Tentação ( parte XXV )
                    
( continuação do capítulo anterior )


Silveira convocou os irmãos Moacir e Ubiratan e conversou com eles sobre a viagem que tinha feito, lhes explicou sobre o vínculo que existia sobre uma possível falência da firma e a perda do patrimônio da fazenda, com possibilidades inclusive, de eles terem de serem vendidos e sobre a oportunidade que existia para todos se eles conseguissem superar esse desafio que era a recuperação financeira da firma. E lhes fez a seguinte proposta:
- Gostaria que vocês trabalhassem na firma de importação, o Ubiratan na parte administrativa e você, Moacir, nas vendas. Se nós conseguirmos resgatar a credibilidade da firma, e torná-la lucrativa no período de dois anos, vocês serão automaticamente alforriados, e continuarão com seus empregos garantidos na firma. Vocês pensem e me respondam, mesmo porque, se não aceitarem a proposta, vocês irão de qualquer jeito trabalhar lá. Ubiratan respondeu de imediato que aceitava e em seguida Moacir acenou com a cabeça que também estava de acordo. Moacir, como está o andamento da obra do canal? perguntou Silveira cofiando a ponta do bigode
- Se não tivesse ocorrido a tromba d'água, já teria terminado, senhor, mas acredito que ainda demore mais um mês.
- Tudo bem, então assim que terminar a obra virei buscá-lo para treiná-lo em vendas. Vocês vão gostar do que terão de fazer...

No dia seguinte Silveira mandou arrear o seu cavalo e saiu pelas redondezas para procurar as pessoas que quisessem plantar em suas terras. Eram as mesmas que antes haviam trabalhado para ele, alguns não quiseram voltar porque já estavam empenhados com terceiros.
Silveira negociou com cada um deles, ofereceu-lhes além da terra, as ferramentas necessárias, arado, enxada, machado e animais para puxar os arados. Nenhum proprietário estava oferecendo tantas facilidades quanto ele, e assim ele conseguiu fazer os acertos que queria.

À noite Silveira relatou as negociações que havia feito com Ubiratan e Moacir para Ana Luiza e ela achou que ele tinha sido por demais benevolente.
Silveira lhe mostrou que era um bom negócio para todo mundo, porque se não conseguisse reerguer a firma, todos sairiam perdendo, com certeza teria que vender os próprios escravos para saldar a dívida.
Aproveitou a oportunidade e sutilmente disse que não era a hora certa para levar a escrava, porque não havia alojamento para ela, que não tinha nem cama nem colchão, e assim foi emendando desculpas para não levá-la.
Ela ouviu com paciência e foi rebatendo todos os argumentos com outros e dizendo no final que a ida dela tinha sido parte do acordo entre ambos para que ela ficasse exclusivamente na Fazenda da Solidão enquanto ele estivesse no Rio de Janeiro. Fazendo-se de contrariado e vencido, Silveira assumiu o compromisso de também levá-la.

                                              (continua no próximo capítulo )
elzio
Enviado por elzio em 19/03/2013
Reeditado em 23/05/2013
Código do texto: T4196309
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