Tentação ( parte XLI )
 
                                ( continuação do capítulo anterior )
 
Silveira telegrafou para os fabricantes americanos para confirmar as remessas das mercadorias e saber em qual navio havia sido feito o embarque e qual era o número do documento de exportação para facilitar ao despachante aduaneiro a liberação das cargas.
Por sua vez Ubiratan fez todos os levantamentos das remessas recebidas da Bélgica, os seus valores correspondentes, o que já havia sido pago e o que ainda restava para se pagar.
Com esses dados ele se reuniu com Silveira e Moacir, e baseado numa estimativa modesta de lucros, projetou o que a firma poderia se comprometer a pagar, considerando um prazo de vinte e quatro meses para saldar todo o débito.
Moacir acreditava que com as vendas dos carneiros hidráulicos, que deixava um bom lucro para o empreendimento, talvez pudessem resgatar a dívida em um ano. 
Ubiratan, mais comedido, propôs a Silveira enviar uma carta ao fornecedor belga, com a planilha propondo o pagamento em vinte e quatro meses.  Silveira propôs que se enviasse um telegrama aos belgas, dizendo que a proposta de negociação da dívida seguiria por carta, para acalmar seus ânimos.
 
Com tudo preparado para colocar os negócios em ordem, Silveira disse que partiria em dois dias, estava angustiado por ficar longe da sua família. 
Moacir argumentou que com a volta de Maria Rosa, eles perderiam não só a cozinheira, mas também quem atendesse no balcão, o que obrigaria que nem ele, nem Ubiratan pudessem sair ao mesmo tempo e como o seu trabalho era na rua, Ubiratan ficaria sacrificado.
- Porque não se contrata o Jerônimo ? Ele sabe cozinhar e no tempo vago pode atender no balcão... Disse Maria Rosa.
- Mas quem é Jerônimo ? 
- O vizinho que mora aqui ao lado, ele é caseiro e os proprietários muito velhos não aparecem por aqui, foi quem me deu a mão na hora em que o homem foi mordido pelo cachorro. 
- Tudo bem, lhe disse Silveira, como você é a conhecida dele, fica então encarregada de lhe fazer a proposta, mas saiba desde já, ele vai ser empregado de uma firma que está brigando para não falir e por isso mesmo o seu salário vai ser baixo.
Quando terminaram a reunião, Moacir ficou a sós com Silveira, lhe falou que os meninos estavam muito crescidos e espertos e que Manoel lhe perguntara por Maria Rosa.
Soube também, senhor Silveira, que a dona Ana Luiza tinha passado mal, desmaiado e que o doutor Darci lhe disse que ela está esperando um outro bebê... Meus parabéns!
- Só agora você me diz isso, Moacir, vou voltar amanhã mesmo, pode mandar a Maria Rosa se preparar...
 
No dia seguinte eles saíram cedo, quando o galo cantou eles já estavam a caminho. Silveira preferia assim, a marcha rendia muito mais e não precisavam chegar tarde nas hospedarias.
O sol estava a pino, o calor insuportável e eles chegaram a Xerém, no Pé da Serra. Pelo cálculo de Silveira iriam se hospedar na Cantina dos Alemães, já na entrada de Petrópolis.
Almoçaram em Xerém, numa casa que oferecia aos viajantes somente frango, farofa e salada. Era uma comida saudável.
Com os cavalos já refeitos do cansaço, eles começaram a subir a serra, quando já estavam no meio do percurso, Maria Rosa se queixou de que não estava passando bem.
Eles apearam dos animais, ela levou a mão na cabeça demonstrando que estava com dor de cabeça e começou a vomitar.
Silveira buscou um abrigo contra o calor no meio das árvores, abriu o pelerine que ela levava, estendeu-o no chão e ela se recostou no seu colo, e depois de algum tempo, dormiu.
Ele imaginou: Será que ela também está grávida? É o cúmulo do azar...    
                                                         ( continua no própximo capítulo )
elzio
Enviado por elzio em 04/04/2013
Reeditado em 23/05/2013
Código do texto: T4222746
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.