Chão de vidro
As vezes ela cruza meu caminho, e me faz companhia uma vez ou outra. Vivo esbarrando nela pelas esquinas que me sucedem no caminhar incerto. De vez em quando, ela atravessa na minha frente, e eu acabo tropeçando em meus próprios passos em percalços provocados pelo seu caminhar de outrora.
Seu sussurro ao pé do ouvido, bagunça e embaralha tudo aqui dentro. Minha mente dá voltas e nas reviravoltas acabo me afogando em meu próprio silêncio. Meu grito se perde em meio ao eco, minha voz embarga, meus pés trêmulos, feridos, colorem o chão de vidro estilhaçado pela Senhora Insegurança, que carrego em meus passos. E que por vezes se desprende de mim, vai e logo retorna trazendo consigo suas manias nas esquinas seguintes.
Quem sabe em uma dessas eu acabo encontrando o meu lugar, e um novo caminho para trilhar, sem que ela decida por mal ou bem me acompanhar. Quem sabe ela se perca de mim, e me deixe partir sem marcar de forma tão insegura o meu caminhar sobre os estilhaços do que outrora fora meu caminho, meu chão de vidro.