Tentação (parte XXXIII )
( continuação do capítulo anterior )
Ana Luiza estava na cozinha da fazenda, sentou-se no grande banco que ladeava a mesa e começou a preparar os pratos de comidas das crianças. De repente sentiu uma tonteira, deixou cair o prato no chão e desmaiou, pendendo o seu corpo sobre a mesa. Pulcena que havia saído, quando voltou , encontrou-a debruçada, sem sentidos.
Levantou seu corpo e sacudiu-a e quando viu que ela não recobrava os sentidos, gritou por ajuda.
Ubirajara acudiu-a, teve a presença de espírito de colocá-la deitada e com as pernas elevadas sobre o travesseiro e aos poucos, ela muito pálida foi tomando a cor.
Todos ficaram muito assustados e não sabiam que providências tomar, porque o médico mais próximo ficava a três horas de viagem da fazenda. Foi por isso que ele optou em arriar um animal e procurar a ajuda do senhor Adalberto, já que da Fazenda das Pedras chegava-se ao doutor em meia hora.
Silveira circulava na Feira de Nova Iorque com muita desenvoltura, sempre acompanhado por Maurice, os dois impecavelmente vestidos, perambulavam pelos estandes, falando com os apresentadores dos produtos como importadores que eram.
Num grande balcão estavam expostos os carneiros hidráulicos. Os olhos de Silveira brilharam.
Maurice era o seu intérprete, mas Silveira fazia questão de mostrar que conhecia o produto em detalhes, tanto que entre tantas pessoas, o apresentador veio pessoalmente atendê-lo. Em menos de uma hora estava acertado um contrato de importação inicial de cem unidades, com o pagamento programado para o sexto mês depois da entrega, com possibilidades futuras de entrega de cem unidades mensais e exclusividade nas vendas.
Silveira saiu radiante da negociação e mais adiante encontraram um fornecedor de foices, enxadas, arados, arreios, exatamente similar aos produtos que ele recebia da Bélgica. Silveira foi logo mostrando o contrato de importação dos carneiros hidráulicos, o que facilitou muito a negociação, e conseguiu também fechar uma linha de crédito para entrega de uma batelada de produtos diversos.
Tudo correu de acordo como ele queria, e melhor do que ele previra. Agora teriam que ultimar todos os detalhes dos contratos para que os produtos fossem remetidos o mais rápido possível.
Uma noite, com as portas já fechadas, Maria Rosa preparava para se deitar. O calor que fazia, prenunciava um temporal. De repente, Furacão começou a latir, jogando-se contra o portão de madeira. Maria Rosa vestiu-se e com um lampião na mão, foi saber do que se tratava. Quando abriu a porta, quem estava na sua frente ? Um soldado negro, de um metro e oitenta, forte como um touro. Ela olhou direito e custou a reconhecer.
- Marcos, Marcos meu irmão como você está forte, como cresceu... Como está bonito!
Vamos entrar, soldado.
- Soldado não, minha irmã, olhe aqui as divisas, eu sou cabo.
- Cabo Marcos!
- Da unidade de comunicações, sou um cabo telegrafista...
Maria Rosa não sabia o que dizer, deu um nó na sua garganta e ela se abraçou ao irmão e começou a chorar.
Depois de muito soluçar, abraçada a ele, foi que perguntou:
- E o Mário, como está?
- Ele está no Mato Grosso, lá perto da frente de batalha, mas também está bem, eu falo com ele todo o dia, ele também é telegrafista...
A nossa sorte, minha irmã, é que aprendemos a ler e escrever, porque senão estaríamos na frente de batalha, seríamos as buchas dos canhões...
Daquele grupo que foi conosco, a maior parte morreu...
Que Deus abençoe a condessa!
Os dois não se cansavam de falar, contaram tudo o que tinha acontecido, e deram muitas gargalhadas quando ela lhe contou que Ubiratan agora era Maurice e Moacir tinha se transformado em Marcel Segall.
