Tentação ( parte XLII )
                             
                                                (continuação do capítulo anterior)
 
Enquanto Maria Rosa dormia em seu colo, Silveira observava o seu semblante sereno e perguntava como tinha deixado se envolver por aquela mulher.  Foi um erro ? com certeza foi, mas em algum momento foi ruim? Não foi... 
Lembrou-se de como sorria quando estava ao seu lado, a vida tinha um seguimento como se fosse uma grande brincadeira, e nas horas de maior tensão, ela sorria e espairecia tudo, como um vento espalha a névoa e as figuras assumem novamente o seu foco. 
Maria Rosa mantinha sempre a graça da ingenuidade, sem ser ingênua, fazia amor pelo simples prazer que o gozo lhe trazia, não queria nada em troca, podia-se dizer que ela era escrava do amor... 
Um pernilongo pousou sobre o braço de Maria Rosa, e Silveira ao querer matá-lo, acabou por acordá-la.
- Patrãozinho, cheguei até a sonhar, agora estou bem, podemos ir em frente, porque lá atrás vem gente...
- Menina, será que você também não estará grávida?
Maria rosa deu uma sonora gargalhada, colocou a mão no ventre e disse:
- Eis aqui o nosso filho, fruto do mais puro amor, da minha paixão pelo senhor, patrãozinho.
E dava nova e sonora gargalhada...
Depois, com seriedade disse-lhe que tinha suspenso as ervas durante o tempo em que ele não estava presente, e que media as suas regras pela chegada de um novo paquete, e quando o paquete lhe trouxesse o senhorzinho, então ela recomeçaria com as ervas. Então, foi lá no picuá pendurado no arreio do seu cavalo e retirou as ervas. 
- Agora vou tomá-la novamente, meu patrãozinho, e poderemos fazer amor o dia inteiro...
Subiu no cavalo, ajeitou-se na sela e lhe disse:
- Estou pronta, novinha em folha pro meu patrãozinho!
 
Quando chegaram na Cantina dos Alemães, no Alto da Serra, Silveira desceu do animal e foi pedir dois quartos, mas foi informado que só tinha um quarto pequeno, e com cama de casal.
- Nessa hora, senhor, é melhor ficar neste quartinho, porque não vão encontrar mais nada aí adiante...
- Queríamos então, duas tinas com água quente, o senhor me faz esse favor?
- Quer que leve a refeição no quarto?
- Quero, mas uma comida leve porque a moça se sentiu mal e vomitou no caminho.
Tirou uns trocados do bolso e pediu que os animais fossem cuidados.
 
No quarto, Maria Rosa estendeu no chão as duas toalhas que estavam sobre a cama e quando os empregados trouxeram as tinas, ela indicou os lugares onde deveriam ser postas, sobre as toalhas e disse-lhes:
- Por favor, tragam mais duas toalhas que o patrãozinho lhes dará  as gorjetas.
Logo em seguida chegaram as toalhas e os rapazes receberam as gorjetas prometidas.
- Patrãozinho, faz muito tempo que não lhe dão um banho de tina?
- Desde a época da minha falecida mãe...
- Então tire sua roupa e entre aí... 
Silveira obedeceu, deitou-se na tina deixando as enormes pernas para fora, enquanto ela o esfregava com bucha e sabão. Depois jogou a bucha para um canto e começou a alisar seu corpo, seu pescoço, as pernas...
Quando ele começou a se empolgar, ela interrompeu e lhe disse:
- Agora é a minha vez, queridão, porque senaão a água vai esfriar e quero ficar toda lavada e cheirosa pro meu senhor...
Deitou-se na tina, ela própria se lavou e pediu para também ser acariciada.
Daí em diante os dois foram para a cama, ainda meio molhados e ela murmurou:
- Quanta saudade, patrãozinho, quanta saudade...
- Eu também estava cheio de saudades esperando por esse momento....
-  Vem aqui, me beija, assim, assim...
- Morde bem devagar na pontinha do meu seio... vai... vai...
 De manhã cedo deliciaram-se com as tortas de maçãs, os strudells e sonhos, especialidades alemãs.
Mesmo assim saíram cedo, mas bem depois do galo cantar...
 
Houve hora, em que os dois, lado a lado, seguiam de mãos dadas, como se quisessem ampliar o momento gostoso da noite anterior.
- Você comentou sobre a visita do Mário...
- Do Marcos, patrãozinho.
- Soube que estão bem, são telegrafistas, não são ?
- Estava muito preocupado com eles, já morreram nesta guerra idiota, mais de quinze mil pessoas e ainda vão morrer muito mais, esse maluco do Solano Lopez se armou muito bem.
O tempo estava virando, tinham que encontrar pouso antes  da chuva começar a cair. Pousaram numa fazenda na beira do Paraíba,  em que ele e Maria Rosa se alojaram em cômodos diferentes. 
Pela manhã Silveira conversou com a senhora do fazendeiro e perguntou como poderia compensar a hospedagem.
- Sempre hospedamos os viajantes e assim vamos ampliando a nossa amizade, essa é a nossa recompensa. A moça é sua escrava?
- Ela já está alforriada, mas só sai de lá de casa quando fizer um bom casamento. É como se fosse nossa filha...
- É uma moça muito bonita e simpática, não vai demorar para encontrar o seu príncipe encantado.
Despediram-se e saíram.
Quando se afastaram, Maria Rosa lhe disse:
- Meu príncipe encantado está bem pertinho de mim... E sorriu para Silveira.
                                         
                                                        ( continua no próximo capítulo )
 
 
 
elzio
Enviado por elzio em 05/04/2013
Reeditado em 23/05/2013
Código do texto: T4224557
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