Ouça este texto

Falar. Isso é algo que detesto fazer, pelo simples fato de ser um desastre. Me embaralho toda e no final só sai desgraça: eu gaguejo, a voz afina, fica doce, as mãos tremem e soam. É, talvez, falar não seja o meu forte.

Mas há algo em que sou boa, ah, se sou: escrever. As qualidades das palavras talvez sejam um lixo, mas sinceridade é certa.

Então, querido, agora pare acalme-se e ouça este texto.

Há muito eu não ouvia meu coração. Digo literalmente, seus batimentos são tão profundos que posso ouvi-los perfeitamente. “Meu Deus! O que há comigo?” uma pergunta assídua esta. “De fato essas batidas são de verdade?” “Quero respostas!”, exijo de mim mesma. Toda via, infelizmente não existem respostas justificáveis para perguntas que parecem ser simples.

Acontece que estou te odiando, só que ao contrário. Tenho tanta gana desse teu jeito manhoso, dramático, sensível e carente… Ah! Principalmente isso. Odeio essa sua carência constante. Ela me deixa frenética e um tanto indócil. E quando diz que é carente, fico duvidosa. Carência é doença por acaso?

Você é sínico, egocêntrico e egoísta. Deseja tudo pra si mesmo. E se sumo, apronta piti!

E o maior problema, é que eu gosto. Intrigante, isso é bastante difícil de admitir, mas gosto de cada detalhe em você. Paradoxo esse, não é mesmo? Bipolaridade sentimental? Uma hora te odeio, outra te gosto. Quem dera eu, poder entender… Sempre que esses pensamentos e sentimentos vem a tona, me lembro desta frase: “Te amo e te odeio. É como se eu tivesse vontade de te dar um tiro e entrar na frente pra salva-lo.”

Então, Moreno. Deve ser isso que sinto por você. Que sentimento é esse? Não me interessa tão pouco quero desvendá-lo. São essas sensações que vez ou outra, move minha vontade indecente de enfiar qualquer coisa na mala e pegar o primeiro avião em direção a imensa Selva de Concreto, estando consciente de que isso não passa de uma tortuoso devaneio! Discar seu número e dizer “Estou aqui pra ficar. Vem me buscar?”. Correria e pularia em teu colo quando chegasse ao aeroporto. Iria te abraçar tão forte que o deixaria sem ar. Depois, andaríamos pela cidade, avenidas, cafés e teatros. Em seguida, seguiríamos para casa, quando chegássemos desfrutaríamos do amor que é dádiva divina. Seriamos felizes. Sempre. Eternamente.

Doce ilusão, isso jamais vai acontecer. Sobre hipótese alguma. Contos de fadas são apenas contos de fadas, nada mais, nada além. Sou sim, uma grande sonhadora, uma pequena escritora com o mal abito de misturar realidade a fantasia. Tenho tanto que a viver, tenho tanto o que aprender…

Preciso olhar somente pra frente e alcançar meus objetivos, meus sonhos. Agora, necessito pensar em mim, não em você.

Talvez seja egoísmo da minha parte. Que seja, já não me importo. Já fui flor, hoje sou espinho. Sabe aquela velha história? “Pensei muito em quem não deveria, cuidei muito de quem não merecia e blá, blá, blá…”. É isso que se passa. Então me lembro daquele ditado popular: “Os inocentes pagam pelos pecadores”.

Mas alegra-te, meu Coração, pra tudo há jeito e nada é impossível. Sonhos tornam-se realidade (ou não). O tenho bem guardado no peito, no coração pra lhe ser exata. Peço proteção a você todos os dias. Te abraço (mesmo que distante) todas horas.

Enfim, agora viu como sou melhor escrevendo que falando? Bem mais corajosa e muito mais ousada. Duvido que um dia você irá ouvir tudo isso da minha boca. Porque daqui só sai incertezas.

Dea Nesbitt
Enviado por Dea Nesbitt em 29/03/2013
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