( continua no próximo capítulo )
( continuação do capítulo anterior )
Ana Luiza estava na cozinha da fazenda, sentou-se no grande banco que ladeava a mesa e começou a preparar os pratos de comidas das crianças. De repente sentiu uma tonteira, deixou cair o prato no chão e desmaiou, pendendo o seu corpo sobre a mesa. Pulcena que havia saído, quando voltou , encontrou-a debruçada, sem sentidos.
Levantou seu corpo e sacudiu-a e quando viu que ela não recobrava os sentidos, gritou por ajuda.
Ubirajara acudiu-a, teve a presença de espírito de colocá-la deitada e com as pernas elevadas sobre o travesseiro e aos poucos, ela muito pálida foi tomando a cor.
Todos ficaram muito assustados e não sabiam que providências tomar, porque o médico mais próximo ficava a três horas de viagem da fazenda. Foi por isso que ele optou em arriar um animal e procurar a ajuda do senhor Adalberto, já que da Fazenda das Pedras chegava-se ao doutor em meia hora.
Silveira circulava na Feira de Nova Iorque com muita desenvoltura, sempre acompanhado por Maurice, os dois impecavelmente vestidos, perambulavam pelos estandes, falando com os apresentadores dos produtos como importadores que eram.
Num grande balcão estavam expostos os carneiros hidráulicos. Os olhos de Silveira brilharam.
Maurice era o seu intérprete, mas Silveira fazia questão de mostrar que conhecia o produto em detalhes, tanto que entre tantas pessoas, o apresentador veio pessoalmente atendê-lo. Em menos de uma hora estava acertado um contrato de importação inicial de cem unidades, com o pagamento programado para o sexto mês depois da entrega, com possibilidades futuras de entrega de cem unidades mensais e exclusividade nas vendas.
Silveira saiu radiante da negociação e mais adiante encontraram um fornecedor de foices, enxadas, arados, arreios, exatamente similar aos produtos que ele recebia da Bélgica. Silveira foi logo mostrando o contrato de importação dos carneiros hidráulicos, o que facilitou muito a negociação, e conseguiu também fechar uma linha de crédito para entrega de uma batelada de produtos diversos.
Tudo correu de acordo como ele queria, e melhor do que ele previra. Agora teriam que ultimar todos os detalhes dos contratos para que os produtos fossem remetidos o mais rápido possível.
Uma noite, com as portas já fechadas, Maria Rosa preparava para se deitar. O calor que fazia, prenunciava um temporal. De repente, Furacão começou a latir, jogando-se contra o portão de madeira. Maria Rosa vestiu-se e com um lampião na mão, foi saber do que se tratava. Quando abriu a porta, quem estava na sua frente ? Um soldado negro, de um metro e oitenta, forte como um touro. Ela olhou direito e custou a reconhecer.
- Marcos, Marcos meu irmão como você está forte, como cresceu... Como está bonito!
Vamos entrar, soldado.
- Soldado não, minha irmã, olhe aqui as divisas, eu sou cabo.
- Cabo Marcos!
- Da unidade de comunicações, sou um cabo telegrafista...
Maria Rosa não sabia o que dizer, deu um nó na sua garganta e ela se abraçou ao irmão e começou a chorar.
Depois de muito soluçar, abraçada a ele, foi que perguntou:
- E o Mário, como está?
- Ele está no Mato Grosso, lá perto da frente de batalha, mas também está bem, eu falo com ele todo o dia, ele também é telegrafista...
A nossa sorte, minha irmã, é que aprendemos a ler e escrever, porque senão estaríamos na frente de batalha, seríamos as buchas dos canhões...
Daquele grupo que foi conosco, a maior parte morreu...
Que Deus abençoe a condessa!
Os dois não se cansavam de falar, contaram tudo o que tinha acontecido, e deram muitas gargalhadas quando ela lhe contou que Ubiratan agora era Maurice e Moacir tinha se transformado em Marcel Segall.
( continua no próximo capítulo )