do sol. Estavam em silencio como quem admira um quadro de Monet, ou uma obra prima de Leonardo da Vinte, era mágico aquele momento, para Sonia o primeiro desde que chagara a Londres nos últimos 2 meses, eles estavam em completo estase vendo quando a sena quando o garçom lhe roubou a atenção colocando as xícaras de café sobre a mesa, a bebida fervia de tão quente, emanado um cheiro forte que fazia ainda mais eles se perderem da realidade, o silencio era insolúvel, até que Quim tomou coragem e falou:

- esse por do sol só não é mais bonito que o da minha terra, o mais lindo é o de lá!

-de onde você é no Brasil?

- sou do sul do pais, sabe do interior do interior do mato, lá onde a estrada ainda é de terra batida e a igrejinha ainda fica lotada de fieis na missa de domingo, de onde o gado pasta nas serranias, de onde o rio corta a cidadezinha, sou do bicho do mato.

- você é de Minas Gerais?

- não! Mas de onde sou não importa sou brasileiro... é o que basta...

Fez-se novo silencio, nada se falou até Sonia dizer:

- sinto falta da minha casa da minha mãe... do cheiro do café na hora... hum ainda sinto aquele cheiro... sinto falta de tomar banho no rio de nadar na cachoeira na tarde quente de verão... de comer manga no pé...

- também sinto falta... as mangas que vendem aqui não tem o mesmo gosto daquelas lá do Brasil... um dia volto pra o Brasil...

Tomaram um gole do café e riram, riram alto chamando a atenção de um casal de idosos que estava na mesa ao lado, foi quando se deram conta de que estavam fazendo barulho demais, pagaram o café e saíram:

- esta cidade pode ser linda ter o que quiser mas não é a nossa terra... engraçado... vivo aqui a mais de 10 anos e nunca tinha encontrado outro brasileiro... até te encontrar Sonia.

- eu acredito que o destino faz tudo andar em um curso que não nos compete questionar, apenas viver. Moro aqui a 3 meses e já vivi coisas que nunca pensei em viver... morava com meus tios, fui embora, troquei de casa, briguei com meu primo, meus pais estão com raiva porque sai da casa de meus tios, moro sozinha,... tanta coisa... conheci um brasileiro como eu... me apaixonei por uma voz... por um par de olhos, negros, como a noite sem lua...

- Sonia eu não queria que se apaixonasse...

- posso terminar meu raciocínio?

- pode! Por favor!

- me apaixonei por esses olhos lindos que eu só via dentro de uma caixa de vidro, dentro de aquário, olhos de aquário... sabe também não queria me apaixonar por você mas fazer o que cá estou eu apaixonada por um desconhecido que tudo que sei é que se chama Quim Silva, e mais nada...

- menina não faz isso...

- que estou fazendo? Acha que queria estar falando isso? Olha eu não sei o que me deu... em voltar naquela estação e te esperar, até me atender...

- e eu não sei o que eu faço... eu ... também me encantei com você seu jeito de menina, sendo mulher eu não sei... só não se apaixona...

- você é casado?

- não, não sou... moro com meu irmão...

- eu não quero ser precipitada mas... vivamos cada dia de cada vez... cada segundo como o ultimo de nossas vidas?

- feito... vivamos a vida como se não houvesse amanhã...posso?! quis saber ele se aproximando dela enquanto a puxava para junto de si. Ela sabia que não devia mas seu coração não conseguia impedir... era uma luta perdida... ele a beijou com carinho e cuidado, por um instante não havia nada mais no universo alem deles dois e do canto dos pássaros que cantavam nos ninhos feitos nas torres da catedral, era incrível parecia um sonho ninguém podia danificar aquele momento mágico.

Param e se olharam, quando se olharam se conheceram, quando se conheceram se amaram... foi assim que apaixonaram. Nos que se seguiram saiam juntos da estação toda tarde, Sonia trabalhava em um jornal, da cidade de Londres mas tinha que atravessar quase que diariamente a cidade, indo de um lado pro outro, ele sempre se mantendo serio, olhos fixos no futuro o que deixava Sonia intrigada.

Um dia Sonia chegou a estação e o encontrou, já de saída e muito animado:

- tirei férias antecipadas, pra coincidir com as suas o que vamos fazer? Você escolhe o destino?!

- não sei... vamos consultar um mapa.. quantos dias de folga?

- 3 semanas inteiras só pra nos dois...- ele sorria muito a alegria estava estampada em sua face- o que me diz dá pra viajar?

- claro! Até pra fora da Inglaterra... Itália quem sabe?

- podemos ir a que lugares? Faça o itinerário... confio em você até eu de olhos fechados e você guiando um trem...

Foram para a casa dela, lá abriram um mapa e fizeram o roteiro que ia de Londres a Roma, passando por Veneza, Creta, Monteronto, e muitos outros... Era a viajem dos sonhos... Mas nunca se esqueça sonhos são sonhos a realidade é bem diferente.

Aglae Diniz
Enviado por Aglae Diniz em 07/04/2013
Código do texto: T4228306
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