Tentação (parte XXIII )
( continuação do capítulo anterior )
( continuação do capítulo anterior )
Silveira seguia margeando o Rio Pirapetinga para chegar à Fazenda da Solidão.
Estava contente por voltar e ter vendido tanto material, isto o deixava tranquilo, lhe dava confiança de que conseguiria levantar a firma e manter a fazenda produtiva. Ele que ficara tão abalado por ter encontrado a importadora quase à falência, o desempenho que teve em vendas, sozinho, fez com que renovasse a esperança de que tudo poderia ser resolvido com bom senso.
Enfim chegaram, estava ansioso por tomar um banho, colocar um pijama limpinho, matar a saudade de Ana Luiza e das crianças.Naquele pouco tempo em que se manteve afastado, mergulhado nas incertezas, é que pode avaliar como é importante a presença da família. É com os familiares que a gente divide as nossas dúvidas, conta as angústias, e divide as preocupações. Até no afago que se faz nos filhos, pensou Silveira, são dissipadas as nossas dúvidas... Porque é neles que nós nos renovamos, buscando forças para suprir todas as suas necessidades. Foi pensando nisso que Silveira chegou à Fazenda da Solidão.
Já passava da hora da ladainha, quando apearam dos animais no curral da fazenda. A cachorrada cercou os dois fazendo uma enorme recepção. Silveira estranhou porque a casa estava toda mergulhada na escuridão, sem nenhuma movimentação.
Ubirajara chegou e o saudou:
- Senhor Silveira, voltaram cedo, esperávamos que demorasse mais algumas semanas... Se voltaram logo é porque tudo está correndo bem...
- Correu tudo bem, graças à Deus, onde estão minha mulher e meus filhos?
- Estão na Fazenda das Pedras. Uns três dias depois que os senhores viajaram, o senhor Adalberto esteve aqui e a dona Ana Luiza, no dia seguinte, pegou as crianças e foram para lá.
- O que houve, a velhinha piorou?
- Eles não comentaram, patrão, simplesmente se foram...
- Pelo menos levaram Maria Rosa?
- Não senhor, Maria Rosa ficou.
- Tudo bem, então pede à ela, Ubirajara, para preparar um banho para mim. Pede para ela colocar uma água morna, bem esperta, para que eu possa descansar; meus músculos estão todos doloridos pela viagem.
- Está certo, patrão, pode deixar que ela vai providenciar.
Silveira entrou na casa vazia e sentiu um frio na boca do estômago. Estava cansado e com fome, queria ter Ana Luiza ali junto a ele para ouvir tudo o que ele tinha a dizer...
Com certeza o senhor Adalberto precisou dos seus préstimos, talvez a avozinha tivesse piorado e não houvesse mais ninguém para lhe dar apoio. Aquele modo de pensar do sogro é que dificultava tudo, ele poderia ficar com a Maria Rosa, que lhe daria o suporte, mas por seu preconceito, dispensava a ajuda. E se lembrou de suas palavras, quando lhe disse que Maria Rosa não era preta.
- Escapou de branco, preto é... E quando não sujam na entrada, sujam na saída...
Silveira sentiu novamente aquela repulsa que tinha sentido do sogro, só que agora em dose maior, porque lhe tinham levado Ana Luiza e as crianças.
Estava ainda com sentimento de repulsa quando Maria Rosa interrompeu seus pensamentos.
- Venha que vou lhe dar um banho, patrãozinho, a água está quentinha...
Maria Rosa levou Silveira, puxando-o pela mão para o banheiro, não deixou que ele falasse:
- Psiu... Não fale senão quebra o encanto...
No banheiro, as velas iluminavam o ambiente, refletindo na água morna da banheira, figuras coloridas. Havia no ar um doce cheiro de alfazema.
Maria Rosa tirou peça por peça, as roupas de Silveira, ele entrou na banheira e ela o esfregou com a esponja macia e espumosa, o corpo cansado de Silveira se relaxou, mas as energias de Silveira se refizeram e ele a puxou para dentro da banheira...
E no meio da espuma, escorregando suas mãos pelas coxas e peitos, fez aquelas ancas se mexerem...
A tentação novamente venceu...
( continua no próximo capítulo )