Tentação(parte XXVIII)
                     
                            (continuação do capítulo anterior)



Chegaram na importadora depois das dez horas da manhã, as portas ainda estavam cerradas, na frente do prédio o capim estava alto, havia movimentação na rua, mas onde estava Marcondes? Silveira tirou da algibeira um molho de chaves, abriu a pesada porta de madeira, levantou as tramelas das janelas e o sol inundou de claridade o interior da casa.
Percorreram todos os compartimentos, onde a sujeira imperava. Num dos quartos haviam garrafas de cachaça e restos de comida, um rato passou correndo junto às pernas de Ubiratan. Era a imagem do caos.
- Vocês já viram que há muito trabalho para todos nós... Vamos começar pela limpeza interna, antes vamos levar os animais para a parte dos fundos, desarreá-los e soltar no pasto, lá no final passa um regato e o pasto está alto, eles vão gostar. Moacir, você cuida dessa parte, o que tiver de material no lombo das bestas, você descarrega no quartinho dos fundos.
- Deixa por minha conta, respondeu Moacir.
- Onde está o material de limpeza, perguntou Maria Rosa.
- No quarto junto da cozinha, aproveita e faz um levantamento do que temos de comprar, mantimentos, panelas toalhas, copos, todas essas coisas de que você vai precisar, disse Silveira.
Ubiratan arregaçou as mangas e não esperou ser mandado, começou a fazer a faxina no salão, colocou tudo em ordem, mantendo juntas as ferramentas por suas categorias, e fazendo um levantamento do material existente.

Marcondes só apareceu quando o relógio do salão marcou as duas horas da tarde, Silveira o convocou no seu escritório e lhe disse para procurar os seus direitos com o doutor Marques.
Marcondes esbravejou, disse que tinha levado a firma nas costas, sozinho, durante sete anos, que aquilo não era justo e que iria reclamar os seus direitos no tribunal.
- Acho muito bom mesmo, porque pelo meu levantamento prévio, sumiu muito material daqui de dentro e o senhor vai ter que prestar contas. Já que o senhor quer mesmo reclamar na justiça, saiba que vou dar parte do senhor na delegacia e tenho três testemunhas presentes.
Marcondes modificou logo o seu modo de falar, se afastou e em seguida retornou e disse que iria procurar o doutor Marques para fazer o acerto, saiu e não mais voltou.

Quando chegou a tardinha, o aspecto do estabelecimento já era outro, estava todo limpo e organizado, um cheirinho de eucalipto no ambiente confirmava que a limpeza não era só aparente.
Maria Rosa apresentou para Silveira a lista de mantimentos e apetrechos de cozinha, além das roupas de cama e banho. Silveira mandou que Moacir selasse dois animais e preparasse a besta com cestos e picuás, para que ele e Maria Rosa saíssem para fazer as compras.
Como não haviam camas para todos Silveira chamou Moacir e Ubiratan e lhes disse que enquanto os colchões e camas não chegassem, que eles iriam dormir sobre as mantas, todos no mesmo quarto, como na viagem, mas eles preferiram dormir num outro espaço desocupado, onde haviam prateleiras vazias, de modo que, coube uma cama para Maria Rosa e outra para Silveira... No mesmo quarto...

                                                     ( continua no próximo capítulo )

elzio
Enviado por elzio em 22/03/2013
Reeditado em 23/05/2013
Código do texto: T4201689
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