Cada um de nós temos algum tesouro perdido,alguma caverna desmoronada pelas tempestades da vida;
Era uma vez, um garimpeiro que há dezessete anos descobriu uma mina de ouro e diamantes. Um dia, uma forte chuva destruiu a entrada dessa caverna, caminho por onde deveria percorrer até chegar ao coração do ouro e dos diamantes. Provido de uma única picareta, uma colher e uma caneca, esse garimpeiro não desistiu ante os obstáculos, foi em frente em seu propósito e jamais, dia após dia, meses após meses...
Suas únicas ferramentas, cada uma ele usou com certa medida, para que não se desgastassem tão depressa... Enfim, os anos se passaram, no meio do caminho o jovem garimpeiro foi envelhecendo, ficando fraco, passou pelo vale da morte, febril de alma e de coração, mas nunca desistiu do que buscava... Houve dias em que ele pensou estar na direção errada, afinal, não havia sequer um mapa em mãos, a única coisa que possuía era a intuição e a esperança que o guiaram nessa laboriosa jornada.
Um dia, quando datava exatos dezessetes anos, havendo já todos os empenhos sido perpetrados, sua ferramentas já estavam no limiar; a única coisas mais conservada era sua caneca, que ele usava para, quando achava uma mina d’água, extrair o necessário para aquele momento, mas a sede sempre viria logo depois... ( aqui cabe uma perfeita analogia). Já desesperançado, decidiu cavar mais uns metros, e prometeu desistir, caso não encontrasse o que almejava. Pasmem...
Numa madrugada de intensas emoções, com frio e muito cansado ele eleva sua picareta e, ao cravar ela na terra, sente que a ponta já gasta pelo tempo bate em algo firme e deduz: “deve ser mais uma camada de rocha... meu Deus, e agora?”. Ainda mais desesperançado o cansado homem luta contra si mesmo na resiliência dos fortes, na esperança desesperançada de quem já nem deseja mais o que antes buscava, mas que pela honra da promessa vai até o fim... Ao tirar a terra um fulgor invade-lhe a face... Ali, na sua frente, o que tanto buscou é achado: O diamante de maior quilate que um garimpeiro já encerrou nos braços. Renovada as forças, juntando energias e rememorando o passado, o garimpeiro leva a cabo sua expedição e retira seu tesouro da obscuridade das sombras, no entanto, ao sair à luz o pobre- rico garimpeiro se prostra diante da entrada da cisterna por onde ele descia todos esses anos para encontrar seu diamante. Ali sucumbe, com o diamante nos braços... Achou o que tanto buscava, no entanto, morre sem nunca tê-lo usufruído. Os anos de clausura e solidão no fundo da cisterna o empalideceram, enfermou e se encarregou de ser seu cruel carrasco. Morreu porque jamais desistiu de ter em seus braços o diamante e sua recompensa foi a morte como moribundo, vazio e cheio de enfado. Essa história se confunde com a de um homem que durante anos buscou resgatar um amor do passado, e em situação análoga à do garimpeiro também morreu em seu coração por saber que jamais poderá ter seu diamante encerrado nos braços... Esta pode ser a minha, a tua, a nossa história... afinal, cada um de nós temos algum tesouro perdido,alguma caverna desmoronada pelas tempestades da vida;