TARDES DE OUTONO – Final
Faltava um mês para a viagem do filho mais velho de Fátima e o caçula passava mais tempo na faculdade e com a namorada do que em casa. Uma tarde rara com os dois em casa, a mãe os chamou para conversar.
Os dois entreolharam-se, já premeditando o que viria. A mulher, despreocupada, consciente do seu papel de mãe, começou a narrar o que estava sendo a vida de cada um deles em casa. Lhes disse que eles sabiam de tudo o que havia passado com o pai e que apesar de morar com ela, eles o apoiaram em sua nova vida, até mesmo aceitando o seu novo casamento. Os dois, novamente se olharam, calados, mas isso não a intimidou.
-Meus filhos, vocês sabem que os amo muito, mas vejo que cada um já cuidando de sua própria vida. E agora é minha vez de cuidar da minha.
Você, Carlos, o mais velho, está com viagem e emprego arrumados para os Estados Unidos, indo viver com o amor de sua vida, que já está lá. E você, Paulo, bem empregado, na faculdade, e praticamente vivendo com Cíntia, sua namorada de muitos anos, com quem fala em casar-se quando se formar. Então, resolvi tomar uma atitude em minha vida.
Vivo um amor silencioso com Renan, há dois anos e resolvemos vive-lo de verdade e, esperamos que vocês aceitem nossa nova vida. Já resolvemos que vamos morar no apartamento dele e essa casa ficará com você, Paulo, caso decida permanecer aqui. Em nossa casa sempre haverá lugar para vocês, pois o amor de mãe não muda por amor de um homem, pois são amores diferentes. Apenas peço que vocês aceitem nossa decisão, pois não voltaremos atrás.
O Renan deseja viver em harmonia, pois os aceita como meus filhos e gostaria de manter uma boa convivência, dependendo apenas de vocês.
Terminando de falar, Fátima levantou-se e saiu da sala, deixando os dois conversando em tom muito baixo. Subiu para o quarto e ficou aguardando a resposta dos dois.
Quase uma hora depois, nervosa com a espera, Fátima ouviu uma tímida batida na porta e sabia que era Carlos, mais comedido que o irmão. De onde estava, sentada na poltrona, disse-lhes em entrassem.
Carlos e Paulo, com os olhos vermelhos, sentaram-se no chão, um a cada lado da mãe e o mais velho iniciou: Mãe, você sabe como é ser filho, pois o vô e a vó tiveram você e mais três, então você tem uma ideia de como estamos nos sentindo, disse o rapaz, com lágrimas nos olhos.
A mãe sorriu docemente, passou as mãos na cabeça, primeiro de um e depois do outro e disse: -claro que sim, meus filhos, claro que os compreendo.
Em seguida, Paulo tomou a palavra, mas também queremos compreender e aceitar sua decisão. Afinal de contas, não somos mais crianças. Mas temos medo de perde-la, mãe. Disse também, aos prantos.
Fátima levantou-se carinhosamente e vou acomodar-se na cama, colocando a cabeça dos rapazes nos ombros, onde todos derramaram suas copiosas lágrimas.
E falou com carinho: Eu nunca abandonarei meus filhos por ninguém, apenas vou estar num endereço um pouco mais longe, mas você, Carlos vai poder falar todos os dias comigo pelo telefone, internet o que for e você Paulo, pode estar junto no momento que quiser, ficando aqui ou lá na nova casa, podemos fazer as refeições, poderá dormir quando quiser, vai depender de você.
Os rapazes, com sorrisos em lágrimas, abraçaram a mãe docemente abençoando sua nova vida.
Assim, como a arte imita a vida e a vida imita a arte, foram felizes para sempre.
O AMOR VENCE TODAS AS BARREIRAS, BASTA SABER AMAR.
Estrela Radiante
"imagem do Google"